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Atirador pode ter planejado assassinato em série em Dourados

A cidade de Dourados amanheceu nesta segunda-feira (13) ainda tentando entender o que aconteceu na noite anterior. O segurança de um mercado Rosemir Fernandes de Souza, de 52 anos, matou a ex-mulher Lucineide Maria Ortega, de 51, e ainda deixou outras sete pessoas feridas, entre essas duas crianças de quatro e dez anos de idade. O atirador cometeu suicídio ao término de suas ações, em frente ao altar de uma igreja católica.

A investigação refez os passos do atirador. Conforme apurado, no início da noite ele foi de moto até a casa de Lucineide, na Rua Rangel Torres, Jardim Santa Brigida, onde tentou reatar o relacionamento extinguido há dois meses e cercado de denúncias de agressões e ciúme possessivo da parte dele.

Os dois teriam discutido. No local, outras quatro pessoas estavam sentadas na calçada fumando narguilé. Após a discussão do ex-casal, Rosemir sacou um revólver de calibre 38 da cintura e passou a atirar contra Lucineide e em todos os que estavam por perto. A mulher foi atingida nas costas e morreu no local.

Lucineide morreu com tiros nas costas disparados com quem teve relacionamento abusivo (Foto: Reprodução)
Lucineide morreu com tiros nas costas disparados com quem teve relacionamento abusivo (Foto: Redes Sociais)

As outras vítimas foram: Luzia Gonçalves Ortega, de 32 anos e sobrinha da vítima principal, baleada no tórax; Dhionatan Santos Ortega, de 20 e filho de Lucineide, baleado na perna; Beatriz Valenzuela da Costa, de 4 anos e neta de Lucineide, atingida na cabeça; e Laura Gonçalves de Paula, de 10 anos e filha de Luzia, ferida no tórax e na cabeça.

A mãe de Beatriz, que não teve a identidade confirmada, conseguiu correr do atirador, mas foi alcançada na esquina. No entanto, a munição do revólver havia acabado e Rosemir apenas deu uma ‘coronhada’ na cabeça dela e depois fugiu.

As crianças estão internadas em estado grave. O caso mais delicado é o de Beatriz, que foi transferida para a UTI neonatal do HU (Hospital Universitário). As demais vítimas foram internadas no Hospital da Vida, apenas Dhionatan já recebeu alta médica.

A segunda parte do atentado

Apos deixar a casa da ex-mulher, o atirador foi até a Rua C12, na Vila Cachoeirinha, próximo a ponte. No local, tentou matar Sônia Regina Barros Galvão, de 47 anos, que também foi a sua ex-namorada. A mulher foi atingida duas vezes no rosto e está internada em estado grave.

Depois, o assassino em série foi até o fundo de uma igreja da congregação Assembleia de Deus, localizada no Jardim Londrina, na região da Praça Paraguaia, e atirou contra a residência do advogado Teodoro Ximenes.

Segundo apurado pela reportagem, ele cuidou do processo de divórcio do ex-casal, mas teria largado o caso após desavenças. No momento dos disparos, o profissional conversava com outra pessoas dentro da residência. Os dois se jogaram no chão e não foram feridos.

O suicídio dentro da igreja

Rosemir Fernandes encerrou a sua série dentro da igreja São José, localizada no cruzamento da Avenida Joaquim Teixeira Alves com a Rua Floriano Peixoto. Lá, próximo ao altar, efetuou um disparo contra a própria cabeça e morreu na hora. O suicídio ocorreu no mesmo momento em que os fiéis recebiam a comunhão do lado de fora da igreja, através de uma fila de veículos no sistema drive-thru.

Nas redes sociais, o atirador havia compartilhado um vídeo de pregação do pastor Claudio Duarte horas antes de dar início ao seu plano de assassinatos. “Quando Deus te abençoar e te fizer brilhar os cães vão latir. Não dê atenção para eles e continue brilhando. Tem gente que não vai gostar da tua vitória, que não vai gostar da restauração do casamento, que não vai gostar do milagre, que não vai gostar do carro que você comprou, da casa que você comprou, e não se espante se essa turma que não gostar seja aquela que deveria estar torcendo por você”, cita o post.

Em março deste ano, de acordo com a polícia, Rosemir pediu para um conhecido gravar um vídeo onde anunciava que mataria cerca de cinco pessoas e depois iria se matar. De acordo com o delegado Gustavo Mussi, o crime pode ter sido premeditado. O caso será tratado como feminicídio e a investigação vai apurar o possível envolvimento de outras pessoas.

Com o assassino, a polícia encontrou a arma de calibre 38, munições intactas no bolso da calça, um telefone celular e também uma faca.

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