Bancos de dados auxiliam na abordagem e otimizam atendimento à população em situação de rua, migrantes e estrangeiros
Quem observa nas ruas o trabalho das 12 equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social, da Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), não imagina a estrutura de informações que garante a otimização e agilidade do trabalho. Desde o número de vagas disponíveis em cada uma das quatro unidades de acolhimento que integram a rede de Assistência Social do município, até o mapeamento das regiões com maior número de denúncias e abordagens, tudo é gerenciado por dois bancos de dados implantados no ano de 2019.
Criados pelo assessor técnico da Superintendência e Gestão do SUAS, Joniferson Corvalan Rodrigues, o Sistema Cloud SAS (Cadastro Centro Pop Triagem na Unidade) auxilia na efetividade do cadastro e acompanhamento das pessoas encaminhadas ao Centro Pop, com o objetivo de realizar a triagem técnica na unidade. Já o Cloud SAS (Cadastro de Rotas) oferece suporte às equipes do SEAS quanto ao trabalho de abordagem nas cinco regiões de Campo Grande.
Antes da criação dos bancos, as informações eram compiladas de forma manual, burocratizadas por meio de documentos impressos, o que causava morosidade, dificultando a interlocução entre usuários e equipe técnica.
Segundo a superintendente da Gestão do SUAS, Marcilene Rodrigues, os bancos de dados otimizaram em 80% a dinâmica do trabalho na rede de Assistência Social, servindo de referência para as demais políticas públicas.
“Eles possibilitam informações em tempo real e agilizam o atendimento ao usuário. São ferramentas confiáveis que permitem um controle seguro de dados. Além disso, podemos trabalhar off-line por um período de tempo caso haja oscilações na internet, evitando a perda de dados”, explicou Marcilene.
Pelo sistema implantado no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), localizado na Rua Joel Dibo, as equipes podem realizar um acompanhamento e buscar informações rápidas sobre o usuário e gerar, em tempo real, dados e estatísticas através de registro de informações feito por técnicos e equipe administrativa.
Já no sistema elaborado para o Cadastro de Rotas das equipes do SEAS, é possível atender denúncias e realizar busca ativa. O objetivo também é mapear os territórios com maior índice de denúncias e abordagens, constando o registro da data, hora e local das abordagens, gerando dados estatísticos e até possibilitando aos técnicos, calcular os quilômetros percorridos pelas equipes durante o dia, semana, mês e ano. As informações podem ser acessadas através de desktop, notebook ou via celular, em tempo real.
Para garantir o atendimento integral do usuário, a SAS também dispõe de um banco de dados nas unidades de acolhimento institucional, incluindo as organizações da sociedade civil (OSC’s) com a proposta de compilar todo o histórico do usuário que passou pelo serviço da política de Assistência Social do município, com isso, as equipes das unidades podem compartilhar da mesma informação otimizando o atendimento e encaminhamento do usuário.
“Com esses sistemas, pudemos oferecer uma abordagem de melhor qualidade e melhorar as questões de encaminhamento do usuário, comunicações, controle e monitoramento de informações da SAS com as unidades”, afirmou Marcilene Rodrigues.
Humanização
O investimento em tecnologia é essencial para a agilidade dos serviços, mas a humanização do atendimento é o que faz a diferença no momento da abordagem. Uma das características do serviço é realizar a busca ativa diversas vezes em um mesmo ponto da cidade, frequentado por algum usuário que tenha recusado o acolhimento. Foi assim com Max Marques da Costa Santos, acolhido na Unidade de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias (UAIFA I).
Atendido pelas equipes do Centro POP desde 2014, ele ressaltou a abordagem carinhosa que sempre o convenceu a buscar apoio nas unidades de acolhimento. “Elas sempre passam pelo semáforo onde costumo ficar e questionam se preciso de alguma coisa, se está tudo bem e oferecem acolhida. O respeito e carinho com que tratam a gente é muito grande. Muitas vezes tenho vergonha de aceitar ajuda porque, além de morar nas ruas, sou homossexual e as pessoas têm um olhar diferente, mas agora estou disposto a mudar”, contou Max, que aceitou participar do curso de cabeleireiro e barbeiro, que será ministrado na próxima semana na UAIFA I.
Acolhido há uma semana no mesmo local, José Carlos Nunes Ferreira também já foi abordado pelas equipes do SEAS diversas vezes e, depois de passar por tratamento em comunidade terapêutica, decidiu voltar para as ruas após problemas pessoais.
“Eu estava bem, mas sofri uma desilusão muito grande. Quando me abordaram, senti segurança e aceitei. As equipes conversam sobre oportunidades, acolhimento, mas às vezes não dá pra ir naquela hora, por vergonha. Depois a gente se sente sozinho e uma conversa amiga faz toda a diferença. Quando estava na rua pensava muito no atendimento aqui da UAIFA”, ressaltou Carlos, que também se interessou pelo curso de cabeleireiro e agora planeja reconstruir a vida com uma nova carreira.