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Alunos e professores da REME abordam o autismo em livro de poemas

Colocar-se no lugar de uma pessoa autista e imaginar o preconceito e as dificuldades que ela enfrenta no dia a dia não é tarefa fácil. E foi com o propósito de responder a estes questionamentos, que professores e alunos da escola municipal “Irene Szukala” lançaram, na terça-feira (03), o livro “Autismo, mentes abstratas e sentimentos concretos”, formado por 30 poemas escritos por alunos de uma turma do 5º ano da unidade, que participaram de um projeto pedagógico que teve como foco a valorização do autista e suas potencialidades.

VOM_5690O livro foi publicado por uma editora especializada, que produziu 600 exemplares, com 52 páginas. A ideia de criar a obra surgiu em abril, mês em que se comemora O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU),  com o intuito de alertar as sociedades e governantes sobre transtorno do neurodesenvolvimento, ajudando a derrubar preconceitos, mitos e esclarecer a população.

Os professores Ademir Barbosa dos Santos e a auxiliar pedagógica especializada, Jucimari Inácio, observaram o crescimento do projeto e decidiram incentivar os alunos a produzirem textos poéticos  que retratassem a data especial e abordassem a questão do autismo.

“Todo ano eu proponho trabalhos para o autismo e o professor Ademir como é poeta e tem alguns livros lançados, por isso tivemos a ideia de criar um livro de poesias. A principio seria uma coisa muito simples, só digitado e impresso, mas foi ficando muito bom o trabalho dos alunos e envolvendo muita gente, e acabamos conseguindo o patrocínio”, explicou Jucimari.

De acordo com o professor Ademir, os poemas dos alunos destacaram  um sentimento de altruísmo, de se colocar no lugar de um autista e entender  como ele se relaciona com outros alunos e qual conselho os estudantes dariam para as pessoas que convivem com autistas.

LivrosSemed (4)Para desenvolver a interação dos alunos com a temática, os professores utilizaram diversos recursos nas aulas, como slides, filmes e poesias para facilitar a compreensão do universo autista.  O professor explicou que a abstração e as metáforas são figuras de linguagem complexas para essas crianças. “Com o texto as crianças conseguiram compreender e passar essa ideia de concretude”, afirmou.

Além do auxílio dos professores, os alunos tiveram uma ajuda especial. Elas procuraram se colocar na mesma situação de um colega de sala, o estudante Ruan Carlos, que é autista.

O fato de escreverem os textos em primeira pessoa surpreendeu o professor Ademir, já que ele não havia falado para as crianças como seria a narrativa dos textos. O fato esse chamou a atenção dos dois professores que viram na expressão textual, a sensibilidade dos alunos.

Transformação

Para os professores, a elaboração do livro com os alunos proporcionou uma mudança na vida das crianças. Para eles a ideia foi transformadora e elevou a sensibilidade dos alunos, que se aproximaram mais do colega autista e de outros alunos da escola que têm o transtorno.

A aluna Sara Gabriele Astum, de 10 anos, que participou da criação do livro falou emocionada sobre o projeto e de seu colega de sala.  “Eu gostei muito do projeto que a professora criou. Achei muito divertido e adorei que as pessoas ainda sabem que o autismo é uma coisa importante. No meu texto coloquei que os autistas são pessoas normais e tem que ter mais respeito, carinho, amor e atenção com eles. Eu comentei com minha família do livro e eles adoraram o projeto e do meu texto. Eu sempre brinco meu amigo que é autista, ele adora brincar de pega-pega e eu brinco com ele, a gente se entende”, ressaltou.

Fabricio Ferreira da Silva, 11 anos, também comentou sobre experiência de participar do projeto e do respeito que tem com o colega.

“Fiquei muito feliz e gostei bastante do projeto que é bem interessante. Eu acho que isso é uma coisa, hoje em dia, ainda, que não é bem aceito, há ainda muito preconceito. Eu trato meu amigo autista como todos os outros. Lógico que temos um carinho especial por ele, mais atenção porque ele não gosta de muito barulho”, disse.

Fabrício comentou ainda o que escreveu em seu poema para se inserir no mundo do autismo. “Eu coloquei ‘Eu sou autista, eu não gosto muito de barulho e eu não gosto que fica discriminando a mim’. Meus pais me parabenizaram e falaram que este assunto é importante e que eu tenho que seguir com esse pensamento”, destacou.