Campo-grandenses compartilham relatos de abuso sexual usando a #exposedcg
Relatos impressionantes estão sendo publicados na rede social Twitter desde o início desta semana por adolescentes, jovens e adultas no qual descrevem situações de abuso, assédio e violência cometidos pelos seus companheiros, ex-companheiros e conhecidos. A #Exposedcg é dedicada exclusivamente para as mulheres campo-grandenses e ganhou proporções nacionais, chegando a ficar entre os assuntos mais comentados do País na noite de segunda-feira (1º).
Nas postagens, as vítimas delatam os nomes de seus ex-namorados, detalham as agressões físicas e psicológicas que sofreram durante o relacionamento e até mesmo situações de abuso e estupro praticados por familiares ou colegas de trabalho.
De acordo com a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, algumas pessoas já procuraram as delegacias de polícia para registrar boletins de ocorrência à respeito, tanto as vítimas quanto aqueles que foram citados nos depoimentos.
Pelo menos quatro perfis no Twitter dizem ser destinados a compartilhar depoimento de mulheres campo-grandenses vítimas da violência e exploração sexual. As usuárias do microblog mandam suas histórias através de mensagens diretas e, em seguida, os textos são publicados.
Entre as acusações expostas, há denuncias contra professores de escolas públicas e particulares, empresários, colegas de classe e amigos de conhecidos. “Acabou com meu psicológico, eu tentei tirar minha própria vida por causa das mentiras que ele inventou, tudo pq eu n aceitei ficar com ele, n foi um abuso físico, mas foi um abuso mental! NOJO #exposedcg”, delatou uma estudante. (*extraído do original, sem alteração, mas preservando a identidade dos envolvidos).
“#exposedcg espero que isso encoraje mulheres. set/2019 eu tava numa festa na casa do meu melhor amigo e por volta das 4am fui DORMIR no quarto oq era normal de acontecer, 6am ACORDO com uma mão passando pelo meu corpo por dentro da minha roupa e um corpo encostado/colado no meu++”, escreveu uma mulher.
Uma estudante delatou o professor de uma escola pública de Campo Grande que teria tentado ficar com ela à força. Confira:
Orientação
De acordo com a Polícia Civil, as vítimas devem procurar a delegacia para denunciarem os fatos. Os registros podem ser feitos em quaisquer delegacias, em especial na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) e Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), além da Delegacia Virtual.
Ainda conforme a orientação, as denúncias podem ser feitas até 20 anos após o ocorrido, no caso da vítima ter sido crianças ou adolescentes os crimes prescrevem 20 anos após a vítima completar 18 anos de idade.
A PC também recomenda o cuidado com denúncias pela internet e redes sociais, já que os denunciados podem recorrer judicialmente, com processos de calúnia e difamação devido a falta de provas, por exemplo. Neste sentido, vários homens já procuraram a polícia em Campo Grande para registrar queixa de falsas acusações.
Em 2019, conforme os dados disponibilizados no Mapa do Feminicídio de MS, a cada mês 130 mulheres registraram boletim de ocorrência por estupro no estado. Das 1.562 vítimas que denunciaram crimes de estupro, 788 foram crianças de 0 a 11 anos, 646 eram adolescentes e 127 já estavam acima dos 18 anos.