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UFMS investe R$ 300 mil em projetos de pesquisa e inovação coordenados por mulheres

Professoras e técnicas-administrativas já podem submeter propostas para projetos de pesquisa e inovação por meio do edital Mulheres na Ciência. Neste ano, serão destinados recursos de até R$ 300 mil da UFMS e do Ministério da Educação.

Segundo a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação (Propp) Maria Lígia Rodrigues Macedo, esta já é a quarta edição do edital. “Esta é uma ação afirmativa alinhada ao programa que visa a ampliação da participação feminina na liderança de projetos de pesquisa, alinhado ao Programa Sou Mulher UFMS”.

O investimento será de até R$ 10 mil em cada uma das propostas. Desde o início da ação, em 2020, 114 propostas foram aprovadas.

UFMS investe R$ 300 mil em projetos de pesquisa e inovação coordenados por mulheres

A pró-reitora destaca que um reflexo direto dessa ação da UFMS ao longo dos últimos anos pôde ser observado através do desempenho das pesquisadoras da UFMS na Chamada da Fundect para Mulheres na Ciência Sul-Mato-Grossense. Nesta Chamada, das 113 propostas aprovadas, 57 foram de pesquisadoras da UFMS (50,44%). “Vinte e seis propostas foram contratadas e, dessas, nove propostas (35%) foram de pesquisadoras da UFMS”, reforça Maria Lígia.

 Novidade

A novidade da ação para 2023 é o Cartão Pesquisa UFMS. Por meio dele, a coordenadora receberá os recursos financeiros, facilitando a aquisição de material de custeio, despesas com a contratação de pessoas jurídicas, despesas com hospedagem e aquisição de passagens nacionais e/ou internacionais. “Quando o recurso era repassado para a conta pessoal da pesquisadora, muitas vezes a aquisição de material de custeio ou pagamento de pessoa jurídica acabava sendo realizado através do cartão de crédito da pesquisadora, ficando as despesas com as taxas cobradas por sua própria conta.  Com o Cartão Pesquisa UFMS, a servidora não precisará utilizar seu cartão de crédito pessoal e estará isenta de qualquer taxa de operação do cartão”, destaca a pró-reitora.

Critérios e submissões

Para concorrer, a coordenadora da proposta deverá ser servidora efetiva da UFMS, ser coordenadora de projeto de pesquisa e/ou de inovação em andamento, cadastrado no SIGProj e aprovado pelo Conselho de Pesquisa e Pós-graduação, ter o título de doutora, ter curriculum vitae cadastrado na Plataforma Lattes do CNPq, possuir ORCiD e não ter qualquer pendência com a Propp.

As propostas poderão ser submetidas no Sigproj, em fluxo contínuo, até 28 de abril de 2024. Cada coordenadora deve submeter apenas uma proposta. Mais informações podem ser conferidas no edital, disponível aqui. Dúvidas podem ser encaminhadas para o e-mail dipeq.propp@ufms.br.

UFMS investe R$ 300 mil em projetos de pesquisa e inovação coordenados por mulheres

Experiência

Fui contemplada já na primeira edição do Edital Mulheres na Ciência, em 2020. Em todos os anos fiquei sabendo das aberturas dos Editais através dos canais oficiais de comunicação da Universidade, principalmente por e-mail institucional e portal oficial. Considero uma atividade essencial para tentar mitigar as pressões e opressões que as mulheres sofrem e sofreram desde os primórdios da sociedade humana. Atualmente há uma vasta literatura científica comprovando que a desigualdade de gênero ainda marca o contexto da ciência no Brasil. Toda pesquisa científica requer financiamento para ser executada e a esmagadora maioria das fontes de recursos financeiros para pesquisa se baseiam na produtividade acadêmica dos pesquisadores para selecionar os que terão acesso a esses recursos”, comenta a pesquisadora e curadora da coleção de Zoologia do Instituto de Biociências Liliana Piatti.

Para Liliana, as mulheres muitas vezes são impedidas de desenvolver a carreira acadêmica na mesma velocidade que homens devido à dificuldades de sobrecarga de trabalho e ou dificuldades para conciliar o trabalho familiar com o de cientista. “Diante desse cenário, uma ação institucional que priorize o acesso das mulheres a fontes nas quais elas não competem em igualdade com os homens, é uma forma de reconhecimento do valor que as servidoras possuem para a UFMS, e deveria ser mantida enquanto as métricas para a mensuração do desenvolvimento da carreira de pesquisadores não considerarem a desigualdade social enfrentada”.

A pesquisadora conta que o projeto disponibilizou recursos para compra de instrumentos de laboratório e para a realização de coleta de dados para pesquisas que tenta desenvolver, de maneira independente aos meus demais colegas pesquisadores. “No primeiro ano, o edital possibilitou a amostragem de uma localidade nova, para a confirmação da ocorrência de uma espécie de serpente que, através de sua história evolutiva, pode ajudar a elucidar questões sobre a formação da planície do Pantanal. Nos anos seguintes, os recursos disponibilizados pelo Mulheres na Ciência viabilizaram a implementação de um novo projeto que, através de gravadores de som autônomos, fará o monitoramento a longo prazo da atividade de aves e de anuros para entender a distribuição atual desses animais no Pantanal e áreas de entorno, e fará projeções de como as mudanças climáticas futuras podem afetar essas espécies. Esses dados e atividades me disponibilizaram a oportunidade de produzir conhecimento científico e formar recursos humanos, através de orientações de Pibic e co-orientações de dissertações e teses, para somar aos produtos de meus colegas, técnicos e docentes da UFMS”, relata.

Atualmente, Liliana coordena um projeto que descreve padrões de diversidade biológica em gradientes ambientais variados, e busca entender suas origens. Ela também presta apoio técnico a diversos projetos de pesquisadores ligados aos Programas de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação e em Biologia Animal.

“Além da mitigação de opressões sofridas pelas mulheres, editais como esse são ótimas oportunidades para tentar igualar a concorrência entre pesquisadores em diferentes fases de suas carreiras. Inclusive, a primeira edição do Mulheres na Ciência priorizava servidoras ainda não ligadas aos Programas de Pós-Graduação. Foi uma excelente oportunidade de auxílio para quem está em início de carreira e também não consegue concorrer de maneira igual com pesquisadores que já estão na academia há anos”, finaliza.