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Querem o crédito da cura, mas não assumem a culpa pelas vidas perdidas

Teve início nesta semana  uma disputa pelo crédito em torno de quem será o responsável por produzir a primeira vacina contra o Covid-19 totalmente brasileira.

O feito, um avanço marcante para a ciência nacional, deveria ser celebrado da mesma maneira em que gritamos ao gol de Ronaldo na final da Copa do Mundo de 2002.

No entanto, o que temos visto é uma disputa absurdamente política e que visa, unicamente, atender aos interesses pessoais de cada liderança.

Todos querem bater no peito e dizer que foram os responsáveis pela primeira vacina brasileira, mas ninguém vai até o microfone para assumir a responsabilidade pelas mais de 300 mil vidas perdidas nesta guerra epidemiológica.

Decisões tomadas erradas, ações feitas de forma muito atrasada, falta de controle e planejamento para evitar o aumento no número de casos e a insegurança transmitida à população são alguns dos exemplos de atos não assumíveis pelos governantes.

Com a aproximação do ano eleitoral de 2022, os rostos daqueles que querem tomar o poder começam a aparecer com mais frequência e, claro, usando a pandemia como desculpa para isso.

Todos vão dizer que fizeram de tudo para evitar os casos e também para salvar a atividade econômica; vão dizer que foram obrigados a restringir o comércio; irão se vangloriar ao afirmarem que não precisaram recorrer ao temido lockdown, pois as suas decisões foram as mais corretas.

já àqueles que padeceram serão lembrados no toque final da propaganda eleitoral numa mensagem de luto.

Para finalizar, cito um trecho da música de Lenine, ‘Paciência’, em que diz “enquanto todo mundo espera a cura do mal. E a loucura finge que isso tudo é normal. Eu finjo ter paciência”.

* Aluízio Borges é advogado, empresário, ex-deputado estadual de Mato Grosso do Sul e ex-vereador de Campo Grande.

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