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Pelas mãos de Cleir, Campo Grande exibe obras que são verdadeiros cartões postais da cidade

Com paisagens exuberantes e riquezas naturais singulares, Campo Grande se destaca pela miscigenação cultural e pela cidade que se desenvolve em meio à relação direta e cotidiana com a fauna e flora do Cerrado.

Em seus 123 anos de história, a cidade exibe, além das belezas naturais, obras que evidenciam sua cultura e sua biodiversidade e grande parte desse acervo foi construído pelas mãos do artista plástico Cleir.

É praticamente impossível pensar na Capital Morena sem a Praça das Araras, o Monumento ao Sobá (localizado em frente à Feira Central), à Deusa da justiça (localizada no Fórum de Campo Grande), os Tuiuius do Aeroporto ou os painéis da Arara Azul (localizado na lateral do Hotel Exceler) e da Arara Vermelha e Papagaio Verdadeiro (localizados no Edifício 26 de Agosto).

Além destas, dois painéis do artista – A Onça Pintada e Tuiuiús, pintados em prédios de Campo Grande, foram apagados, dando espaço a painéis comerciais, mas ficaram marcados na história e na memória da população.

Campo-grandense, o artista autodidata não esconde sua paixão pela natureza, sua maior inspiração em seus mais de 30 anos de trajetória profissional.

“Comecei minha vida artística aos 14 anos pintando minha primeira tela, depois não parei mais. Tenho certeza que meu trabalho contribuiu como inspiração e ideias para outros artistas, pois sempre busquei alternativas para viver da arte, mas o que deixa mais realizado é ver o resultado do trabalho com o tema que escolhi para trabalhar, que sempre foi o de chamar atenção das pessoas do quanto é importante a natureza para nossas vidas e que a gente viver em harmonia com ela nos torna um ser um ser humano muito melhor com tudo”, explica Cleir.

Amor à arte e à natureza – Em 1996, Cleir recebeu o desafio do então prefeito Juvêncio da Fonseca em construir o monumento de três araras na Praça União, localizada no Bairro Amambaí. O Sucesso foi e é tão grande que praticamente ninguém mais conhece o espaço pelo seu nome e sim, por Praça das Araras, um dos principais cartões postais do Estado. Em 2020 a obra passou por restauração, aliando arte e responsabilidade social, por meio de uma campanha realizada em prol do Hemosul, onde, conforme as doações ocorriam, partes das araras ganhavam novas cores.

No ano 2000 Cleir entregou à cidade três simpáticos tuiuiús, que dão boas vindas a quem chega a Campo Grande por meio do Monumento Pantanal Sul. Após quatro anos danificadas devido um vendaval, as obras foram restauradas em 2018, com direito a concurso cultural e batismo às aves, que ganharam os nomes de Zé Bicudo, Majestoso e Asa Branca.

Em 2009, entregou o Monumento ao Sobá. Com 4,5 metros, a homenagem à colônia japonesa em Campo Grande simboliza um dos pratos mais tradicionais da miscigenação cultural da Capital, que é o sobá.

Ainda em 2002, Cleir recebeu o desafio de construir a escultura que representasse a Justiça. Nasce assim a obra Deusa da Justiça, com 4,6 metros de altura, localizada no Fórum da Capital.

Uma de suas obras mais antigas, a Arara Azul ou ‘Arara Sorridente’, localizada no Hotel Exceler, foi inaugurada em 1995 e, após 22 anos, em 2017, foi restaurada por meio de parceria.

Em seguida, os painéis da Arara Vermelha e Papagaio Verdadeiro, inaugurados no ano 2000, receberam apoio para restauração 19 anos depois e foi em um balancinho que o artista realizou a obra, com o desafio de subir e descer várias vezes ao dia por meses, um prédio de prédio de 15 andares e 45 metros.

As revitalizações dos três painéis e do Monumento Pantanal Sul contou com apoio do Sicredi.

“A ideia de pintar as empenas cegas dos edifícios em Campo Grande surgiu numa viagem para São Paulo num evento onde viajamos juntos Pedro Fenelon, que na época ocupava o cargo de presidente da Fundação de Cultura de MS. do ele me fez o convite para participar do projeto Cores na Cidade, eu aceitei imediatamente, foi quando eu fiz o primeiro painel que era a onça pintado no edifício Iná na Avenida Afonso Pena, depois vieram os outros painéis já independente do projeto, porque me identifiquei muito com o que passei a chamar de Galeria a Céu Aberto. As dificuldades no primeiro painel foram grandes por não ter experiência em pintar em local alto (era 50 metros) e por sentir medo, a outra quanto a dimensão o painel da onça mede 280 metros quadrados, era um grande desafio que foi superado pelo prazer de fazer um trabalho que comunicasse diretamente com o público e também pelo conhecimento da técnica do desenho tanto na ampliação quanto na hora de pintar, que é comparar e observar . Outro problema era o equipamento que era utilizado na época bem precário”, relata o artista.

Além das obras em ambiente público, Cleir coleciona belezas em propriedades particulares, inclusive em sua residência, onde em 2018 construiu sozinho, sem nenhum apoio ou investimento, o monumento Alaúde do Pantanal, uma viola de cocho, medindo 16×60 metros. Além disso, há as obras Jardim dos Beija-Flores, uma onça pintada caminhando sobre espelhos d’água, entre outros.

“Tenho certeza que meu trabalho contribuiu como inspiração e ideias para outros artistas, pois sempre busquei alternativas para viver da arte, mas o que deixa mais realizado é ver o resultado do trabalho com o tema que escolhi para trabalhar, que sempre foi o de chamar a atenção das pessoas do quanto é importante a Natureza para nossas vidas e que a gente viver em harmonia com ela nos torna um ser um ser humano muito melhor com tudo. Acredito que a obra urbana nas fachadas de prédios em muros e paredes socializam a arte e dividem a expressão artística de uma forma direta com o público por o que fazemos de arte não tem sentido se não compartilharmos com as ruas os bairros as cidades o estado e nosso país e o mundo”, pontua.

Após cerca de um ano e meio residindo e trabalhando no Paraná, onde trabalhou na cidade de Arapongas construiu obras de pássaros, Cleir volta a Mato Grosso do Sul com novos projetos e inspirações.

“Campo Grande é a cidade nasci e com certeza minha grande fonte de inspiração, junto à natureza que temos no nosso Estado, principalmente na Capital. Basta sair pela cidade para contemplarmos com o show que a fauna e a flora nos proporcionam, com um pôr do sol maravilhoso e quando tem lua cheia que ela nasce no horizonte é fantástico”, finaliza o artista que declaradamente ama a Capital Morena.

Em breve, o artista que tem obras em Bonito, Corumbá, Aquidauana, Dourados, Bodoquena, Ladário e Bataguassu, inicia um trabalho de revitalização da obra Garça Branca, em Rio Verde de MT.

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