DERF concluí inquérito, descarta irmã da vítima e trio que matou pecuarista vai responder por latrocínio
O trio que matou a pecuarista de 38 anos dentro de um condomínio de luxo em Campo Grande no dia 28 de julho vai responder pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Nesta segunda-feira (08), a Derf (Delegacia Especializada em Roubos e Furtos) apresentou a conclusão do inquérito policial e confirmou que a irmã da vítima não tem qualquer ligação com a morte, conforme vinha sendo investigado.
Em entrevista à imprensa, o delegado Francis Flavio Freire, responsável pelo caso, disse a empregada mais velha, de 42 anos e que trabalhava a sete anos na casa, foi quem planejou toda a ação. Ela queria roubar R$ 50 mil, forçando a patroa a transferir o dinheiro via PIX. A polícia descobriu que essa empregada estava devendo cerca de R$ 30 mil para um agiota e, para o roubo, contratou a filha, de 24 anos, e o cunhado dela, de 21 anos, prometendo dar R$ 10 mil para cada um.
Na versão da mandante, o assalto foi inventado para intimidar a vítima, pois precisava conseguir dela a assinatura dos documento relacionados a uma negociação de gado por parte da irmã da patroa, para quem a empregada trabalhou anteriormente. Em troca dessa assinatura, segundo ela, receberia a ajuda financeira. No entanto, a empregada tentou sair ganhando mais do que deveria na ação e aproveitou o assalto simulado para roubar R$ 50 mil, fazendo com que a vítima acreditasse que a irmã havia enviado o assaltante como uma ameaça.
Apesar disso, a irmã da vítima negou. Em seu depoimento, confessou que ofereceu uma recompensa para que a empregada conseguisse a assinatura dos documentos. “Queria que esse documento não passasse pelos advogados da vítima, porque na visão dela, eram eles que estavam dificultando”, explicou o delegado Francis Flavio Freire. “Durante a investigação ficou patente que o crime foi planejado no dia anterior e, inclusive, momentos antes do crime, a empregada tirou o cachorro da vítima da residência e o deixou num pet shop para que não dificultasse a ação criminosa”, complementou o responsável pelo caso.
Com os criminosos, a polícia localizou um macbook, dois celulares da marca Iphone e uma caixa de som da marca JBL que pertenciam a vítima. O delegado disse que conseguiu provas materiais, como os celulares da vítima que foram encontrados escondidos dentro de uma fossa na casa da filha da empregada, no Bairro Cristo Redentor, além de pedações de fita silvertape idênticas às encontradas no local do crime e usadas para amarrar a vítima.
O caso
O crime aconteceu em uma casa localizada dentro de um condomínio de luxo do Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, no dia 28 de julho, por volta das 13 horas. Segundo a empregada, naquele dia ela chegou na residência por volta das 6h40min e encontrou a patroa acordada, fazendo uso de bebidas alcoólicas. Já a filha da empregada, que também trabalhava na casa, disse que chegou às 7h. Um dia antes a ação já estava toda planejada.
Durante a manhã, a empregada-mãe limpou a casa, recolheu garrafas de bebida, lavou a calçada, passou roupas e chamou a filha Jéssica para ir às compras no atacadista na Rua Marquês de Lavradio. Elas deixaram o local às 10h30min. No estacionamento, o cunhado aproveitou que o carro das empregadas estava aberto para entrar e simular um sequestro relâmpago.
Depois disso, os três foram até uma loja de utilidades localizada na Avenida Ministro José Arinos, onde compraram uma arma de brinquedo e também foram até um posto de combustíveis para comprar cigarros. Somente então retornaram para o condomínio.
Nesse meio tempo, segundo a verdão da empregada-mãe que planejou toda a ação, os três passaram a discurtir sobre os valores que iriam roubar e a divisão para cada um. Apesar disso, seguiram com o esquema e, na residência, a filha dela e o cunhado entraram fingindo que ela estava como refém dele, que usava a arma de brinquedo.
Na ação, o cunhado pediu que a vítima fizesse um PIX de R$ 50 mil para a conta bancária da filha da empregada-mãe, que naquela situação estava como a sua refém. No planos deles, a jovem sacaria o valor a pretexto de que teria sido obrigada pelo assaltante e depois o dinheiro seria repartido entre os três.
Entretanto, a patroa resistiu a abordagem. Ao ser imobilizada, a vítima passou a se debater e, para conseguir segurar a mulher, o cunhado passou a apertá-la com um pano no rosto, mas acabou usando muita força e a mulher morreu asfixiada. Ao ver que ela havia morrido, os dois levaram o corpo para o andar de cima da casa.
A empregada-mãe jogou água na tentativa de acordar a patroa, mas ela já estava morta. Depois disso, o cunhado foi levado de carro até a casa dele no bairro Tiradentes e voltou para a residência da patroa. No local, junto com a filha, pediu ajuda a um vizinho, que é militar aposentado. Ele acionou a polícia e o caso passou a ser investigado, inicialmente acreditando que as duas empregadas tinham, de fato, sido sequestradas no mercado.
Mas as informações passaram a ficar desencontradas e logo a polícia descobriu que as duas estavam envolvidas no crime. Mãe e filha foram presas no mesmo dia, quando confessaram tudo. Já o cunhado conseguiu fugir e só foi localizado no dia 1º deste mês, em Dourados, tentando fugir para o Paraguai. Os três estão presos preventivamente e foram indiciados por latrocínio.