AgronegócioDestaques

Com três semanas de atraso e a qualidade comprometida, colheita da soja é encerrada em MS

A colheita da safra da soja 2022/23 foi finalizada em Mato Grosso do Sul nesta semana, segundo informou a Associação de Produtores de Soja (Aprosoja), através do boletim de acompanhamento do Projeto SIGA-MS divulgado na terça-feira (25). Como já era previsto, houve atraso de três semanas na conclusão da operação, levando em comparação o tempo médio das últimas cinco safras.

O boletim aponta que esse atraso é consequência da queda nas temperaturas durante os meses de novembro e dezembro de 2022, o que alongou o ciclo da cultura em mais de 10 dias. Além disso, a partir da segunda quinzena de janeiro de 2023, foram registradas muitas chuvas no período de enchimento de grãos, o que impactou no alongamento do ciclo, inviabilização da dessecação, aumento da umidade dos grãos e atraso da entrada das máquinas nas lavouras.

Dados do CEMTEC indicam que entre o dia 23 de janeiro, quando a operação de colheita foi iniciada, até o dia 21 de abril, os pluviômetros de Mato Grosso do Sul já tinham registraram 32.776 milímetros de chuva, com destaque para São Gabriel do Oeste, Ponta Porã e Bataguassu, com 986, 913 e 911 mm, respectivamente.

O ciclo de soja 22/23 encerrou sem quebra de safra, diferente do ocorrido no ano anterior, contudo, a qualidade dos grãos foi comprometida. “A elevada umidade, as altas temperaturas e a ação de microrganismos no estádio final da cultura contribuíram para a redução da qualidade dos grãos nas regiões com maior volume de chuva”, explicou o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi.

A estimativa inicial aponta para um acréscimo de 2,5% na área cultivada, atingindo 3,8 milhões de hectares, com produtividade média de 58 sacas por hectare e produção de 13,378 milhões de toneladas. Os dados finais do ciclo estão em apuração e serão divulgados na segunda quinzena de maio, pela equipe técnica do Projeto SIGA-MS.

2ª Safra

Por conta do atraso na operação de colheira da soja, a semeadura do milho 2ª safra também foi atrasada. Com isso, 54% da área de milho foi semeada fora da melhor janela, ou seja, essas lavouras apresentam maior risco de susceptibilidade às intempéries climáticas, como estiagem, geada e queda de granizo.

“Grande parte das lavouras ainda está no período vegetativo e até o momento, temos 95% das áreas em bom estado de desenvolvimento e 5% em condições regulares. A Região Sul é a que apresenta maior nível de áreas regulares, com 19%. Porém, considerando o estádio fenológico das plantas e as condições climáticas, o fechamento da safra ainda é incerto”, salientou Dobashi.

De acordo com a média histórica dos últimos cinco anos, a expectativa inicial é de que a safra do cereal atinja uma área de 2,3 milhões de hectares, 5,39% acima que o ciclo anterior; com produtividade de 80,33 sc/ha e produção de 11,206 milhões de toneladas.