Na porta do cemitério, confrades e consócias pedem doação para a Sociedade São Vicente de Paulo
“Vamos ajudar a Sociedade de São Vicente de Paulo?”. É com essa pergunta que um grupo de voluntários aborda a multidão que entra e sai do Cemitério São Sebastião, em Campo Grande, durante todo o Dia de Finados, celebrado nesta quarta-feira (02). A arrecadação do dinheiro é uma tradição bem antiga dentro da instituição social, que é um movimento ligado à Igreja Católica.
Se você já foi em algum cemitério público hoje, com certeza, deve ter visto os confrades e consócias – conforme são chamados os vicentinos depois da aclamação – parados logo na entrada segurando uma sacolinha para receber as doações em dinheiro, entre moedas e cédulas, sem se importarem com o valor depositado e sim com a caridade daqueles que passam para visitar os túmulos.
“A arrecadação é para custear as obras unidas e também as conferências da Sociedade de São Vicente de Paulo”, explica o confrade Antônio Aparecido Martins, que há 18 anos faz parte da SSVP através da Conferência de São Domingos Sávio, da Paróquia São Pedro Apóstolo. “Em Campo Grande, nós temos o Lar São Francisco de Assis, no bairro Nova Lima, que acolhe e auxilia pessoas em vulnerabilidade”, complementou.
A consócia Sueli Figueiredo Martins, que também está há 18 anos nos vicentinos na Conferência de São Domingos Sávio, cita que o dinheiro doado é repassado para todas as conferências da cidade. “Todo o dinheiro é somado e depois dividido entre as conferências da SSVP. Através deste nós conseguimos comprar alimentos, remédios e outras despesas que as famílias assistidas precisam”.
Presentes em muitas das igrejas ao redor do mundo, os vicentinos são conhecidos por prestarem apoio aos mais necessitados, levando cestas básicas, doando roupas e até mesmo oferecendo uma palavra de conforto e oração, além de sempre buscar a promoção das famílias assistidas, ou seja, ajudar para que consigam sair da situação de vulnerabilidade em que estão e possam ter uma vida mais digna e próspera.
O confrade José Lourenço Garcia, com 10 anos de vicentino, comenta que as pessoas que já conhecem o trabalho da SSVP confiam na credibilidade. “Participar da coleta é muito prazeroso. As pessoas doam porque sabem que este é um trabalho sério, verdadeiro, e que o dinheiro deixado por eles vai ser convertido para o bem das famílias carentes da nossa comunidade”, disse ele, que é membro da Conferência Madre Tereza de Calcutá, na Capela de Nossa Senhora Aparecida, no bairro Jardim Marabá.
Mas não são todos o que conhecem o trabalho da Sociedade e muitos que passam pela abordagem dos vicentinos no cemitério não contribuem ou sequer dão a atenção para ouvir a explicação. A consócia Eva Messias Costa, também integrante da Conferência Madre Tereza de Calcutá e com cinco anos de aclamação, conta que algumas vezes acaba escutando coisas desagradáveis do público, como ‘piadinhas’ sem graça.
“Alguns acabam falando bobeiras porque não conhecem o trabalho e não querem ouvir a explicação. Há pouco um homem passou e resmungou afirmando que preferia ajudar o Diabo e colocou um dinheiro no chão e foi embora”, relatou aos risos. “A gente faz uma oração para essas pessoas pedindo que Deus toquem o coração deles e sejam mais compreensíveis”, complementou.
Saiba mais
A Sociedade de São Vicente de Paulo é uma instituição de caridade, formada para dar assistência às pessoas em situação de vulnerabilidade social. Ela existe há 187 anos em mais de 150 países.
No Brasil, tem mais de 150 mil membros, todos voluntários, popularmente conhecidos como ‘vicentinos’. Eles distribuem semanalmente toneladas de alimentos às famílias carentes, ainda cuidam de Hospitais, Lares de Idosos e Orfanatos.
Internacionalmente, a Sociedade de São Vicente de Paulo é membro da Organização das Nações Unidas, participando do Conselho Econômico e Social (Ecosoc).