São Bernardo de Corleone, de um homem violento para exemplo de caridade e penitência
Um homem de perfil violento e impiedoso, mas que encontrou no arrependimento a sua conversão. São Bernardo da Corleone se tornou frei, ajudou os pobres e animais e defendeu sua cidade das catástrofes naturais através de orações e penitências. É considerado o padroeiro das vítimas da máfia e facções organizadas e também das mulheres gestantes.
Nascido no dia 06 de fevereiro de 1605 na pequena cidade de Corleone, na região da Sicília, na Itália, Bernardo foi batizado com o nome de Filippo Latini pelos seus pais Leonardo e Francesca Latini.
A família era bastante respeitada e conhecida pelos princípios rígidos morais e de cristandade. O pai era sapateiro, tido como justo, bondoso e caridoso ao ponto de acolher em sua casa pessoas desabrigadas, permitindo que se banhassem, trocassem de roupas e se alimentassem.
Filippo tinha cinco irmãos, sendo que um deles era sacerdote. No entanto, ele não trazia consigo os ensinamentos do pai, pelo contrário, era violento, se irritava fácil, gostava de lutar e de manusear armas, inclusive, era praticante de esgrima.
O pai morreu em março de 1620 e Filippo passou a assumir o oficio de sapateiro para sustentar sua mãe e os irmãos mais novos. Mas logo entrou para o exército da Itália e ficou conhecido por ser ‘a lâmina mais rápida da Sicília’ por conta de sua grande habilidade com a espada.
Felippo não um cristão praticante como os seus pais e irmãos, mas tinha a sua fé e era devoto de São Francisco de Assis. Certa vez, desafiou um assassino profissional chamado Vito Canino para um duelo no centro da cidade e lhe arrancou um dos braços.
Como consequência disto, foi ameaçado pelos aliados de sua vítima e teve que fugir para outra cidade, se mudando para o convento de Caltanissetta, em Palermo, na Itália.
Enquanto esteve refugiado, acabou refletindo sobre toda a sua vida e o seu comportamento, encontrando o arrependimento. Após algum tempo, procurou por Vito Canino e lhe pediu perdão, se tornando o seu grande amigo.
A partir disto, Filippo entrou para a vida religiosa e se tornou irmão leigo da Ordem Terceira dos Frades Menores de Capuchinhos. No dia 13 de dezembro de 1631, adotou o nome pelo qual ficaria conhecido por toda a eternidade: frei Bernardo.
No convento, trabalhou como cozinheiro e tinha uma vida simples e humilde. Além disto, também se dedicava aos cuidados com os doentes e tratava dos animais debilitados.
Ao mesmo tempo, Bernardo praticava a penitência, mas de forma muito exagerada e com mortificações. Seu sono era limitado há três horas por noite em uma tábua estreita com um bloco de madeira sob a cabeça para servir de travesseiro. Fazia ainda longos períodos de jejum com pão e água e oração em isolamento.
Todos os dias recebia a Eucaristia e sempre que se encontrava diante do Sacrário, concentrado em oração, o tempo, para ele, deixava de existir e não raro as pessoas se comoviam com a pureza de sua atitude.
Ajudava o sacristão em suas tarefas diárias para ficar ainda mais perto de Jesus Eucarístico. Bernardo também era muito solidário com seus companheiros frades e com toda a comunidade.
Quando ocorria uma catástrofe na cidade, como um terremoto ou furacão, Bernardo ajoelhava-se orando em penitência diante do Sacrário dizendo essas palavras: “Senhor, desejo essa graça!”. O resultado sempre era favorável, pois as calamidades cessavam, poupando uma desgraça maior.
Ele esteve morando em vários conventos da Itália, em um deles, na cidade de Castronovo, ficou marcado por andar pelas ruas com uma panela grande nos ombros para dar minestrone aos pobres.
São Bernardo possuía uma forte devoção à Virgem Maria, inclusive, ela teria aparecido para ele em um sonho místico, colocando o menino Jesus Cristo em seus braços. Maria também teria informado ao santo a data de sua morte com quatro meses de antecedência.
Após 35 anos de vida religiosa, faleceu no dia 12 de janeiro de 1667, em Palermo, onde seus restos mortais repousam na igreja dos Capuchinhos, na Sicília.
O processo de sua santidade foi aberto em 18 de dezembro de 1725 pelo Papa Bento XIII, que o intitulou como um Servo de Deus. Com a confirmação de sua vida de virtude heroica, o Papa Clemente XIII o nomeou Venerável em 2 de fevereiro de 1762.
A confirmação de dois milagrosas curas atribuídas à sua intercessão, Clemente XIII presidiu a beatificação em 15 de maio de 1768. Dois séculos depois, em 10 de junho de 2001, após a confirmação de mais um milagre, o Papa João Paulo II o canonizou.
Oração de São Bernardo de Corleone
Senhor, que em São Bernardo de Corleone nos destes um modelo extraordinário de penitência evangélica, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de relativizar tudo o que é temporal e transitório, para sermos dignos da recompensa eterna. Por nosso Senhor.