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Briga por dinheiro sacode campanha de Pedro Kemp na reta final das eleições

Com pouco mais de 15 dias para a realização do pleito eleitoral, a candidatura do deputado estadual Pedro Kemp (PT) ao cargo de prefeito de Campo Grande foi estremecida por uma crise interna no partido, mais especificamente, por diferenças na distribuição do dinheiro (fundo partidário) aos candidatos a vereador da legenda – é aquela clássica história onde uns recebem mais enquanto outros apenas estão lá para cumprir as normas eleitorais e nada ou pouco ganham (R$).

Kemp, já com os nervos aflitos por conta da campanha que agora entra na sua reta final, foi surpreendido pela candidata a vereadora Karla Cânepa (PT) e seu grupo de lideranças políticas, que o gravaram durante uma complicada conversa entre eles para esclarecer a origem e a distribuição da ajudinha de custo da campanha. O parlamentar e candidato a prefeito se revela ali um homem descontrolado, tomado pela falta de paciência cujo o diálogo pacífico demonstra ser uma prática desconhecida por ele.

Aos berros, Pedro Kemp faz uma série de ameaças, exigências e ofensas verbais contra a mulher, que permanece sentada na sua frente o tempo todo sem rebater. O vídeo, gravado pela câmera de um telefone celular e depois compartilhado pelas redes sociais da irmã de Karla, Thiago Cânepa, é possível ver claramente que o deputado rasga um papel entregue pela postulante e depois a chama de cínica. A impressão deixada é que, se não fosse a intervenção dos assessores, Kemp teria partido para a agressão física.

Visivelmente alterado, o candidato a prefeito pelo PT cita: “Você é uma irresponsável, você vai retirar essas palavras que você colocou no grupo”. “Cínica, você é uma cínica”. “Você vai colocar uma retratação no grupo”. “Eu tô por aqui de você ficar falando de mim”.

De acordo com a versão de Thiago Cânepa, Pedro Kemp teria ‘invadido’ o escritório de campanha de sua irmã acompanhado por três assessores e exigiu e tentou forçá-la a excluir do grupo de whatsapp dos candidatos a vereadores do PT as informações divulgadas pela transparência do TSE com os valores do fundo partidário, algo em torno de 500 mil reais, que favorecem apenas 8 dos 43 candidatos a vereadores do PT em Campo Grande.

“Em nenhum momento houve agressividade pela minha irmã ou por seu grupo, formado por representantes das favelas, povos de terreiro, produtores rurais, mulheres, jovens, gays, artistas de ruas, profissionais do sexo e negros, que estavam em reunião de campanha no momento da invasão do sr Kemp. Todos nós familiares estamos abalados, incluindo meus sobrinhos de 5 e 13 anos que choraram ao assistir os vídeos de sua mãe sendo agredida”, cita ele na publicação do vídeo na rede social Facebook.

Pedro Kemp já emitiu uma nota de explicação sobre o ocorrido. Na versão ele, Karla estaria promovendo ‘clima de desconfiança quanto a sua conduta moral’, fazendo falsas acusações e agredindo a sua honra e a sua trajetória publica. “Exaltei-me diante das más intenções da candidata, que reafirmava suas falsas acusações, pois durante toda minha vida pública nunca aceitei injustiças. Após feitos os esclarecimentos, inclusive que da parte dos recursos que me cabia opinar fiz a defesa da distribuição igual para todos, pedi desculpas a ela e a todos os presentes pela forma como reagi às suas acusações.”, defendeu-se.

O candidato ainda complementou que foi surpreendido 24 horas depois da conversa no escritório de campanha da candidata com a publicação do vídeo na rede social do irmão dela. “[o vídeo] Editado e mal-intencionado, que omite meu pedido de desculpas e a conclusão da nossa conversa.”, apontou ele. (Veja a nota na íntegra no final do texto).

A candidata Karla Cânepa ainda não se manifestou sobre o ocorrido. Pelas redes sociais, ela recebeu o apoio de outros candidatos a vereador de Campo Grande e também de seguidores. Defensores do candidato a prefeito Pedro Kemp e do PT também comentaram o episódio nas redes sociais e disseram que tudo teria sido armado pela postulante.

Em 2016, Karla Cânepa apareceu nas páginas da política sul-mato-grossense após alegar ter sido usada como ‘funcionária laranja’ pelo então vereador Paulo Pedra, que depois teria o mandato cassado. O irmão dela, Thiago, foi chefe de gabinete de Pedra.

Em tempos de campanha eleitoral, a discussão por dinheiro é uma prática comum no País. Candidatos e partidos sempre entram em atrito, especialmente nos últimos dias do pleito, uns querendo receber mais outros apenas querendo receber aquilo que lhe foi prometido ainda nos tempos da convenção partidária. Essas situações são exemplos claros da fraca legislação brasileira que favorece a corrupção e alimenta políticos maus caracteres. Aliados a isto estão os eleitores, que aceitam trocar o voto por gasolina.

Confira a nota emitida pelo candidato a prefeito de Campo Grande Pedro Kemp (PT):

Em face de um vídeo premeditadamente gravado e editado em torno de uma discussão interna envolvendo a condução da campanha pelo meu partido, tenho a esclarecer o seguinte:

Fui acusado pela candidata a vereadora Karla Cânepa de ser injusto com os candidatos a vereadores da nossa chapa e de promover a distribuição desigual dos recursos partidários, de forma a privilegiar uns em prejuízo dos demais. A candidata procurou estabelecer no grupo da chapa proporcional um clima de desconfiança em relação a minha pessoa, colocando em dúvida minha conduta moral e questionando minha honestidade.

A candidata, desde o início da campanha, veio reiteradamente fazendo falsas acusações a mim, a outras candidatas e a nossa candidata a vice-prefeita. Quanto a mim, agrediu minha honra e minha trajetória, construídas ao longo de 40 anos de militância no movimento dos direitos humanos e de 20 anos de atuação parlamentar, sempre em defesa da justiça e da dignidade das pessoas, em especial dos mais pobres e injustiçados da sociedade.

Fui escolhido consensualmente pelo Partido dos Trabalhadores como candidato a prefeito de Campo Grande e sempre tratei a todos os candidatos e candidatas a vereadores de forma fraterna e respeitosa. Ciente das acusações inverídicas e difamatórias da candidata, após tentativa frustrada de diálogo via telefone, avisei sua assessoria que iria ao seu encontro. Dirigi-me ao seu comitê eleitoral, local público e onde a mesma se encontrava com seus assessores, com o objetivo de esclarecer a verdade. Exaltei-me diante das más intenções da candidata, que reafirmava suas falsas acusações, pois durante toda minha vida pública nunca aceitei injustiças. Após feitos os esclarecimentos, inclusive que da parte dos recursos que me cabia opinar fiz a defesa da distribuição igual para todos, pedi desculpas a ela e a todos os presentes pela forma como reagi às suas acusações. Fui surpreendido 24 horas depois com esse vídeo editado e mal-intencionado, que omite meu pedido de desculpas e a conclusão da nossa conversa.

Reitero meu compromisso com meus companheiros e companheiras de partido de prosseguir na disputa eleitoral, defendendo um projeto de uma Campo Grande mais humana, democrática e para todos e todas.   

Pedro Kemp

Deputado Estadual e candidato a prefeito de Campo Grande

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