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Gal Costa, uma das maiores cantoras do Brasil, morre aos 77 anos

O música popular brasileira está de luto! Nesta manhã de quarta-feira (09), a cantora Maria da Graça Costa Penna Burgos, ou apenas Gal Costa, morreu aos 77 anos. De acordo com a assessoria de imprensa da artista, ela passou recentemente por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita, o que a fez parar de cantar em plena turnê.

No show “As várias pontas de uma estrela”, Gal cantava os grandes sucessos dos anos 80 da música popular, como “Açaí”, “Nada mais”, “Sorte” e “Lua de mel”. A turnê vinha sendo um grande sucesso e a fez entrar na programação de festivais, como o Primavera Sound, e também em países da Europa, mas tudo acabou sendo cancelado antes por conta da operação.

Em 2019, Gal Gosta foi a grande atração da 20º edição do Festival de Inverno de Bonito, levando cerca de 7 mil pessoas para o palco principal. No repertório, músicas conhecidas como “Chuva de Prata”, “Mamãe Coragem’, “Que pena”, “Balancê”, “Azul” do Djavan, “As curvas da estada de santos” e “Sua estupidez”, de Roberto Carlos, fizeram o público cantar junto. No ano passado, ela esteve pela última vez em MS, onde tocou em Campo Grande, no Ondara Palace.

A carreira

Gal Costa nasceu em Salvador (BA) e começou a cantar na adolescência em festas escolares. Em 1964. se juntou ao grupo local formado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Maria Bethânia no projeto “Nós, Por Exemplo”, no show de inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador. No mesmo ano, ainda usando como nome artístico Maria da Graça, gravou um disco com as faixas “Eu Vim da Bahia” e “Sim, Foi Você”. Depois de 1967 gravou duas músicas do álbum “Tropicália” ou “Panis et Circencis”, de Caetano.

No ano seguinte, com colar de espelhos, penteado black power e o canto agudo e provocador, Gal defende a canção “Divino Maravilhoso” no 4º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, alcançando o terceiro lugar. Em 1969, lançou dois álbuns: “Gal Costa” e “Gal”, com canções de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, ícones da jovem guarda.

Na ditadura, com o exílio de Caetano e Gil, Gal Costa torna-se representante do tropicalismo. Em 1970, a cantora vai para Londres para visitar os dois músicos e, de volta ao Brasil, lança “LeGal”. O disco ao vivo “Fa-tal – Gal a Todo Vapor”, de 1971, traz músicas de Luiz Melodia (1951-2017), Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

No álbum “Índia”, traz um close da virilha da cantora, vestida com um biquíni e, na contracapa, ela aparece de seios nus. O LP foi vendido nas lojas dentro de um plástico escuro por causa da censura. Com o disco “Cantar”, Gal se reaproxima da MPB e muda a postura vocal, amenizando a agressividade e priorizando a voz límpida, um retorno à referência de João Gilberto.

Em 1975, Gal, Gil, Caetano e Bethânia se reúnem para o espetáculo “Os Doces Bárbaros”, que dá origem ao disco homônimo. No mesmo ano, interpreta “Modinha para Gabriela”, do compositor Dorival Caymmi (1914-2008) e tema de abertura da adaptação do romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado (1912-2001). Menos experimentais, Gal Canta Caymmi (1975) e os dois álbuns seguintes, Caras e Bocas (1977) e Água Viva (1978), são sucessos de público.

No disco Gal Tropical (1979), a voz da cantora é entoada por timbre claro, definido e tessitura aguda. Em 1980, revisita a obra do compositor Ary Barroso (1903-1964) com o álbum Aquarela do Brasil. Com Fantasia (1981), alcança sucesso nas rádios com a faixa “Festa no Interior”, de Moraes Moreira (1947- 2020) e Abel Silva (1945).

Em 1988, recebe o Prêmio Sharp de melhor cantora. Na década de 1990, retoma a parceria com Salomão no disco Plural (1990), e em 1993, lança O Sorriso do Gato de Alice, com show dirigido por Gerald Thomas (1954). Homenageia o trabalho de Caetano e Chico Buarque (1944) com Mina D’água do Meu Canto (1995), e o de Tom Jobim (1927-1994), em disco lançado em 1999.

No álbum Recanto (2011), Gal se reinventa novamente. Composto e produzido por Caetano, o repertório dialoga com a música eletrônica e o funk carioca. A faixa “Neguinho”, composta por Zeca Veloso (1992) e impulsionada por timbres digitais, é o oposto de tudo o que Gal faz nas décadas anteriores. A turnê do disco mostra ao público uma sutil transformação de timbre, que mantém os agudos do início da carreira e ganha um grave até então desconhecido em sua voz. O último disco gravado pela cantora foi em 2021, intitulado ‘Nenhuma Dor’.

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