A liberdade da imprensa só vai acontecer quando a sociedade estiver livre dos falsos líderes
Em tempos de redes sociais, onde a aproximação do leitor com jornalistas e os veículos de comunicação ficou mais fácil, o debate também se tornou mais frequente e, ao mesmo tempo, muito mais agressivo. Basta a publicação de uma notícia que vai na contramão da opinião de alguém para que se inicie uma corrente de discussão e atos que promovam o chamado ‘cancelamento’ do jornal que produziu tal matéria.
O Brasil não é país mais seguro para os jornalistas, pelo contrário, está na parte de baixo do ranking. Nos últimos anos, a pauta de polícia – onde muitos profissionais denunciam traficantes e bandidos – deixou de ser ‘a mais perigosa’ para os profissionais da imprensa. De um tempo para cá, a política tem sido o grande pilar para a agressividade. Os grupos, sempre influenciados pelas lideranças políticas, não aceitam a veículação de matérias que vão contra a imagem de seu ídolo e, pela defesa deste, partem para a violência moral e até física.
Na última eleição para a Presidência da República, em 2018, o Brasil viveu um período de extremismo contra a mídia, não aceitando conteúdos que iam contra os seus candidatos, mesmo estas publicações sendo acompanhadas de provas. Até mesmo autoridades políticas, em especial o hoje presidente Jair Bolsonaro (PL), atacou e ataca a imprensa com discurssos de ódio, sátiras e falas que pregam a descredibilidade de jornais e emissoras.
A violência contra os jornalistas também acontece na cobertura de manifestações políticas, onde os participantes expulsam os profissionais da comunicação de empresas que acreditam ser contrárias aos seus políticos preferidos. Em outros casos, atrapalham a reportagem com gritos, gestos ou exibindo faixas e cartazes. O mesmo é visto nas redes sociais, onde constantemente são levantadas hashtags difamando determinadas empresas midiáticas.
Nesta terça-feira (03), é celebrado o Dia Mundial da Liberdade da Imprensa, data em que nós devemos refletir sobre a importância de um País com a sua mídia livre para trabalhar e poder mostrar a realidade na qual se vive, mesmo que isso vá contra aquilo que se acredita. Para se ter uma imprensa livre é preciso, também, ter uma sociedade livre da influência de falsos líderes, que usam o povo para conquistar poderes que irão atender apenas aos seus interesses.
Em tempo, a data foi criada em 20 de Dezembro de 1993 com uma decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas e celebra o Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e marca o dia da Declaração de Windhoek, uma afirmação feita com jornalistas africanos em 1991 afirmando os princípios da liberdade de imprensa junto com a UNESCO.