Bebê indígena morre de fome em favela de Dourados; MPF investiga o caso
A morte de um bebê indígena de um ano e três meses está sendo investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de ter sido provocada pela desnutrição. O fato ocorreu no Acampamento Santa Felicidade, em Dourados, na última terça-feira (02).
O MPF reforça que a situação local é insalubre e completamente degradante. São 200 famílias morando na área invadida sem qualquer tipo de recurso, desse total existem 21 famílias reconhecidas como indígenas.
Nenhuma outra criança foi flagrada em condições de desnutrição no acampamento, o que torna o caso isolado. A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul (DPE) também esteve na área para estudar o caso.
A PRefeitura Municipal de Dourados emitiu uma nota à imprensa sobre o caso. Conforme consta, a família da criança é atendida pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), que é vinculado à Secretaria de Assistência Social do Município.
A mãe da criança é cadastrada e recebe o auxilio financeiro do Programa Bolsa Família e também ganha todo mês uma cesta básica do CRAS, que é repassado por meio de uma parceria com a Funai (Fundação Nacional do Índio).
“Todo histórico de atendimento à família já foi repassado ao Ministério Público Federal”, destaca a nota da Prefeitura de Dourados. O caso está sendo investigado pelas autoridades.
O deputado federal Geraldo Resende também se manifestou sobre o caso. Segundo a sua assessoria de imprensa, representantes da Igreja Católica entraram em contato com o parlamentar, que ficou estarrecido com o teor das informações e imagens da criança desnutrida antes de morrer, além de outras que também podem vir a ter o mesmo destino trágico.
A mãe do bebê disse ao deputado que o filho estava há três dias vomitando com frequência, porém, tinha esperança de que o menino iria melhorar. Na tarde do dia 02, ela chamou o SAMU, porém, o menino morreu dentro do barraco.
Ainda segundo as informações da assessoria parlamentar, a indígena tem outros três filhos de sete, oito e nove anos, e há cerca de dois anos mudou-se de Amambai para Dourados, onde convive com uma irmã que também têm dois filhos.
Sobre a alimentação, ela contou que em alguns dias toma água com açúcar para aplacar a fome. O bebê que faleceu também era submetido a essa mesma dieta, intercalando o leite e a água adoçada. As crianças maiores estudam na Escola Municipal Clori Benedetti e vivem com a merenda.