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Campo Grande foi destino final do primeiro voo de uma Aeronave Remotamente Pilotada da FAB

Pela primeira vez, um veículo não tripulado foi usado em uma operação militar pela Força Aérea Brasileira (FAB). O feito aconteceu na sexta-feira (24), quando um drone militarizado deixou a Base Aérea de Santa Maria (BASM – RS) e pousou em Campo Grande, sobrevoando uma distância de quase 1 mil quilômetros.

Conduzida pelo 1º Esquadrão do 12 Grupo de Aviação (1°/12° GAV – Esquadrão Hórus), a operação foi de grande complexidade, já que o veículo é controlado por satélite e está suscetível às condições do tempo. As coordenações foram revezadas nas bases de Santa Maria (RS), Brasília (DF) e Campo Grande.

Conforme a FAB, o equipamento decolou da cidade gaúcha às 3h05min da manhã no horário local, após uma equipe de mantenedores realizar a preparação da aeronave. Os tripulantes realizaram o controle com um link em linha de visada, isto é, utilizaram uma antena de solo apontada diretamente para a aeronave, o que permitiu o comando remoto durante todas as fases.

Depois disso, uma tripulação assumiu o controle do RQ-900 a partir de Brasília (DF), desta vez por link satelital, executando a pilotagem remota até o aeródromo de Campo Grande. Antes do início dos procedimentos de descida para pouso, uma tripulação local assumiu o comando do drone, em linha de visada, “realizando um pouso suave e com segurança”, diz a nota do FAB.

Campo Grande foi destino final do primeiro voo de uma Aeronave Remotamente Pilotada da FAB
Equipe em Brasília controlou parte do voo do drone (Foto: FAB/Divulgação)

Até então, as missões não tripuladas conduzidas pela Força Aérea, ainda que tivessem grande alcance devido ao controle realizado por satélite, restringiam-se a decolagem e pouso sempre no mesmo aeródromo. Para o comandante do COMAE, Tenente-Brigadeiro do Ar Heraldo Luiz Rodrigues, este voo consolida a operação de Aeronave Remotamente Pilotada no Brasil, iniciada há pouco mais de uma década pelo Esquadrão Hórus. “O traslado permitiu a redução de custos e ampliação da capacidade de pronta resposta do RQ-900 na tarefa de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR)”, acrescentou o Oficial-General.

Neste sentido, o Comandante do Esquadrão Hórus, Tenente-Coronel Aviador Ricardo Starling Cardoso, ressaltou, com muito orgulho, o feito inédito realizado. “Esse voo entrou para a história como um avanço na operacionalidade da FAB com relação ao emprego de sistemas não tripulados. Demonstrou a capacidade de mobilizar e reposicionar a aeronave para operar a partir de uma nova base de desdobramento e em um curto espaço de tempo”, concluiu.

Esquadrão Hórus

O Esquadrão foi criado em 2011, na Base Aérea de Santa Maria com o objetivo de operar as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), como também são chamados os Veículos Aéreos Não-Tripulados (VANT) na Força Aérea Brasileira, realizando missões de Controle Aéreo Avançado, Posto de Comunicações no Ar, Busca e Salvamento em Combate (C-SAR) e Reconhecimento Aéreo.

A operação de uma ARP necessita de sistemas em solo que permitem o controle, a telemetria e a recepção das imagens por meio de um sistema de enlace de dados, sendo as aeronaves comandadas por aviadores com experiência em aviões e helicópteros de combate, além de conhecimentos em missões militares e regras de controle do espaço aéreo.

Em 2014 o Esquadrão passou a operar as aeronaves RQ-900 Hermes, que possuem capacidade de operação em média altitude e longa duração. Equipada com o sensor eletro-ótico e térmico DCoMPASS, com câmera colorida de alta definição, sensor de visão infravermelha e iluminador e designador de alvos a laser, essa aeronave possui também o sistema eletro-ótico SkEye, um conjunto de 10 câmeras de alta resolução que permite a vigilância de várias áreas simultaneamente, com transmissão de dados em tempo real. O RQ-900 Hermes voa a mais de 9.000 metros de altura e tem autonomia superior a 30 horas.

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