Em um ano, biofábrica contabiliza mais de 23 milhões de mosquitos soltos com a bactéria Wolbachia
A Biofábrica instalada na sede do Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS), desde que entrou em operação, já produziu 23 milhões de mosquitos com a bactéria Wolbachia – usados para o enfrentamento da Dengue, Zika e Chikungunya. Até o momento, 32 bairros de Campo Grande já foram atendidos nas três fases e já mobilizou 200 mil pessoas com engajamento ao programa.
Segundo o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, os resultados do Método Wolbachia são extremamente animadores e representam um verdadeiro alívio para Mato Grosso do Sul, que sofre há muitos anos com a Dengue. “Estamos entusiasmados com os resultados deste projeto. Assim, queremos evoluir e expandir esta iniciativa para outras cidades do Estado”.
Para o gestor da WMP/Fiocruz no Brasil, Gabriel Sylvestre, o wolbito se estabeleceu de forma positiva em Campo Grande. “Após a soltura, a gente espera que o wolbito se estabeleça, cruze e tenha filhotes com a Wolbachia. Assim, constatamos que há bairros com excelentes resultados, com índice de 60%. Isto significa que temos uma sustentabilidade em campo, fator responsável pelo sucesso do projeto. O engajamento da população em relação ao projeto também foi muito positiva”.
É importante ressaltar os mosquitos (wolbitos) não foram liberados tudo de uma vez. Por cinco meses de trabalho intenso, uma vez por semana os agentes de saúde liberam entre 100 a 150 mosquitos por 16 a 20 semanas. “Cada fase do programa compreende cerca de 7 mil pontos de soltura por semana”, explica Gabriel Sylvestre.
Outra iniciativa do programa é a liberação de wolbitos através de dispositivos de liberação (DLO) de ovos, a “Casa do Wolbito”. Este método é empregado pelo World Mosquito Program acontece nas Moreninhas. A “Casa do Wolbito” é um recipiente plástico contendo água e uma cápsula que já vem pronta do Rio de Janeiro com ovos de wolbitos e ração para as larvas. Esses dispositivos serão instalados em espaços públicos da região. Neste recipiente, os wolbitos se desenvolvem, passam por todos os estágios larvais até atingirem a forma adulta alada e saírem voando para proteger a região da dengue, Zika e chikungunya.
Método Wolbachia
O Método Wolbachia é resultado da descoberta do WMP de que o mosquito Aedes aegypti, quando contém a bactéria Wolbachia, tem sua capacidade reduzida na transmissão de doenças. Campo Grande foi escolhida por ser uma cidade de médio porte e vinha sofrendo com a alta incidência de Dengue e por isso foi escolhida no Centro-Oeste para mostrar que o projeto pode funcionar em diversos biomas do Brasil.
O projeto consiste no engajamento da população e depois entra a fase de liberação dos mosquitos por determinado período, cerca de 16 semanas. Esses mosquitos vão se cruzando na natureza e, com o passar do tempo, haverá uma grande porcentagem do mosquito naquela localidade com a Wolbachia, com isso esperamos ter uma redução das doenças e podemos proteger a população.
A Wolbachia é uma bactéria intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, ela impede que os vírus da Dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito, contribuindo para redução destas doenças. Não há modificação genética nem no mosquito, nem na bactéria.