CPI da Pandemia debate momento ideal para encerramento dos trabalhos
O momento ideal para o encerramento da CPI da Pandemia foi motivo de debate entre senadores de todos os campos políticos ao longo desta semana. O surgimento de informações novas, a marcação de depoimentos adicionais e a discussão do conteúdo do relatório final levaram membros da comissão a admitir rever a ideia inicial de dar por terminados os trabalhos na semana que vem. Oficialmente, a CPI, que já foi prorrogada uma vez, pode ir até o dia 5 de novembro.
— Eu acho que nós teríamos que ter mais duas semanas de CPI. Hoje é mais razoável pensar na conclusão dos trabalhos para a primeira semana de outubro. Há 30 requerimentos pendentes, já aprovados. Temos que escolher quais dessas convocações nós vamos pautar — detalhou Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão.
O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), reiterou nesta quinta-feira que a decisão será colegiada. A previsão era de que o relatório final seria entregue até o próximo dia 24. A comissão está colhendo, porém, novas contribuições — entre elas, a de um grupo de juristas liderado por Miguel Reale Jr.
— O relatório é o produto do que a comissão quer e pensa. A tarefa com que me honraram foi exatamente essa, e eu vou me adequar ao seu cumprimento — resumiu Renan.
Na sessão de terça-feira (14), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), disse concordar com a antecipação da entrega do relatório, desde que essas antecipações não “acabem cerceando o trabalho de todos”.
Otto Alencar (PSD-BA) afirmou acreditar que o relatório possa ser entregue até a sexta-feira da próxima semana (24), apesar da possibilidade de surgimento de outros fatos a investigar:
— Toda hora está surgindo um elemento novo, nessa trama grande de corrupção que tem o governo Bolsonaro no Ministério da Saúde.
Próximos depoimentos
Entre os depoimentos que a CPI anunciou para a próxima semana, estão os de Wagner Rosário, ministro da Controladoria-Geral da União, e Pedro Batista Jr., diretor-executivo da Prevent Senior, que faltou à oitiva prevista para esta quinta-feira (16) alegando ter recebido a convocação em cima da hora. Randolfe Rodrigues defendeu ainda o depoimento de Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos, empresa acusada de irregularidades na negociação de contratos com o Ministério da Saúde.
Ainda não há consenso, segundo Humberto Costa (PT-PE), em relação à convocação de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro. Requerimento convocando-a foi aprovado na quarta (15). Há indícios de vínculo entre ela e investigados pela CPI por tráfico de influência, mas não há certeza quanto à pertinência desses casos para o objeto da CPI.
— O mais correto: tem um pedido de CPI do senador Alessandro Vieira, chamada “CPI da Rachadinha”. O melhor seria conseguir essas assinaturas. Aí a gente traz essa gente todinha — explicou Humberto.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), propôs a inclusão na pauta de pelo menos um depoimento de médico, dentre os vários que enviaram mensagens à CPI, para relatar ameaças sofridas por se recusarem a adotar o chamado “tratamento precoce”, com medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19.
— Seria importante, respeitando os profissionais de saúde, para não os expor, que a gente tivesse pelo menos um que pudesse aqui testemunhar publicamente para a nação brasileira o que ocorreu de verdade. Nós temos mensagens, gravações fortíssimas — explicou Omar Aziz.
Voto em separado
Marcos Rogério (DEM-RO), um dos senadores que vêm fazendo a defesa das posições do governo Bolsonaro na CPI, acusa o colegiado de preparar “um relatório que vai mais pela via da lógica pré-eleitoral do que propriamente um relatório técnico”. Ao longo de todo o funcionamento da comissão, ele cobrou a investigação de suspeitas de desvio de recursos federais enviados aos estados. Ele anunciou que fará um voto em separado ao relatório:
— Pretendo colocar nesse voto tudo aquilo que apuramos na CPI e aquilo que coletamos, enquanto provas e evidências, a partir das informações e documentos que foram enviados à CPI.