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Campo Grande deve ter ‘Dia do Perdão’ incluído no calendário oficial de eventos

Inspirada em uma lei nacional, Campo Grande também terá no calendário oficial de eventos municipais o Dia do Perdão. Pelo menos é isso o que propõe um Projeto de Lei (PL) em tramitação na Câmara Municipal e que será votado e discutido em plenário pela primeira vez na sessão ordinária da terça-feira (24).

A proposta é bem simples, estabelece a inclusão do Dia do Perdão sendo a data celebrada anualmente no dia 30 de agosto, a mesma já definida pela legislação federal. Na justificativa, a proposta cita que o objetivo é promover uma reflexão crítica acerca de determinados problemas sociais que afligem a sociedade brasileira.

“Nas últimas décadas, temos presenciado em nosso país um recrudescimento da violência, sobretudo em nosso município”, escreveu o vereador Ronilço Guerreiro (PODEMOS), autor da proposta, destacando que no calendário das efemérides municipais nem todas as datas representam motivo de júbilo e comemoração.

“Ao ritmo alucinado da vida moderna e as dificuldades nos relacionamentos interpessoais, intensificados pela presença da violência no dia a dia da população, contribuem para o notório aumento do volume de consultas, tratamentos e até internações de pessoas que sofrem com sintomas de depressão, estresse, doenças cardiovasculares, entre outras”, cita.

A justificativa continua, frizando que “a retenção de mágoas, rancores e desesperanças é particularmente perigosa para o bem-estar coletivo. O caminho para superar essas situações é incentivar e cultivar o exercício e a prática do perdão. O perdão é um mecanismo que proporciona a quem foi prejudicado(a) a sensação de paz”.

Lei federal tem origem trágica

A Lei Federal que trata do Dia Nacional do Perdão foi sancionada no dia 19 de agosto de 2017 pelo então presidente da República, Michel Temer (MDB), publicada no dia seguinte no Diário Oficial da União (DOU). O projeto foi aprovado em abril de 2015 na Câmara e somente no dia 28 de agosto de 2017 pelos senadores.

A proposta original é assinada pela ex-deputada Keiko Ota (PSB-SP), que escolheu a data em alusão ao dia da morte de seu filho, Ives Ota, sequestrado e assassinado aos 8 anos, em 1997. O objetivo era de propor uma reflexão sobre o tema, além de ressaltar a luta de diversos movimentos sociais e parentes por justiça.

Ela e o marido, Masataka Ota, fundaram, em 1997, o Movimento Paz e Justiça Ives Ota. “Lembro a memória de meu filho, Ives Ota, sequestrado e assassinado brutalmente aos 8 anos. Eu e meu marido, Masataka Ota, perdoamos aqueles que causaram esse mal à minha família”, destacou a deputada, na época da sanção da lei.

No Senado, atuou como relatora a então senadora Simone Tebet (PMDB-MS), que na época comentou ser um projeto importante e singelo por promover o perdão em um momento de “divisões e muros”. “Defender o Dia do Perdão soa como um processo de reconstrução da sociedade, em sua base mais elementar, quanto à solidariedade e a irmandade”, descatou.