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Circo exibe peça teatral com conteúdo sexual para plateia repleta de crianças em cidade de MS

Era para ser divertido, engraçado, um autêntico passeio em familia, porém, o que se viu foi crianças sem entender nada e adultos apavorados diante de algo que não esperavam. Uma peça teatral realizada na cidade de Amambai terminou em um registro policial e as imagens do dito espetáculo foram parar nas redes sociais, ganhando notoriedade e gerando uma ampla corrente de manifestação contrária e de revolta.

A apresentação artística, no caso, trouxe para o público conteúdo inadequado para menores de idade, inclusive com cenas que se assemelham ao sexo, além de nudez. Em uma das cenas que gerou mais revolta aos pais e demais pessoas que pagaram para ver a peça teatral, um homem aparece seminu, usando somente uma fralda branca, fantasiado de cupido. Ele percorre o palco e chega a senta no colo de uma pessoa que estava na plateia junto de sua esposa e filhos, menores de idades.

No vídeo que viralizou é possível ver várias pessoas deixando o espaço onde a peça acontecia, principalmente carregando crianças para fora por não concordarem com a exibição. No caso da família citada, o personagem cupido chegou a dar um beijo no rosto do pai da família, enquanto que ele chamava os filhos e a esposa para irem embora. É notado pelo semblante a revolta dele para com os fatos ocorridos ali.

Pessoas que foram ver a peça usaram as redes sociais para reclamar. Entre essas está uma mulher, que não terá o seu nome divulgado por esta reportagem, que levou a filha de 11 anos para ver a apresentação acreditando se tratar de algo mais cultural infanto-juvenil. “Aí você leva sua filha de 11 anos no circo, um cara seminu fazendo movimentos obscenos, depois uma espécie de ritual, meu Deus!!! Revoltante, o que está acontecendo!??? O que querem com nossas crianças???”, postou.

De acordo com divulgações do evento, o ingresso para assistir ao espetáculo no ginásio municipal de esportes custou R$ 25 para arquibancada e R$ 35 para o camarote. A Polícia Civil de Amambai disse, em nota, que o show tinha conteúdo impróprio para crianças “sem qualquer indicação de faixa etária em suas divulgações”. Além dos registros de boletim de ocorrência por importunação sexual e ato obsceno, oitivas dos artistas envolvidos serão feitas. A investigação seguirá em segredo de Justiça.

Prefeitura diz que não tem ligação com o ocorrido

Diante da repercussão do fato, o prefeito de Amambai, Edinaldo Bandeira, compartilhou um vídeo nas redes sociais dizendo que irá tomar as medidas cabíveis.

Em sua explicação, ele pontuou que a Secretaria de Cultura foi procurada por um grupo que disse ser de um circo e que alugou o espaço de evento particular para realizar uma apresentação teatral. 

“Esse evento desastroso, desrespeitoso, principalmente com nossas crianças e adolescentes e toda plateia que estava lá não tem qualquer tipo de favorecimento, de patrocínio e muito menos o apoio da Prefeitura de Amambai”, afirmou.

Veja o vídeo divulgado pelo prefeito clicando aqui.

 E o caso parou até mesmo na ALEMS

O episódio acabou sendo alvo de discursos na sessão ordinária desta terça-feira (14) da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). O deputado estadual Rafael Tavares (PRTB) usou a tribuna e criticou a apresentação circense.

“As imagens que recebi no meu WhatsApp foram preocupantes, crianças presentes no espetáculo vendo apresentações que considero absurdas. Nosso gabinete oficiou a prefeitura de Amambai para saber o motivo dessa apresentação, pois muitos familiares nos procuraram para saber quem é o responsável pelo apoio por esse evento, como se deu o apoio, e o que a gestão municipal de Amambai fará para responder ao cidadão”, relatou.

O deputado Paulo Corrêa (PSDB) explicou que entrou em contato com o prefeito municipal de Amambai, Ednaldo Luiz de Melo Bandeira. “Soube que não há apoio algum da prefeitura municipal de Amambaí. Tivemos o cuidado eu e o deputado Zé Teixeira [PSDB], de verificar essa questão que também chegou até nós e não há apoio financeiro algum. Há lisura no procedimento da gesetão municipal. E isso pode acontecer com qualquer prefeitura, pois as manifestações culturais são diversas e plurais”, destacou.

O que diz a organização

O site Enfoque MS não conseguiu entrar em contato com a organização do show circense. Pelas redes sociais, o grupo divulgou uma nota de agradecimento pelo público que esteve na apresentação na cidade de Amambai e também compartilhou mensagens de apoio que recebeu em meio a toda polêmica, inclusive, com pedidos para que haja uma nova exibição do show.

Para um site de notícias de Campo Grande, os responsáveis disseram que se sentiram ‘chateados’ com a situação e ponderou que “a maldade está nas pessoas”. Ainda segundo a explicação deles, a participação do cupido dura cerca de 10 minutos, na qual o ator entra em cena com outro palhaço. Na peça, o palhaço é visto triste até que o cupido aparece e tenta fazer de tudo para alegrar o palhaço.

Ao site, a organização destacou que a intenção era apenas que as pessoas se divertissem, além disso, a imagem do cupido está apresentado no folder de divulgação e também em vídeos disponíveis no perfil oficial do grupo.

Grupo também foi multado pela PMA

Dono de circo é multado em R$ 47 mil por usar animais em atrações e cobras são resgatadas
Serpentes foram recolhidas – Divulgação/PMA

Além da polêmica envolvendo a peça teatro, o grupo ainda foi multado e autuado pela Polícia Militar Ambiental (PMA) por usar cobras em suas atrações, o que é proibido por lei estadual.

Conforme a PMA, os militares souberam do uso dos animais e foram até o circo, onde encontraram uma jiboia de 1,2 metro e uma píton, de 1 metro.

Os animais foram recolhidos. Na ocorrência, a empresa alegou que não sabia da proibição de uso dos animais nas apresentações no Estado. Ainda conforme a PMA, a proibição consta na lei estadual 3.642/2009.

“Fica proibida, em todo o território do Estado de Mato Grosso do Sul, a apresentação de espetáculo circense ou similar que tenha como atrativo a exibição de animais de qualquer espécie”, diz o artigo 1º.

Além disso, as cobras também não tinham qualquer documentação. Os animais foram apreendidos e serão encaminhados ao Cras (Centro de Animais Silvestres), em Campo Grande.