Setembro verde: ALEMS atuando no incentivo à doação de órgãos
Eram mais de 40 mil brasileiros que esperavam por um transplante em 2020, a chamada lista de espera por órgãos agora ainda é maior, consequência da pandemia da Covid-19. São 50 mil pessoas que ainda têm que lidar com queda na taxa nacional de doadores nos anos anteriores, que foi de 12,7%, em 2019 e 2020.
Desde 1993, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) tem atuado na sensibilização da população sul-mato-grossense no incentivo à doação de órgãos e tecidos. A Lei 1.414, de 13 de setembro de 1993, de autoria do deputado Cícero de Souza, instituiu a Semana Estadual de Doação de Órgãos e Tecidos no Estado.
O deputado Renato Câmara (MDB) propôs uma alteração na lei, que resultou na Lei 5.410, de 2 de outubro de 2019, e a campanha passou a integrar o Calendário Oficial de Eventos de Mato Grosso do Sul. Assim, a semana de 21 a 27 de setembro é dedicada à promoção e ao apoio à doação de órgãos e tecidos para fins de transplantes e sensibilizar a população sobre a importância do tema.
Renato Câmara falou sobre o tema. “A Semana Estadual de Doação de Órgãos veio no sentido de divulgar a importância da doação de órgãos, porque existe ainda muito preconceito. A doação de órgãos é fundamental para salvar vidas, é preciso então deixar as informações claras, o debate com a comunidade, esclarecendo as dúvidas das pessoas, teremos condições de avançar neste sentido, salvar vidas com a doação de órgãos”, ressaltou o autor da lei.
Claire Miozzo, coordenadora da Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul (CET-MS), falou sobre o Setembro Verde. “Neste mês de setembro, comemoramos o mês do doador de órgãos e tecidos para transplantes e solicitamos a várias instituições a aderirem a essa campanha iluminando as fachadas na cor verde, com o objetivo de chamar a atenção da população sobre a importância desse assunto. Precisamos conversar sobre doação de órgãos e tecidos, e deixar claro nossa vontade de ser doador, pois quem autoriza a doação de órgãos e tecidos é a família”, relatou.
“Atualmente na CET-MS temos quatro pessoas aguardando um coração, 147 aguardam rins e 262 aguardando um transplante de córneas. Em 2020, foram realizados três transplantes de coração, 23 de rins, e 103 de córneas. Este ano já foram transplantados em Mato Grosso do Sul um coração, 85 córneas e sete pessoas receberam rins”, informou Claire Miozzo.
Claire Miozzo fala sobre o trabalho executado pela Central Estadual de Transplantes. “Estou na coordenação da CET-MS desde 2003. Tivemos muitos desafios e muitas conquistas nesses anos e trabalhamos gerenciando as atividades de transplantes em âmbito estadual 24h por dia, sete dias por semana. É um trabalho apaixonante. Sabemos que o processo de doação e dos transplantes é uma tarefa de muita responsabilidade, mas é muito gratificante, pois fazemos parte de lindas histórias de vidas de muitas pessoas”, declarou.
A mensagem que a coordenadora da Central de Transplantes deixa a toda população sul-mato-grossense fala sobre empatia com a dor do próximo. “Agradeço a Deus pelas famílias que no momento de dor, dizem sim a doação de órgãos e tecidos, pois, graças a esse gesto de amor, muitas vidas são salvas. Doe órgãos, doe vida! Converse com sua família, diga sim à doação de órgãos e tecidos!”, disse Claire Miozzo.
Transplante na pandemia
Lorena Teixeira Webster conta sobre o diagnóstico do Lúpus em 2013. “Fiquei doente em 2013 com o diagnóstico de Lúpus que afetou minha função renal. Na época cheguei a fazer diálise peritoneal por cinco meses e então recuperei um pouco da função e consegui sair da diálise, controlando por meio de dieta. Ainda assim o médico que tratava do meu caso disse que eu precisaria futuramente de um transplante”, disse.
Lorena contou como foi a evolução da doença e o processo para marcar a cirurgia de transplante. “Durante esse tempo acompanhamos de perto a evolução da doença e, no final de 2018, ele me disse que chegou a hora de nos prepararmos para o transplante. Foi então que eu e minha família iniciamos os exames e eu consegui dois doadores compatíveis, meu esposo e meu irmão. Os médicos escolheram o meu marido por ser o mais velho. Aí marcamos a cirurgia algumas vezes, mas teve que ser adiada por causa da pandemia. Fiquei um pouco frustrada, mas aceitei numa boa, porque eu também estava com medo de estar no hospital na pandemia. E durante esse tempo eu tive que controlar a alimentação, ajustar o remédio da pressão, aumentar a injeção que eu tomava devido à anemia e fazer o acompanhamento médico mensal”, relatou.
“Ainda está bem recente. Estou bem, em casa, só algum incômodo por causa da cirurgia, o que é normal, mas estou sem dor, o apetite já melhorou também, pois antes eu estava sempre enjoada e era difícil comer. Não estou tomando mais remédios para controlar a pressão arterial, e os resultados dos meus exames estão bons”, contou Lorena sobre a cirurgia de transplante, realizada recentemente.