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Vacina da AstraZeneca contra Covid não provoca varíola dos macacos

Circulam nas redes sociais mensagens que relacionam os casos de varíola dos macacos com vacinas contra a Covid-19 que utilizam vetor de adenovírus de chimpanzé, como a Astrazeneca.

A vacina AstraZeneca usa um vetor de adenovírus de chimpanzé em sua fórmula, mas ele é inofensivo, não tem relação com a varíola dos macacos e não é infeccioso.

Cientistas explicam que o adenovírus usado na vacina não tem capacidade de se reproduzir, não causa doenças e não é infeccioso.

Além disso, o adenovírus da vacina é diferente do vírus da varíola dos macacos. O adenovírus da vacina é associado ao vírus do resfriado comum e não tem relação com o vírus da varíola dos macacos.

As cientistas ressaltam a segurança da vacina.

A médica, mestre em saúde pública e doutora em ciências da saúde Mayumi Duarte Wakimoto, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), fabricante da vacina, afirma que a alegação é falsa.

Ela explica que a tecnologia do adenovírus usa o adenovírus como vetor viral. De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) os adenovírus são vírus comuns que normalmente causam doenças leves semelhantes a resfriados ou gripes.

As vacinas de vetores virais se baseiam na capacidade dos vírus de entrar nas células e utilizar a maquinaria celular. No entanto, a tecnologia de vetor viral emprega uma versão modificada e segura de um vírus que atua como um sistema de entrega de informação.

O vírus é modificado por meio de técnicas de engenharia genética. Então, adenovírus de chimpanzé são escolhidos mas utilizados exatamente como vetor, para carregar o DNA da proteína spike que é a proteína do SARS-CoV-2.

“Esse adenovírus é um vetor, portanto ele não vai ter a capacidade de se replicar dentro da célula.O fato de ser um adenovírus de chimpanzé não tem nenhuma relação com a possibilidade de causar doença de macacos. Esse adenovírus é não replicante, ele vai ser transcrito na proteína spike e ativar a resposta imune. Esse é o sentido da vacina. Não causa nenhum tipo de doença, muito menos doença de macaco”, explica.

Além disso, diz, a varíola de macacos é outro vírus.

“Na verdade se chama varíola de macacos porque lá no finalzinho da década de 1950 foi observado em macacos, mas na verdade os macacos nem são os principais reservatórios. Se acredita que sejam os roedores. Isso acontecia mais lá na África, nos países da África Central e Ocidental. Agora a ocorrência desses surtos fora da África está suscitando investigação, mas relação com a vacina não está mencionado em nenhum lugar, não tem nenhuma evidência disso”, ressalta.

Mayumi Wakimoto ressalta a segurança da vacina.

“A gente está falando de uma vacina que é feita em laboratório com todos os cuidados para que ela seja segura. Quando a gente fala de doenças que acontecem na natureza, a gente está falando de outra coisa, na natureza, sem nenhum controle de laboratório”, complementa.

Letícia Sarturi, mestre em imunologia pela Universidade de São Paulo (USP), doutora em biociências e fisiopatologia pela Universidade Estadual de Maringá e professora titular na Universidade Paulista explica também que a mensagem que relaciona o adenovírus da vacina da Astrazeneca com a varíola do macaco é falsa.

“Não há a mínima possibilidade de isso acontecer, porque são vírus totalmente diferentes. São vírus que vêm de uma taxonomia, uma classificação diferente”, diz.

“O vírus da varíola do macaco é um poxvírus”, explica, “enquanto o outro tipo de vírus, da vacina, é um adenovírus. Enquanto poxvírus está associado à varíola do macaco, à varíola humana que foi erradicada com a vacinação, o adenovírus está associado com resfriado comum, por exemplo.”

De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, os poxvírus existem em todo o mundo e causam doenças em humanos e muitos outros tipos de animais. As infecções por poxvírus geralmente resultam na formação de lesões, nódulos na pele ou erupção cutânea disseminada. A infecção em humanos geralmente ocorre devido ao contato com animais, pessoas ou materiais contaminados. Enquanto alguns poxvírus, como a varíola (vírus da varíola), não existem mais na natureza, outros poxvírus ainda podem causar doenças. Estes incluem o vírus da varíola dos macacos, molusco contagioso e outros.

“O poxvírus, que é o vírus associado à variola do macaco, monkeypox,, é um vírus que provoca uma zoonose, ou seja, provoca uma doença que é transmitida entre humanos e também entre animais como macacos”, esclarece Letícia Sarturi.

A pesquisadora frisa que esse adenovírus que é utilizado na vacina é um adenovírus que não tem capacidade replicativa, conforme até está descrito nas informações que o fabricante disponibiliza.

“E o adenovírus que usado na vacina também é um adenovírus de chimpanzé que não tem capacidade de provocar nenhum tipo de infecção em humanos. Que fique bem claro. Não é um adenovírus infeccioso. “

“São doenças que além de serem provocadas por tipos de vírus diferentes, são doenças que têm sintomas diferentes, que são muito diferentes em característica clínica da doença. Então não há nenhuma associação entre o adenovírus presente na vacina da AstraZeneca e o poxvírus, o monkeypox, que está provocando essa epidemia de varíola do macaco.”

OMS

A varíola é causada pelo vírus monkeypox que pertence ao gênero orthopoxvirus da família Poxviridae, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Foi descoberto pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em macacos de laboratório mantidos para pesquisa, daí seu nome.

Até 21 de maio, tinham sido relatados 92 casos confirmados em laboratório e 28 casos suspeitos.

De acordo com a OMS, desde 13 de maio de 2022, casos de varíola dos macacos foram relatados em 12 Estados Membros que não são endêmicos para o vírus da varíola dos macacos.

A varíola dos macacos é uma doença infecciosa, geralmente leve e endêmica, que ocorre em partes da África Ocidental e Central.

Ela é espalhada por contato próximo, e pode ser contida com relativa facilidade por meio de medidas como isolamento e higiene.

Os sintomas são:

  • dores de cabeça
  • dores no corpo
  • nódulos linfáticos inchados
  • cansaço
  • erupções cutâneas nas mãos e pés.

*Por G1

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