Fronteira segue fechada e Bolívia decide suspender exportações
A crise na Bolívia persiste pelo sexto dia consecutivo e nesta quinta-feira o Governo Federal decidiu por suspender a expostação de carne, soja, açúcar e óleo por tempo indeterminado ou até que a greve geral no departamento de Santa Cruz seja encerrada. A fronteira de Corumbá com o país vizinho foi fechada por manifestantes no último sábado (22) e nenhum veículo está autorizado a atravessar a linha internacional, apenas pedestres conseguem entrar e sair.
O fim da exportação dos alimentos entrou em vigor na meia-noite de hoje. “Para salvaguardar a segurança alimentar, está suspensa temporariamente a exportação de soja, açúcar, óleo e carne bovina”, declarou o ministro do Desenvolvimento Produtivo da Bolívia, Néstor Huanca, que culpou os representantes da Comissão Interinstitucional promotora do Censo e da Comissão Cívica de Santa Cruz pelas consequências da paralisação do setor produtivo e da ameaça à segurança alimentar da população.
Em entrevista para a imprensa boliviana, o Ministro fez um apelo “à reflexão” às lideranças cívicas e às autoridades departamentais de Santa Cruz para iniciar um diálogo que permita à população boliviana retomar a produção e o fornecimento de alimentos de forma regular e irrestrita. “É uma medida preventiva que estamos tomando”, disse ele. Os manifestantes bloquearam a fronteira em protesto pelo adiamento do Censo Demográfico para 2024 – o grupo pede que aconteça já no próximo ano.
O Censo é importante na Bolívia, já que através dos dados coletados em todo o Pais é feita a distribuição dos recursos públicos aos Departamentos (Estados) e municípios. A população do Departamento de Santa Cruz argumenta que houve um crescimento habitacional desde o último levantamento, feito em 2012, e com isso deveria estar recebendo mais verbas públicas para investimentos em infraestrutura, saúde e segurança pública.
Essa é a terceira vez este ano que a fronteira é fechada por conta de manifestações em prol do Censo Demográfico e também já é a maior de todas até agora. No primeiro dia do ato houve um confronto na fronteira entre contrárias e favoráveis ao protesto e um servidor público acabou morto ao receber uma pancada na cabeça.
Em entrevista ao site local Diário Corumbaense, o presidente do Setlog Pantanal (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística), Lourival Vieira Costa Júnior, disse que um caminhão parado tem prejuízos de até R$ 5 mil dólares ao dia. “A indústria perde dinheiro, importador perde dinheiro, transportador, o porto seco, então, imagina 300 caminhões parados em Corumbá, temos um prejuízo diário de 1,5 milhão de dólares por dia com a fronteira fechada”, estimou.
Também ao site, o chefe da Alfândega da Receita Federal de Corumbá, Erivelto Moisés Torrico Alencar, disse que o valor diário de mercadorias que saem do Brasil para a Bolívia é de R$ 41 milhões e o valor diário de mercadoria que sai da Bolívia com destino ao Brasil é de R$ 4 milhões.
“O fechamento da fronteira está provocando uma perda de 45 milhões de reais a ambos os países, 41 milhões ao Brasil porque exporta valor todos os dias e a Bolívia, 4 milhões, de mercadorias que o Brasil importa. O movimento no comércio exterior chega a 2 bilhões no ano, nesses dias de fechamento estima-se prejuízo de 235 milhões de reais em cinco dias”.
Estima-se que cerca de 8 mil veículos de passeio passam por dia pela fronteira e aproximadamente entre 600 a 800 veículos de cargas cruzam a linha internacional entre Corumbá e a Bolívia.