São Timóteo e São Tito, os seguidores de São Paulo que difundiram a Palavra de Deus
Fiéis a Jesus Cristo e discípulos de Paulo de Tarso, os santos Timóteo e Tito foram os responsáveis por darem continuidade ao trabalho de evangelização e conversão de São Paulo por diferentes nações da Ásia, Europa e Oriente Médio. Suas festas litúrgicas são celebradas pela Igreja no mesmo dia, 26 de janeiro, um dia após a celebração da conversão de São Paulo.
Timóteo nasceu por volta do ano 17 do primeiro século, na cidade de Listra, na província romana de Galácia, onde hoje fica a Turquia.
A família era distinta, com a mãe judia chamada Eunice e o pai de origem grega, pagão e de nome desconhecido.
Recebeu a educação judaica e se tornou um amplo conhecedor das Sagradas Escrituras.
Não há muitas informações sobre a vida dele disponíveis, exceto o que consta na Bíblia, mais precisamente nas cartas escritas pelo apóstolo Paulo.
São Timóteo tinha por volta dos 20 anos quando conheceu São Paulo. Na ocasião, o apóstolo realizava uma pregação em Listra defendendo que o Messias esperado pelos judeus era Jesus Cristo, que havia sido crucificado e morto, mas que ressuscitou ao terceiro dia e desde então está sentado à direita de Deus Pai no Reino dos Céus.
Ao ouvir essas palavras, ele se sentiu tocado e passou a seguir São Paulo, se tornando o principal discípulo e sucessor.
Antes de iniciar a peregrinação pelas nações com o intuito de levar a Palavra de Deus aos pagãos, São Paulo teria batizado e circuncidado Timóteo para garantir a sua aceitação entre os judeus que já tinham sido convertidos.
Paulo fez o procedimento com as suas próprias mãos e, em seguida, ordenou São Timóteo. Também foi realizada a conversão e o batismo da mãe Eunice e da avó de Timóteo, Loide, que também era judia.
Juntos, os dois estiveram em viagens até as cidades de Tessalônica, Filipos, Corinto, Éfeso, Atenas e Roma.
Além disso, São Paulo enviou Timóteo como seu representante aos lugares onde não poderia ir por conta da perseguição que sofria do Império Romano.
O nome de São Timóteo aparece 24 vezes no Novo Testamento, no livro dos Atos dos Apóstolos e nas cartas de Paulo. Aliás, foram duas cartas endereçadas ao discípulo.
Em uma dessas escritas, ele reforça a confiança que sentia no discípulo. “Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade”. (1 Tim 4,12).
Ele estava em missão muito provavelmente na cidade de Éfeso quando Paulo escreveu sua primeira carta endereçada a ele (1Tim 1, 3).
São Paulo cita Timóteo nas saudações de várias de suas cartas: Filipenses 1, 1; 2 Coríntios 1, 1; Colossenses 1, 1; 1 Tessalonicenses 1, 1 e também 2Tessalonicenses 1, 1.
São Timóteo permaneceu ao lado de São Paulo até mesmo quando este esteve preso em Cesaréia Marítima, Israel, até ser transferido para Roma.
Tudo indica que São Timóteo permaneceu preso também com Paulo em Israel, mas foi solto dois anos depois e não foi transferido para Roma. Apesar disso, permaneceu ao lado do amigo secretamente, recebendo ordens através de cartas.
Quando Paulo retornou de Roma, perto do ano 66, Timóteo tinha sido aclamado bispo de Éfeso. Por isso, Paulo o nomeou líder da Igreja em toda a Ásia Menor.
O ministério de São Timóteo foi frutífero e acendeu a fé cristã em toda a região. Por isso, as cartas que Paulo escreveu a ele transformaram-se em rica literatura cristã e figuram entre os documentos mais preciosos da história.
São Paulo foi preso uma segunda vez por Roma e foi nesse momento em que escreveu a sua segunda carta endereçada a São Timóteo.
Naquele momento, o apóstolo sentia que a sua morte estava próxima e suplicou para que viesse ao seu encontro o quanto antes, pediu para que lhe trouxesse um manto e também os livros e os pergaminhos. A intensão de Paulo era aproveitar os últimos momentos de sua vida para se aprofundar nos estudos bíblicos. São Paulo foi decapitado durante a década de 60.
São Timóteo deu a continuidade ao trabalho de seu mentor. Por volta do ano 80, durante uma grande festa de culto à deusa romana Diana, ele foi até o centro da cidade de Éfeso e fez um discurso incisivo, mostrando que o culto a Diana era vazio e não trazia benefícios reais ao povo, pois não era o Deus verdadeiro.
Durante a pregação, o líder daquele culto pagão passou a provoca-lo e motivou o povo a agredi-lo. São Timóteo foi morto a pedradas, pancadas e pauladas.
No século IV, suas relíquias foram transferidas para a Igreja dos Santos Apóstolos em Constantinopla.
São Tito
São Tito também não tem relatos sobre a sua vida, sequer o local do seu nascimento é conhecido dos historiadores. Supõe-se que tenha nascido no ano 1 e, ao contrário de São Timóteo, não passou pelo processo de circuncisão.
Acontece que o apóstolo Paulo, ao levar o cristianismo a outros povos, não exigia a circuncisão desses novos cristãos.
Sabe-se que foi enviado por Paulo até Corinto, na Grécia, com o objetivo de conseguir contribuições para Igreja em nome dos cristãos empobrecidos de Jerusalém. Depois, voltou a se juntar a Paulo quando este estava na Macedônia.
Seu nome não é mais mencionado pelo menos até a primeira prisão de Paulo, quando ele se empenhou na organização da igreja em Creta, para onde Paulo o havia enviado com este objetivo.
A última vez que ouvimos falar dele é em 2 Timóteo 4:10, quando Tito se despede de Paulo em Roma para ir à Dalmácia. O Novo Testamento não relata a sua morte.
Tito estava com Paulo e Barnabé em Antioquia e os acompanhou no Concílio de Jerusalém, que foi uma reunião inicial entre as lideranças cristãs nos meados do século I que debateu, entre outras coisas, se os chamados gentios (não-judeus) deveriam seguir as leis de Moisés.
De acordo com a tradição, Paulo ordenou Tito bispo de Gortina, em Creta. Ele teria morrido em 107, com 95 anos.
Suas relíquias — hoje apenas o crânio — são veneradas na Igreja de São Tito, em Heraclião, na Creta (Grécia), para onde retornou em 1966, após ter sido levada para Veneza durante a ocupação turca.
Oração a São Timóteo
“Pai de amor, que escolheste Timóteo para ser um grande apóstolo, convertei-nos também a nós e inspirai-nos gestos de renovação da sociedade e das nossas comunidades eclesiais. Por Cristo nosso Senhor. Amém.”