Marchas antirracismo crescem nos EUA após ameaça de Trump
Os Estados Unidos entraram nesta terça-feira (2) no oitavo dia de manifestações contra o racismo após a morte do ex-segurança George Floyd em uma ação policial em Minneapolis. Os protestos ocorrem na maioria das vezes de maneira pacífica.
Veja abaixo um breve resumo dos protestos desta terça (2)
- As duas maiores cidades dos EUA, Nova York e Los Angeles, além da capital Washington, terão novamente toque de recolher a partir desta noite.
- Em outras grandes cidades, como Portland (Oregon), não vão adotar a medida após autoridades considerarem que a violência diminuiu na noite anterior.
- Os protestos começaram ainda no início da tarde na maior parte do país. Nesse início, sem grandes tumultos ou saques.
- Houve manifestações pelo mundo, as mais numerosas na Austrália, no Reino Unido e na França. Em Paris, inclusive, um ato com mais de 15 mil pessoas também relembrou a morte de cidadãos negros no país europeu. Houve tumulto na capital francesa e em Marselha.
- Parentes e amigos de Floyd discursaram em homenagem ao ex-segurança em evento em Minneapolis.
‘Ele nunca vai ver a filha crescer’
Parentes e amigos discursaram em homenagem a George Floyd na prefeitura de Minneapolis, que contou com a participação de Gianna, filha de 6 anos do ex-segurança.
A mãe de Gianna, Roxie Washington, lamentou — muito emocionada — a morte de Floyd. “Quero justiça por ele”.
Uso da Guarda Nacional divide opiniões
Na segunda-feira, o presidente Donald Trump chegou a dizer que era “um aliado das manifestações pacíficas”, mas pediu que os estados endurecessem a força policial contra vândalos e ameaçou chamar Forças Armadas caso a violência continuasse no país. Ele ainda reforçou o pedido para que governadores e prefeitos convocassem a Guarda Nacional para conter tumultos.
O pedido, entretanto, recebeu rechaço de alguns políticos, como o prefeito de Nova York, Bill de Blasio. “Não precisamos que a Guarda Nacional venha à cidade”, afirmou, acrescentando que os 36 mil policiais são suficientes para lidar com as manifestações.
Washington endurece cerco
Um dia depois de afirmar que poderia convocar forças armadas para intervirem nos protestos antirracismo, o governo norte-americano continuou a reforçar a necessidade de medidas enérgicas contra distúrbios e saques, sobretudo em Washington.
O secretário de Justiça dos EUA, William Barr, responsável por dirigir as medidas de segurança na capital, disse que a vigilância vai aumentar nesta terça-feira.
A decisão foi tomada um dia depois de um confronto entre policiais e manifestantes enquanto Trump discursava. Fontes disseram à agência Associated Press que o tumulto começou porque as forças de segurança tentavam abrir caminho para o presidente visitar uma igreja depredada nos protestos perto da Casa Branca — o que gerou críticas de autoridades religiosas da cidade.
Um novo toque de recolher está previsto para Washington nesta terça. Centenas de integrantes da Guarda Nacional viajaram à capital para reforçar o patrulhamento.
Álcool gel e máscaras em Nova York
Em Nova York, por causa da pandemia do novo coronavírus, voluntários distribuíram máscaras e álcool gel — além de água para que os manifestantes se hidratem.
A maior cidade dos EUA ainda está sob restrições por causa da Covid-19. Só em Nova York, mais de 16 mil pessoas morreram com a doença, que já matou mais de 100 mil em todo o país.
Protestos no mundo
Os atos contra o racismo se espalharam para outros países ainda durante o fim de semana, e, nesta terça, houve grandes manifestações registradas na Austrália, no Reino Unido e na França.
Em Paris, polícia lançou gás lacrimogênio contra milhares de manifestantes que protestavam contra o racismo policial nesta terça-feira (2), citando o norte-americano George Floyd e o jovem francês Adama Traoré, que morreu enquanto estava sob custódia policial em 2016. Outras cidades como Marselha também registraram confrontos.
Caso George Floyd
George Floyd morreu em 25 de maio após ser filmado com o pescoço prensado pelo joelho de um policial branco em Minneapolis. O ex-segurança, que era negro, foi alvo da operação policial por supostamente tentar pagar uma conta em uma mercearia com nota falsa de US$ 20, segundo a imprensa norte-americana.
As imagens reacenderam a questão racial dos Estados Unidos e deram início a uma série de protestos antirracismo que tomaram conta do país. Com a comoção nacional e mundial, o policial filmado ajoelhado sobre o pescoço de Floyd foi preso e formalmente acusado de homicídio.
Uma primeira perícia, oficial, não indicou evidências de que Floyd morreu por asfixia. Entretanto, outras autópsias indicaram que, sim, o ex-segurança foi morto por sufocamento.
* Por G1