No buraco: usuários reprovam Consórcio Guaicurus, que tenta um novo reajuste da tarifa
Trocar os ônibus antigos por modelos novos, cobrir os pontos, acabar com os atrasos, disponibilizar o ar-condicionado nos veículos, aumentar a frota das linhas, reformar os terminais de transbordo e, principalmente, dar voz aos usuários do sistema. Essas foram as principais opiniões registradas em um estudo promovido pelo Instituto Ranking sobre a qualidade do serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus em Campo Grande.
A pesquisa foi divulgada na sexta-feira (25) e confirmou o cenário que já é conhecido por todos: o do descontentamento com o sistema de transporte público, que há muitos anos está nas mãos do mesmo conglomerado de empresas de viação. Sem uma grande ação de fiscalização por parte dos órgãos responsáveis, especialmente da Câmara Municipal de Campo Grande, o Consórcio Guaicurus segue operando com todas as falhas incansavelmente relatadas pelos usuários.
Conforme os números do levantamento, o serviço de transporte coletivo é reprovado, com avaliações de péssimo e ruim, por 80,50% dos campo-grandenses. Apenas 4% o classificam de ótimo ou bom e 10,20% o definem como regular. Não sabem e não responderam 5,30%. A pesquisa apontou ainda que 80,10% dos entrevistados são a favor da abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) pela Câmara enquanto que 9,50% são contra. Não sabem ou não responderam são 10,40%.
A proposta de instaurar na Câmara Municipal uma CPI para investigar o Consórcio Guaicurus é antiga, mas nunca avançou na Casa de Leis, sempre ficando na promessa ou não conseguindo atingir o número mínimo de assinaturas de adesão. A última tentativa aconteceu há cerca de um mês, quando o vereador André Luis (Rede) apresentou o requerimento com o objetivo de investigar as empresas de ônibus a partir do contrato de concessão, de outubro de 2012 até 2022.
Consórcio Guaicurus quer novo reajuste da tarifa
Enquanto os usuários reclamam da qualidade do serviço, o Consórcio Guaicurus tenta reajusta o valor da tarifa. Nesta semana, foi protocolado na Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) o pedido de uma nova revisão da tarifa técnica em razão do último aumento do preço do óleo diesel.
Calculada em R$ 5,14 no ano passado, a previsão é que o valor da tarifa técnica possa chegar neste ano a até R$ 5,50. O consórcio quer que a Prefeitura de Campo Grande assuma essa diferença, dando o subsídio para que a população não precisasse arcar com a diferença no preço.
Sobre isso, o Instituto Ranking questionou os usuários e a maioria se revelou contra o uso de verbas públicas para subsidiar o transporte coletivo. Do total dos entrevistados, 82,40% não concordaram com a medida, enquanto 3,60% se mostraram favoráveis. Não sabem ou não responderam somam 14%.
O último reajuste do valor da passagem ocorreu no início do ano, passando para R$ 4,40, ficando R$ 0,20 acima do valor anterior. Na época, para que o valor não fosse ainda maior, ficou acertado que o Município arcaria com o custo das passagens gratuitas dos estudantes da Rede Municipal de Ensino (REME) por meio de 12 prestações na ordem de R$ 1 milhão.
Usuários querem concretização das prometidas melhorias
Na pesquisa espontânea, os moradores e usuários deram várias opiniões do que querem que melhore no transporte coletivo de Campo Grande. São reinvindicações antigas que os responsáveis envolvidos poderiam colocar em prática: mais ônibus nas linhas (27,30%), trocar os ônibus velhos (22,40%), cobertura nos pontos de embarque e desembarque (17,30%), mas ônibus com ar-condicionado (15,20%), mais respeito aos usuários (12,00%), baixar os preços dos passes (11,50%), reformar os terminais (9,40%), manter os terminais limpos (8,00%), acabar com os atrasos (7,50%), ouvir as opiniões dos usuários (6,10%) e outros (5,40%). Não sabem ou não responderam somaram 4,50%.
Pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 22 de março deste ano em todas as regiões de Campo Grande: Anhanduizinho 28,80%; Bandeira 13,40%; Centro 10,10%; Imbirussu 12,60%; Lagoa 13,20%; Prosa 10,00%; Segredo 11,50%; Distritos de Anhanduí e Rochedinho 0,40%, com pessoas acima de 16 anos. Foram ouvidas 1.000 pessoas com 16 anos ou mais e tem o registro no TSE de número BR-05598/2022. A margem de erro máxima estimada foi de 3%, para mais ou para menos.
Dos entrevistados 45,80%, são masculinos e feminino 54,20%. Faixa etária: 16 a 24 anos 12,10%, 25 a 34 anos 22.00%, 35 a 44 anos 21,60%, 45 a 59 anos 25,80%, 60 anos ou mais 18,50%. Escolaridade: analfabeto/lê e escreve 3,70%, ensino fundamental incompleto e completo 24,30%, ensino médio incompleto e completo 40,40%, superior incompleto e completo 31,60%. Renda: até 1 salário mínimo 13,10%, de 1 a 2 salários mínimos 20,30%, de 2 a 5 salários mínimos 38%, de 5 a 10 salários mínimos 17,50%, mais de 10 salários mínimos 11,10%.