Cabo da PMA que matou homem em cinema de Dourados tem a prisão decretada
O policial militar ambiental Dijavan Batista dos Santos, de 37 anos, teve a sua prisão preventiva decretada nesta quarta-feira (10), após passar pela audiência de custódia, em Dourados. A defesa já prepara um pedido de habeas corpus com base na tese de que ele teria agido em legitima defesa.
Na decisão, o juiz responsável Eguiliell Ricardo da Silva, da 3° Vara Criminal de Dourados, levou em consideração o fato do crime ter acontecido em “uma sala de cinema lotada de pessoas no período vespertino e em uma sessão de filme destinado ao público jovem, sendo período de férias onde, por lógica, as sessões ficam mais cheias de crianças e adolescentes”.
Silva também colocou na sua decisão possível motivo fútil para o assassinato de Júlio César Cerveira Filho, de 43 anos. Segundo a investigação, os dois homens brigaram após discutirem por conta de um assento na sala de cinema. Ambos estavam acompanhado de seus filhos, todos menores de 18 anos. No momento do ocorrido havia 150 pessoas no local.
O juiz colocou ainda que o militar tem indícios de periculosidade social. “Tudo isso estaria a indicar a periculosidade social do autuado, policial militar, cujo comportamento esperado é de equilíbrio e discernimento quanto à necessidade de se efetuar disparo de arma de fogo dentro de um local com grande aglomeração de pessoas, com possibilidades de saída restritas”, disse.
Segundo a polícia, Dijavan será transferido para o Presídio Militar de Campo Grande, onde aguardará o julgamento que definirá a sua sentença. A transferência não tem previsão para acontecer, já que depende de uma vaga. Apesar de ser policial, ele tem passagens por outros crimes na polícia, como violência doméstica ocorrido em 2011.
Também nesta quarta-feira, o advogado da família de Júlio Cerveira, Pedro Teixeira Silva, distribuiu nota à imprensa pedindo respeito ao luto. “Diante da brutalidade do ato trágico ocorrido, a família informa que não irá se pronunciar por ora, de forma que pedimos respeito ao luto”, diz parte do comunicado.
O caso
Dijavan matou Júlio Cerveira, de 43 anos, dentro de uma sala de cinema do Shopping Avenida Center, em Dourados, na tarde de segunda-feira (08). No seu depoimento, relatou que estava com os filhos de 10 e 14 anos para assistir a um filme quando, já dentro da sala de cinema, a vitima teria passado a abrir e fechar braços e pernas atingindo a criança de 10 anos. Ele então interveio e pediu para que o sujeito parasse, trocando de lugar com o filho e deixando um assento vago entre as famílias.
Posteriormente, a vítima teria xingado o grupo e, após se levantar para deixar a sala de cinema, deu um tapa na criança de 10 anos. Júlio estava acompanhado da filha, de 14 anos. Após ver a agressão, Dijavan avisou que iria chamar a polícia, mas foi agarrado pela vítima, entrando em luta corporal. Neste momento, o policial identificou-se como cabo da PMA e retirou o revólver, uma pistola calibre .40, sem registro.
Júlio teria tentado desarmá-lo, derrubando Dijavan, que revidou atirando contra o sujeito. O tiro acertou o peito e transfixou no pescoço. Júlio não resistiu e morreu no local, antes mesmo da chegada do socorro médico, que foi acionada pelo cabo, ainda conforme a sua versão.
Policial alega legitima defesa
No depoimento, o militar alegou que foi provocado e xingado por Júlio, que o chamou de ‘ridículo, babaca e cuzão’. Após Dijavan dizer que iria chamar a polícia. Júlio o respondeu afirmando que “iria sair daquela bosta”. Quando se levantou e atravessou a fileira de poltronas deu um tapa no rosto da criança. Diante do ato, o militar se levantou e gritou para ele: “você está louco? Você vai bater no meu filho” e sacou a arma.
Ao ver a pistola, Júlio o empurrou e o PMA caiu no chão. Neste momento, segundo a versão dele, a arma disparou acidentalmente e acertou o peito da vítima, transfixando no pescoço. Júlio morreu na hora. O policial disse que acionou o socorro médico imediatamente, mas quando o SAMU chegou à vítima já havia falecido.
De acordo com o delegado Rodolfo Daltro, responsável pelo caso, a pistola .40 usada no assassinato não era registrada e não pertence a corporação militar. No depoimento, Dijavan disse que a arma era herança de família. Questionado sobre o motivo de estar andando armado no shopping e ao lado dos filhos menores de idade, o PMA não soube esclarecer com clareza. A filha da vítima ainda não prestou depoimento.