Capital

Após pedido da Defensoria Pública, ACICG se diz contrária ao lockdown

Por meio de uma nota oficial, a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) se manifestou contrária ao pedido de lockdown protocolado pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (04). De acordo com a entidade, o fechamento total do comércio e serviços seria ineficaz para barrar o avanço do novo coronavírus na cidade.

“O bloqueio total do comércio e serviços terá efeitos devastadores à economia da Capital, afetando diretamente a manutenção dos postos de trabalho, impactando na produção, na demanda e no consumo. De janeiro a junho, 1.978 empresas foram extintas em Mato Grosso do Sul, segundo dados da Junta Comercial do Estado. Com as empresas reduzindo suas equipes ou, até mesmo, encerrando suas atividades, a quantidade de desempregados e de famílias sem renda aumentará, gerando, também, um grave problema social.”, cita um trecho da manifestação.

Na Ação Civil Pública, a Defensoria afirma que a permissão de abertura apenas de serviços essenciais e restrição de circulação de pessoas vai impactar “direto no dia-a-dia de aproximadamente 900.000 habitantes, empresas privadas e órgãos públicos existentes no referido município”. Para o órgão, a adoção de medidas mais severas é necessária devido à rapidez do aumento de casos de infecção na capital e também por conta da lotação de leitos clínicos e de UTI, que atualmente ultrapassa 90%.

Ainda de acordo com o pedido, o bloqueio dos serviços não essenciais deve durar pelo menos 14 dias e que seja repedido sempre que os leitos de UTI ultrapassar o limite de 80% de ocupação. A Defensoria pede ainda que a circulação de veículos particulares seja apenas para pessoas que precisem trabalhar nas atividades essenciais; para compra de alimentos, medicamentos ou necessidade de atendimento médico. E o transporte público fique restringindo apenas aos casos essenciais.

Procurada pela reportagem do site MS Hoje, a Prefeitura de Campo Grande declarou não ter sido notificada ainda sobre a ação. Recentemente, em lives transmitidas pelas redes sociais, o prefeito Marcos Trad (PSD) declarou repetidas vezes ser contrário ao lockdown, alegando que a população não respeitaria a restrição. A Defensoria Pública se colocou à disposição para acordo de conciliação com a Prefeitura, caso haja interesse.

Veja a nota da ACICG

A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) se manifesta contrária à imposição de lockdown, fechamento total do comércio e serviços na Capital. A entidade, que representa mais de 8 mil empresas associadas, considera a medida ineficaz para barrar o avanço da pandemia causada pelo Coronavírus, tendo como base a experiência recente de Campo Grande, além de outras cidades, estados e países – como Cuiabá, São Paulo, Argentina e Nova York – que adotaram o fechamento dos estabelecimentos e continuaram com grande aumento do contágio e da demanda por leitos de UTI.

A ACICG adverte que o bloqueio total do comércio e serviços terá efeitos devastadores à economia da Capital, afetando diretamente a manutenção dos postos de trabalho, impactando na produção, na demanda e no consumo. De janeiro a junho, 1.978 empresas foram extintas em Mato Grosso do Sul, segundo dados da Junta Comercial do Estado. Com as empresas reduzindo suas equipes ou, até mesmo, encerrando suas atividades, a quantidade de desempregados e de famílias sem renda aumentará, gerando, também, um grave problema social.

Nesse momento, a Associação Comercial considera essencial que as medidas protetivas e os protocolos de biossegurança, como o uso de máscara, álcool gel, distanciamento social, sejam intensificados por toda a sociedade. O comércio vem fazendo a sua parte, mas, tão importante quanto, é a população se conscientizar de que o seu comportamento influencia diretamente no avanço da pandemia. Também se faz necessário reforçar que aqueles que cumprem as determinações não devem ser penalizados, novamente, com o fechamento total e, quem andar em desacordo com as normas tão necessárias ao bem comum deve ser fiscalizado e duramente punido.

O comércio tem sido duramente prejudicado desde o início da pandemia, e não pode sofrer ainda mais por decisões arbitrárias, imediatistas e que ignoram o pensamento sistêmico. Os empresários estão fazendo sua parte e a população precisa que os órgãos públicos façam o que lhes cabe, zelando para que cidadãos com sintomas da COVID-19 tenham acesso aos testes e/ou recebam o tratamento adequado antes mesmo que seja necessário o uso de UTI. 

A ACICG tem participado, desde o início da pandemia, do comitê de gerenciamento da crise da COVID-19, atuado junto aos órgãos públicos municipais e entidades representativas da sociedade civil organizada para compartilhar a realidade e necessidade dos setores de comércio e serviços e colaborar na contenção do avanço da pandemia. A entidade, que contribuiu para que a reabertura dos negócios ocorresse de maneira segura e organizada, disseminando instruções e orientações sobre as decisões governamentais e os principais protocolos de segurança, continuará ativa nesse processo, buscando o equilíbrio entre a saúde e a economia. Continuaremos trabalhando para impedir a propagação do novo Coronavírus bem como a piora da economia de nossa Cidade Morena.

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