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Levantamento do IBGE expõe o cenário da desigualdade racial em MS

Em Mato Grosso do Sul, as populações consideradas como pretas e pardas compartilham uma mesma realidade: a da fome, pobreza, desemprego e a falta de uma moradia digna para viver. O cenário, embora já observado in loco nas periferias de cada um dos 79 municípios que compõem o nosso Estado – por sua vez rico em fauna, flora, pecuária e agricultura – foi comprovado pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) através da pesquisa que trata das desigualdades sociais do Brasil, divulgada nesta sexta-feira (11) com base em informações colhidas no ano de 2021, marcado pela pandemia provocada pela Covid-19.

De acordo com os números apresentados específicamente para Mato Grosso do Sul, entre as pessoas abaixo da linha da pobreza, que são aquelas que recebem de US$ 1,90 a US$ 5,50 diários, a população que se enquadra como pretos ou pardos corresponde a 46,4% maior do que a população considerada ‘branca’. No caso daqueles que ganharam até US$ 5,50 por dia no ano passado, 17,7% eram brancos enquanto que 25,8% eram negros ou pardos. Considerando a linha de US$ 1,90 diários, 2,8% eram brancos e 4,1% pretas ou pardas.

O levantamento mostrou também que o rendimento médio da população preta ou parda foi 33,42% menor que a da branca em MS, sendo que o rendimento médio da população ocupada foi de R$ 2.468,00. Neste cenário, a população branca teve a renda média de R$ 3.044,00 enquanto que pretos e pardos obtiveram renda mensal média de R$ 2.025,00, ou seja, 33,42% menor. No ano anterior, de 2020, os valores registrados tinha a média total de R$ 2.595,00, sendo brancos com renda de R$ 3.242,00 e pretos ou pardos com R$ 2.073,00.

Entre os que tinham ocupações formais em MS, no ano de 2021, tinham rendimento médio de R$ 2.949,00, já as informais registravam R$ 1.678,00, um valor 43,1% menor. Entre os 10% com menor rendimento, pretos e pardos são maioria. Entre os 10% com maior rendimento,
brancos são maioria, conforme a pesquisa. Em 2021, entre os 10% da população de MS que recebiam os piores rendimentos, 62,7% eram pretos ou pardos. Já os brancos eram 35,9%. Porém, entre os 10% com os maiores rendimentos dentro do estado, pretos e pardos eram 33,7%. Brancos eram 64,7%. Em 2020, os números eram, respectivamente, 62,9%, 35,5%, 30,9% e 64,7%. Em 2012, os valores registrados foram: 62,5%, 33,2%, 30% e 66,8%.

A pesquisa do IBGE mostrou ainda que do total de 1,287 milhão de pessoas ocupadas em MS, no ano passado, 543 mil eram brancas, 96 mil pretas e 611 mil pardas. Em 2020, estes números eram de 1,235 milhão no total, sendo 522 mil, 79 mil e 606 mil, respectivamente. Os dados mostram que dentro da população branca, a taxa de desocupação ficou em 6,8%. Já entre a população preta a taxa ficou em 13,4%, tendo sido registrado 11,2% a população parda. Em 2020, os valores eram mais próximos: 8,3% para pessoas brancas, 11,7 para pretas e 10,1 para pardas. Já em 2012, estes números eram 5,5%, 6,6% e 6,8% respectivamente.

Com relação as taxas de pessoas com empregos formais, ou seja, registrados legalmente em MS, 65,9% eram brancas, 60,2% pretas e, entre os pardos, 57,8%. Em 2020, estes números eram, respectivamente, 65,4%, 60,3% e 58,3%.

Quanto às condições de moradia, usando dados de 2019, a população preta e parda vive em imóveis menores e com maior proporção de irregularidade em relação à documentação. 64,4% da população branca moravam em casa própria, com média 6,6 cômodos, enquanto 59,2% dos pretos com casa própria e média de 5,6 cômodos, e 62,7% dos pardos com casa própria tinha a média de 5,7 cômodos. A proporção de pessoas brancas que moravam em casas sem documentação era de 8,6%, pretos 15,7% e pardos 11,1%.

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