Capital

Projeto em parque de Campo Grande fomenta as categorias de base do ciclismo

Desde julho de 2017, a Escola Pública de Ciclismo “Marlus de Souza Freitas” atende cerca de 45 crianças e jovens, de seis a 17 anos de idade, no Parque Ayrton Senna, localizado no Aero Rancho, bairro mais populoso de Campo Grande. O objetivo é oferecer opção de lazer no contraturno das aulas, incentivar a prática do ciclismo de estrada e mountain bike (de montanha) com aulas especializadas e fomentar as categorias de base do Estado. O projeto é realizado pela Fundação Municipal de Esporte da Capital (Funesp) e tem o apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte).

As aulas acontecem quatro vezes por semana, às segundas, quartas e sextas-feiras à tarde e aos sábados pela manhã, com alunos nas categorias kids (seis a oito anos), B (nove a 12 anos) e A (13 a 17 anos). “Nosso projeto é embrionariamente social e, por consequência, de rendimento. Então, fomentamos a categoria de base, mas a ideia é colocar essas crianças para praticar esporte, dar alguma ocupação para que não fiquem perdidas pelas ruas sem ter o que fazer. Das crianças que temos, quase todas competem”, avalia a coordenadora do projeto, Patrícia Martinez.

Com apenas dois anos e meio de existência, os resultados já começaram a aparecer em competições estaduais, dentre elas os Jogos Escolares da Juventude, promovido pela Fundesporte. Além das técnicas e fundamentos na pista, a Escola Pública proporciona oficinas de equilíbrio, reforço muscular e consertos de bicicleta, para que os próprios alunos possam fazer pequenos reparos quando necessário.

Professora Angélica Couto: cumplicidade professor-aluno

A profissional de educação física Angélica Couto é uma das professoras do projeto. Ela integra o Programa MS Desporto Escolar, da Fundesporte, e está lotada na Escola Estadual professora Neyder Suelly Costa. “Quando fui trabalhar no projeto, não sabia o que ia encontrar, mas no decorrer do tempo fui me adaptando. Hoje, tenho a percepção de cada aluno e suas dificuldades. No projeto social, não tem como não se doar. Consigo olhar para cada criança e identificar humor, qualquer alteração física e psicológica, porque temos uma cumplicidade aluno-professor muito grande”.

Segundo Angélica Couto, os alunos não faltam às aulas, faça chuva, sol ou frio. “Em primeiro lugar, a criança precisa se sentir amada e, depois, motivada e saber que é capaz de vencer nas provas e na vida. Isso que eu procuro ensiná-los todos os dias. Gosto de trabalhar em projeto social porque conseguimos introduzir a criança na sociedade e fazer com que ela entenda a importância que tem”.

Homem de Ferro

O projeto no Ayrton Senna trabalha com ações de prevenção e contenção ao bullying, conscientizando os alunos-atletas sobre o respeito às diversidades de gênero, raça, etnia, religião ou comportamento. João Alexsander Lima, de 13 anos, nasceu com uma alteração do comprimento dos membros inferiores. Após cirurgia, inseriu uma haste de sustentação na perna direita, reduzindo a probabilidade de fratura e de outras lesões originadas com o esforço físico.

João Alexsander, o “Homem de Ferro”: superação

No começo, João Alexsander sofreu bullying, até que o professor Lucas Meira passou a chamá-lo de Homem de Ferro, com referência ao personagem fictício (super-herói) dos quadrinhos publicados pela Marvel Comics, criado por Stan Lee. “O professor Lucas começou com isso e eu gostei bastante, porque tenho o ferro na perna e é muito legal ser apelidado disso, é como se fosse um reconhecimento de todos. Já passei por bullying, mas hoje em dia sou bem amigo de todo mundo”, relata o atleta, que sonha em ser um ciclista profissional.

“Eu passei por muitas cirurgias e perdi muito músculo, minha perna ficou atrofiada por não ter feito muita atividade física. Quando entrei no projeto, percebi a diferença. O meu dia a dia foi melhorando. Antes, eu ficava bem triste porque não fazia nada, vim para cá e fiquei mais feliz, ganhei músculo e força. No começo, eu tinha um pouco de medo, mas fui superando”, completa João Alexsander.

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