Assassino de Carla fez parecer, mas não existem ‘crimes perfeitos’
Não existem crimes perfeitos! Essa é a frase que ilustra bem o assassinato da jovem Carla Santana de Magalhães, de 25 anos. O cadáver dela localizado na manhã desta fria sexta-feira (03) é a peça principal de um misterioso quebra-cabeça que já está sendo montado pela Polícia Civil.
A impressão deixada pelo assassino foi de que fez o ‘crime perfeito’. Forjou um falso sequestro capturando a jovem enfrente de sua casa, na Rua Nova Tiradentes, no bairro Tiradentes, exatamente quando não havia nenhuma testemunha que pudesse identificar o veículo ou forçar um retrato-falado de suas características. Agiu como se soubesse onde ela estava ou a perseguiu sem que desconfiasse.
Por coincidência (até muita, diga-se de passagem), a câmera de videomonitoramento mais próxima do local da abordagem estava com defeito e não conseguiu capturar direito a placa do veículo, impedindo o seu rastreamento. Pelo visto, trata-se de alguém que conhece a região, sabendo dos detalhes minuciosos da rua.
Na sua agilidade em pegar apenas a jovem, o assassino ignorou até mesmo o telefone celular da vítima, que ficou caído na rua ao lado do pó de café e da máscara de proteção facial usada por ela. E assim fugiu, tomando rumo ignorado.
O falso sequestro ocorreu no final da tarde de terça-feira (30). Foram três dias de uma absurda agonia por parte dos familiares da menina. Especialmente de sua mãe, que de dentro da casa conseguiu ouvir os gritos de socorro da filha, mas quando alçou os limites do portão já não mais a viu.
Ainda para tentar ludibriar a investigação, o misterioso assassino manteve o cadáver escondido por todo esse tempo até desová-lo na mesma rua em que a capturou, há pouco mais de 100 metros de distância da casa da vítima, em frente a um empório. Foi o tio e um primo de Carla quem localizaram o corpo e acionaram a polícia.
O corpo estava nu e coberto por um cobertor fino, colorido. Quem passava na rua e via tinha a impressão de que se tratava de apenas mais um morador de rua tentando se proteger do intenso frio dos últimos dias. Na teoria, se livrou das roupas dela para tentar evitar deixar impressões digitais que pudessem levar ao seu reconhecimento.
Não havia qualquer vestígio de sangue ao redor, ou seja, o corpo foi deixado ali já para ser localizado e assim diminuir a intensidade das buscas da polícia.
A perícia identificou sinais de violência e um corte profundo na garganta, não está descartado a prática de estupro. Os exames também indicaram que Carla estava morta há dois ou três dias, no entanto, não é possível afirmar se o assassinato ocorreu dentro do veículo ou em outro local.
A mãe e amigos da vítima disseram nos depoimentos que Carla não tinha namorado, não tinha vícios e não vinha sendo perseguida por algum tipo de inimigo. No entanto, um senhor de 56 anos foi interrogado pela polícia na quinta-feira (02) após ser apontado como ex-namorado dela. O velho vinha tentando a reaproximação e Carla não queria porque, segundo os amigos, vinha ‘trocando mensagens’ com outra pessoa.
Quem matou Carla parece ter planejado todo o crime com antecedência. Nenhuma hipótese é descartada pela investigação, mas a linha principal é de feminicídio. Por enquanto, a úncia certeza que temos é que não existem crimes perfeitos e logo o culpado será revelado.