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Com tinta feita de cinzas, mural em prédio de Campo Grande homenageia líder indígena e brigadistas

Os incêndios que estão destruindo o Pantanal Sul-mato-grossense neste inverno foram a inspiração para um artista muralista em Campo Grande. Usando tintas fabricadas a partir das cinzas extraídas da queima de florestas, Victor Macaulin está retratando a imagem da Dona Maria, conhecida liderança indígena da Aldeia Mãe Terra de Miranda, e também um brigadista no combate aos focos.

O trabalho iniciou-se nessa quinta-feira (04) na chamada parede empena, parte lateral de um edifício que não possui janelas ou aberturas. O prédio residencial de moradia popular, constituído por quatro andares, está situado no bairro Aero Rancho. O mural faz parte de um projeto chamado ‘Cinzas da Floresta’ e é parte da programação do Festival Parede Viva, que está sendo realizado pela primeira vez em Mato Grosso do Sul.

A tinta usada no mural foi feita a partir das cinzas coletadas durante os meses de maio a julho de 2024 de queimadas de todo o Brasil. Para isso, foi realizada uma articulação com brigadas florestais, com apoio da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV). As cinzas foram coletadas em seus biomas e enviadas para a equipe do projeto.

Conforme a explicação da organização do projeto, depois da coleta, para chegar às tintas, são peneiradas em um processo que cria tonalidades como uma grande aquarela, com graus de diluição variados para contornos e cheios, e a posterior aplicação de um verniz solúvel em água.

Parte do processo de fabricação das tintas foi registrado no documentário “Cinzas da Floresta”, dirigido por André D’Elia. O filme acompanha uma viagem de Mundano, em 2021, por um Brasil em chamas para coletar as cinzas e produzir a tinta que foi usada em uma nova obra, “O Brigadista da Floresta”, em São Paulo, que deu origem ao projeto.

Programação

Além da pintura, também serão realizadas oficinas com atividades de arte e educação, direcionadas a alunos de escolas públicas do entorno das empenas. Na capital, a oficina acontece em três etapas:

  • Exibição do filme “Cinzas da Floresta”, seguida de debate e oficina de pintura com as cinzas no mural da escola;
  • Visita à empena pelos alunos participantes;
  • Avaliação das atividade