Pai de santo preso por estupro de adolescente na Capital tem prisão preventiva decretada pela Justiça
O pai de santo de 61 anos preso em flagrante na madrugada de ontem (22), em Campo Grande, após ter estuprado uma adolescente de 15 anos durante uma suposta sessão espiritual, passou por audiência de custódia nesta quarta-feira (23) e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele não teve a identidade revelada e a polícia apura a existência de outras vítimas do sujeito, que trabalha como pintor e pedreiro.
O homem vai responder por prática de estupro de vulnerável. De acordo com a ocorrência, ele se aproveitou da adolescente durante uma falsa sessão espiritual em um imóvel situado no bairro Zé Pereira. Na versão da mãe da vítima, a sessão aconteceu dentro de uma sala reservada, na qual somente o pai de santo e a vítima puderam entrar. Ao sair, a adolescente passou a relatar que havia sofrido algum tipo de abuso sexual e começou a chorar. A mãe, então, acionou a Polícia Militar, que fez a prisão do sujeito ainda no local.
Questionados sobre os fatos pelos militares durante o atendimento, o suspeito disse que não se lembrava de nada porque estava incorporado pela entidade. “Estava semiconsciente e se houve contato sexual ou se a adolescente tocou o seu órgão genital foi com os pés, de onde se começa a extrair as energias ruins, e depois com a mão”, explicou ao policiais, conforme consta no boletim de ocorrência.
O pai de santo ainda citou que é comum durante a transferência de energia que haja contato físico entre a entidade e a pessoa atendida e tudo o que é feito ou falado é reservado entre o incorporado e a pessoa atendida. “O espírito incorporado retira a energia negativa de espíritos obsessores por meio das partes íntimas”, justificou o homem.
Ele acrescentou ainda que a adolescente estava “carregada” e cheia de problemas na vida pessoal, com isso, tudo o que ocorreu na sala reservada foi “em razão de sua necessidade de descarregar as energias ruins que havia absorvido durante a sessão”. O pai de santo recebeu voz de prisão e foi levado para a delegacia de polícia, onde permanece aguardando, agora, por uma vaga em um presídio estadual.
A delegada Karen Viana de Queiroz, que atendeu o caso, informou que o suspeito não negou os fatos e ainda afirmou que estava incorporado quando tocou na vítima, justificando que não tinha o controle do seu próprio corpo por conta disso. A mãe e a vítima frequentavam o local há 4 anos.
A cueca que o autor usava foi apreendida para ser periciada, um pedaço de papel também foi apreendido, mas o seu conteúdo não foi informado ainda. O caso foi registrado na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e está sendo investigado.
Nota de Repúdio
Pelas redes sociais, a Federação das Religiões de Povos de Terreiro de Mato Grosso do Sul – Ajô Nilê disse que o homem preso não é filiado e “tão pouco sabe-se se o mesmo é realmente sacerdote de umbanda, uma vez que tento a religião de umbanda quando seus adeptos jamais cometeriam uma atrocidade desta monta”, cita o texto.
Ainda conforme o comunicado, nenhuma entidade que se manifesta na umbanda cometeria um estupro. “É importante ressaltar Caboclos, Pretos Velhos, Exus, e demais espíritos que se manifestam na seara Umbandista, são entidades de luz, que vem para promover sempre o bem, a cura, a boa palavra aos consulentes”, diz a nota. “Não é necessário tocar na pessoa para dar um passe e/ou tirar qualquer negatividade, ainda mais em partes íntimas, sejam de homens, mulheres, crianças e/ou idosos”, detalha. Confira na íntegra aqui.
A Federação de Culto Afro e Ameríndios de Mato Grosso do Sul também se pronunciou e destacou que o episódio fere e mancha o bom nome da religião. “Esclarecemos à população em geral que essas são práticas criminosas e não compactuamos com tais atos, nada tendo a ver com os cultos ou praticas religiosas, o desvio de caráter e de conduta e do próprio ser humano”, diz um trecho da nota.