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Assassinada pelo vizinho, Carla foi vítima de um ‘ser doente’

A sociedade está repleta de pessoas ‘doentes’, no sentido de transtornos psicológicos, e o Estado não cumpre o seu papel em oferecer o tratamento adequado. A consequência desta corrente quebrada reflete no dia a dia do cidadão, que está à mercê dos surtos psicóticos de tais pessoas.

Talvez essa descrição citada no parágrafo acima resume bem o que aconteceu com a jovem Carla Santana Magalhães, de 25 anos, encontrada morta no dia 03 de julho após ser sequestrada no dia 30 de junho, na frente de sua casa, numa pacata rua do bairro Tiradentes, em Campo Grande.

Na noite de terça-feira (14), a Polícia Civil capturou o pedreiro Marcos André Vilalba Carvalho, de 21 anos, assassino confesso de Carla. Nos depoimentos apresentados por ele aos investigadores, justificativas que fogem a lógica da compreensão e partem para o status de alguém com doença mental, uma espécie de maníaco capaz de tirar a vida de qualquer um por motivos fúteis.

O sujeito informou não conhecer Carla, sua vítima fatal, mas que morava na casa ao lado há nove meses, desde quando chegou em Campo Grande após anos vivendo em Bela Vista. Foi abandonado pela mãe e pelo pai, concluiu o ensino fundamental e desde sempre atuou na construção civil como servente ou pedreiro. Solitário e alcoólatra, era um personagem pouco notado na rua onde tudo aconteceu.

Para a investigação, Marcos já vinha monitorando Carla. Ainda no depoimento, alegou que, em dada ocasião, cumprimentou a vítima de frente de sua casa com um ‘bom dia’, porém, não foi retribuído, tratando o fato (em seu próprio julgamento) como desprezo e humilhação. Sobre o crime, apresentou sofrer de amnésia e não lembrar de nada.

Foi uma denúncia anônima que levou a polícia até Marcos André. Na casa dele foi encontrado o lençol sujo de sangue, além de indícios de que uma briga teria ocorrido no local, que foi lavado para tentar esconder as manchas de sangue do chão e paredes. Sobre isso, ele explicou que usa um objeto que simula um pênis para satisfazer seus desejos sexuais e que, as vezes, acaba se machucando e escorrendo sangue. Exames irão indicar se o material humano tem o DNA da vítima.

Na delegacia, negou o envolvimento, afirmou ter ficado sabendo do crime e que até mesmo estava na multidão que acompanhou o recolhimento do cadáver, abandonado três dias depois do sumiço em um empório na esquina. A confissão ocorreu somente após o confrontamento das provas, quando soltou aos agentes que “somente eu poderia matá-la”, sem explicar o porquê.

Logo quando o corpo foi localizado, o site MS Hoje fez uma reportagem dizendo que o assassinato parecia ter sido o crime perfeito, no entanto, crimes perfeitos não existem. A prisão do autor é a prova disto. A investigação disse também que ele não utilizou nenhum tipo de veículo para raptar a moça, conforme se acreditava até então. O criminoso pode ter agido sozinho, imobilizou Carla e a arrastou para dentro de sua casa. deixando para trás o telefone celular, a máscara de proteção e o café da vítima.

Em sua residência, o assassino estuprou e furou o corpo com uma faca até cortar o pescoço, provocando a morte dela. Na sequência, escondeu o cadáver debaixo de sua cama até resolver desová-lo em frente ao empório, três dias depois. Durante todo este tempo, o assassino agiu normalmente, indo trabalhar numa obra e até mesmo fazendo compras no empório.

Lençol com sangue encontrado na casa do vizinho de Carla — Foto: Polícia/Divulgação
Lençol com sangue encontrado na casa do vizinho de Carla — Foto: Polícia/Divulgaçã

A verdade sempre aparece

Conforme a Polícia Civil, na segunda-feira (13) o Batalhão de Choque da Polícia Militar foi informado de que o vizinho de Carla seria suspeito do crime. O rapaz, então, foi abordado e com ele foi encontrado um pano com sangue, o mesmo material que havia em um lençol achado na cozinha da casa dele. Como não havia nenhum mandado de prisão contra ele, foi liberado após prestar esclarecimentos. A Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Homicídios (DEH) passou a investigá-lo, prendendo-o na sequência.

“A confissão dele não é integral. Ele diz não se lembrar de grandes trechos que são muito relevantes para a compreensão do caso. Contudo, ele diz que após ter visto a vítima passar em frente da sua casa dia 30 de junho, perdeu a memória a partir daí. Ele disse ter saído da sua casa atrás dessa moça e que na quarta-feira, ao acordar, encontrou a vítima Carla morta no assoalho do seu quarto, aí ele colocou ela debaixo da sua cama e passou esses dias, até sexta-feira, com a vida normalmente”, disse o delegado responsável pelas investigações, Carlos Delano, em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (15).

Marcos está com a prisão preventiva decretada por feminicídio, por determinação do juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. A polícia ainda não concluiu o inquérito, existe a possibilidade de uma segunda pessoa ter agido no crime já que áudios de câmeras de segurança apontam para duas vozes diferentes. O caso segue em investigação.

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