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Na comunidade Tia Eva, Igreja São Benedito recebe projeto de restauração

No mês em que se comemora 121 anos da cidade de Campo Grande, será apresentada ao público nesta sexta-feira (21), às 16h, no Simpósio Estadual de Educação Patrimonial/Seminário Municipal de Patrimônio Cultural uma explanação sobre o projeto Restauração e Requalificação da Igreja São Benedito, localizado na Comunidade Remanescente de Quilombo Eva Maria de Jesus – “Tia Eva”.
O simpósio é realizado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur). A programação teve início dia 17 de agosto e terá encerramento hoje com transmissão on line pelo página dos Facebook das instituições.
O projeto é coordenado pelo arquiteto Eduardo Melo, que durante o seminário apresentará a justificativa, os objetivos e as etapas que a proposta deverá percorrer.
O trabalho conta com uma equipe formada por três arquitetos e um engenheiro, composta por: Eduardo Melo (arquiteto e urbanista, mestre em conservação e restauração de Monumentos e Núcleos Históricos), João Santos (arquiteto e urbanista/historiador e mestre em conservação e restauração de monumentos e núcleos históricos), Regina Maura Lopes Couto Cortez (arquiteta e urbanista, professora da Uniderp/Anhanguera) e Luiz Henrique Dantas da Silva (engenheiro civil).

A proposta de restauração e requalificação será dividida em cinco etapas distintas, definidas como: Oficina de Cocriação; Identificação e Conhecimento do Bem; Diagnóstico; Proposta de Intervenção; e Apresentação final dos resultados.

A escolha da Igreja de São Benedito para receber um projeto de restauro, se deu pela sua relevância histórica e cultural e por estar diretamente relacionada as manifestações culturais da comunidade, que é detentora da memória coletiva daquele território.

É importante evidenciar que o projeto finalizará a sua primeira etapa, definida como Oficina de Cocriação no dia 22, às 14h, com a participação de membros da comunidade e dos órgãos de preservação. Devido a pandemia do coronavírus será realizada em ambiente virtual e restrito, primando pela saúde e segurança de todos os integrantes. A oficina será um encontro para construção coletiva de ideias e reflexões acerca dos desafios a serem encontrados no âmbito do projeto de restauro.

A preservação da Igreja de São Benedito é uma forma de garantir a permanência das tradições e inclusive das manifestações culturais que ocorrem em torno da Festa de São Benedito, portanto, materialidade necessária para que as dinâmicas culturais permaneçam e tenham continuidade ao longo dos anos.

HISTÓRIA

A igreja de São Benedito foi construída em 1919, por Tia Eva, com ajuda da comunidade, em homenagem a São Benedito, seu santo de devoção. Escrava alforriada, do interior do Estado de Goiás, veio para os campos de vacaria, Vila de Campo Grande (atual Campo Grande), com sua família e outros componentes da irmandade a procura de um “lugar para ser livre, viver com os “seus”, onde pudesse fazer sua casa, fazer farinha, lavar roupa e fazer óleo de mamona. Um local para passar a vida” (SANTOS,2010).

Ela tinha o dom da cura, era benzedeira, curandeira, parteira e doceira de mão cheia. Foi uma líder religiosa da sua própria comunidade e é considerada uma das fundadoras de Campo Grande – MS. Passou a ser muito conhecida e arrebatou diversos fiéis ao santo de devoção. Eva morreu em 11 de novembro de 1926 e deixou um legado registrado em um território certificado pela Fundação Palmares em 2008, como Comunidade Quilombola Eva Maria de Jesus.

Em homenagem ao santo é realizado anualmente, desde a fundação da igreja a festa de São Benedito, um período marcado por orações ao santo e festividades.

A Igreja de São Benedito pela sua identidade histórica e pelo seu enorme potencial cultural, foi tombado pelo Município de Campo Grande em 1996 e pelo Estado em 1998.

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