Bolsonaro ou Lula, saúde econômica ou a humana. Qual a sua escolha?
Em um país divido politicamente, os dois principais líderes surgem em meio ao cenário de crise de saúde pública com discursos totalmente opostos. Enquanto um opta pela garantia da economia brasileira ignorando todos os transtornos vividos por países de primeiro mundo, em especial a China e a Itália, o outro prega primeiro o salvamento da população para que, somente depois, se pense no (re)crecimento econômico. Um está no poder e precisa provar para quê foi eleito, o segundo tenta voltar ao posto que outrora ocupou, em comum está o fato de os dois serem possíveis candidatos nas eleições de 2022.
Enquanto o mundo todo acompanha a pior pandemia da história em anos, tendo matado mais de 15 mil pessoas em cinco meses, o governo brasileiro trata o vírus como uma doença qualquer, semelhante àquelas que podem ser curadas com um simples suquinho de laranja feito pela vovó. O presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), vai na contramão do que o seu próprio ministro da Saúde, o médico Luiz Henrique Mandetta (DEM), recomenda. Pede tranquilidade à sociedade mas autoriza o fim da quarentena, a volta das aulas para crianças e adolescentes e o funcionamento normal do comércio.
Bolsonaro demonstra ter mais preocupação com o futuro econômico do país em consequência da paralisação das atividades comerciais – uma das orientações tomadas pelas autoridades de saúde para evitar a aglomeração e a consequente propagação do novo coronavírus – do que com a eventual sequela da propagação do vírus no Brasil – que provocaria um verdadeiro colapso na saúde pública e mataria um número incalculável de pessoas, em especial os idosos maiores de 60 anos.
De fato, se o regime da quarentena for levado na prática pelos brasileiros (algo que não tem acontecido), muitos empregos ficariam em risco, principalmente dos trabalhadores informais que dependem do atendimento diário para comprar ‘o pão de cada dia’. Relatos nas redes sociais indicam que lojas já demitiram funcionários por conta do fechamento temporário das portas e a esperada queda nas vendas pelos próximos meses. Nos supermercados, a expectativa é que o preço de itens da cesta básica tenham um aumento significativo daqui para frente.
“O que estão fazendo no Brasil, alguns poucos governadores e alguns poucos prefeitos, é um crime. Eles estão arrebentando com o Brasil, estão destruindo empregos. E aqueles caras que falam ‘ah, a economia é menos importante do que a vida’. Cara pálida, não dissocie uma coisa de outra”, afirmou o presidente na manhã desta quarta-feira (25) aos jornalistas na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada. Veja o vídeo completo:
Na outra ponta desta corda de interesses políticos está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que figura entre os postulantes ao referido cargo no pleito de 2022. Mantendo o seu histórico de governo social, Lula usou as redes sociais para discursar no sentido contrário ao do atual presidente, colocando a saúde pública em primeiro lugar e depois um plano para salvar a economia. O político cobrou que o Estado assuma o seu papel e garanta o direito do trabalhador.
Se Bolsonaro comparou o novo coronavírus com um ‘resfriadinho’, Lula metaforizou a situação com um ataque de abelhas. “Quando você está andando e vê uma abelha, você não se preocupa porque uma abelha sozinha não faz mal a ninguém. Você vê duas e ainda não se preocupa. Mas, quando vem um enxame, você sai correndo. A quarentena é o cuidado pra evitar o enxame que será a proliferação do coronavírus”, postou ele nas redes sociais.
O Brasil não pode não aprender nada com o que aconteceu no mundo. O papel do governo é garantir o direito do trabalhador ficar em casa. O estado tem que assumir a responsabilidade. Não ficar preocupado com déficit fiscal. Primeiro salvar o povo, depois a gente cuida da economia.
— Lula (@LulaOficial) March 20, 2020
Se estivesse hoje no cargo, o ex-presidente levaria a economia brasileira ao déficit fiscal e manteria o regime de quarentena recomendado pelos órgãos de saúde. Sem poder abrir ou sem o público para poder comprar, o comércio fecharia as portas e o empresário ficaria endividado. Nesse sentido, o PT tem defendido o pagamento de benefícios salariais (os clássicos programas de bolsas assistencialistas) para aqueles que forem afetados pelas medidas da crise de saúde.
No meio desta distribuição de discursos idealistas de Jair Bolsonaro e Lula, a sociedade segue acompanhando a chegada e o crescimento do novo coronavírus no país, sentindo na pele os efeitos da doença e das medidas adotadas pelos gestores públicos que, por suas vezes, têm garantido o rico salário mensal em suas gordas contas bancárias. Com um elogiado sistema único de saúde (SUS) e ao mesmo tempo ineficaz para o tamanho populacional, o Brasil chegou ao ponto de ter que escolher entre a saúde financeira ou saúde humana.
Qual é a sua escolha?