Ligação gravada mostra desespero da vítima e do marido, que ouvia tudo do outro lado da linha
A mulher de 28 anos que foi vítima de uma tentativa de estupro durante uma corrida na madrugada de segunda-feira (06), em Campo Grande, estava conversando por telefone com o marido antes de ter sido alvo do ataque do motorista de aplicativo. A gravação da ligação foi entregue nesta terça-feira (07) pela vítma à investigação do caso e disponibilizada à imprensa. Pelo áudio, é possível sentir o pavor e o desespero dela diante da situação inimaginável. O agressor chegou a ser preso, negou o crime, e está solto.
De acordo com o depoimento dela, logo que o motorista cancelou a viagem contratada no meio do trajeto, ela ligou para o marido, que estava fazendo o acompanhamento em tempo real da corrida. Ainda antes de ser atacada pelo homem, o marido argumenta: “Estranho cancelar né, estava acompanhando a viagem, dai suspendeu”. Com isso, a vítima perguntou ao motorista sobre o cancelamento da sua corrida durante o trajeto e ele respondeu que iria reportar o problema ao aplicativo depois que concluísse a viagem.
A vítima usou a opção de compartilhamento de localização em tempo real do aplicativo WhatsApp para que o marido pudesse acompanhar a viagem. Foi nesse momento que o motorista desviou o caminho e entrou em uma rua escura. Na ocasião, o motorista alegou que tinha errado o caminho e que iria fazer o retorno. A mulher pediu para que ele ligasse o GPS e passou a dar as coordenadas do local para onde estava indo.
Em seguida, o motorista novamente surpreendeu a passageira, dessa vez dizendo que precisava parar em um posto para abastecer o carro. Ela concordou em esperar, mas depois sugeriu ao motorista que a deixasse na rodoviária novamente. E então ela foi atacada pelo homem, que primeiro passou a mão em seus cabelos e depois tentou tomar o celular e cortar a ligação. O marido, ouvindo os gritos da mulher, passou a gritar pedindo para que ela saisse do carro. No entanto, as portas do automóvel estavam trancadas. Após isso, a ligação foi encerrada.
Ouça a gravação da ligação no play abaixo:
Motorista disse que usou drogas antes, mas negou o crime
Em depoimento, o motorista de aplicativo negou o crime e afirmou que estava dirigindo sob o efeito de drogas. O profissional, de 38 anos, foi detido pela Polícia Militar logo após tentar render uma passageira nas imediações da rodoviária. A vítima conseguiu sair do carro, modelo Ford Ka de cor prata, e pedir por socorro.
Na versão do sujeito, que não teve a identidade confirmada, ele buscou a passageira na rodoviária por volta das 4h30min e, já quando estava com a mulher no carro, acabou errando o caminho. Diante disso, avisou a mulher que faria o retorno e, nesse momento, acabou entrando em uma rua escura. A mulher, conforme o depoimento do motorista, se apavorou e começou a gritar e ele também entrou em pânico.
Na sequência, a passageira saiu correndo de dentro do carro, deixando seus pertences lá dentro. O motorista disse que, diante da situação, jogou para fora todos os objetos deixados pela mulher, porém, outros acabaram ficando debaixo do banco. Ele alegou que não teve tempo de fazer o relatório sobre a corrida ao aplicativo. Quetionado sobre ter cancelado a corrida ainda durante o trajeto, o motorista justificou que fez o procedimento ‘sem querer’ e ainda afirmou que usou pasta base de cocaína horas antes.
Vítima alega que houve tentativa de estupro
De acordo com o depoimento da vítima, 28 anos, ela contratou a corrida por um aplicativo logo que chegou de Ponta Porã, na rodoviária da Capital, e no caminho até o seu destino percebeu que o motorista tinha cancelado a viagem. Diante disso, questionou o que tinha acontecido e foi surpreendida pelas ruas escuras. O profissional alegou para ela que iria abastecer, mas ao passar perto de um posto ele parou o carro e trancou as portas.
No ato, o motorista começou a alisar o cabelo da vítima e depois puxou e pegou o celular dela, momento em que ela começou a gritar por socorro. Com isso, o motorista religou o veículo e deu sequência na viagem, mas ela abriu a janela e se jogou do veículo quando ainda estava em movimento. Ela correu e conseguiu pedir celular emprestado para uma pessoa que passava na rua e ligou para a Polícia Militar e depois para o marido.