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Sem forças para evoluir, MS vê o futebol de MT chegar ao auge

Enquanto os times sul-mato-grossenses ainda buscam por uma explicação diante do vexame desta semana na Copa Verde, onde Águia Negra (atual bicampeão estadual) perdeu de 4 a 0 e o Aquidauanense (atual bivice-campeão estadual) foi humilhado por 7 a 0, o nosso Estado vizinho celebra o retorno à elite do futebol nacional após 35 anos de uma descrença absoluta.

O Cuiabá Esporte Clube, um clube-empresa fundado em 2001, conquistou nesta última semana o inédito acesso à primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Um feito que não era visto em MT desde 1986, quando o Operário de Várzea Grande representou o Estado na competição nacional, cujo o formato da época dava a cada campeão estadual uma vaga direta.

Desde que o Brasileirão foi reformulado no final dos anos 80 e depois em 2003, quando passou a ser disputado pelo atual sistema de pontos corridos, essa é a primeira vez que um clube local consegue chegar à Série A através de seus próprios méritos.

O Cuiabá deve ter a sua administração como um exemplo para os demais clubes, não apenas do seu Estado, mas para todos do País.

Em 20 anos de existência, a equipe saiu do anonimato, enfrentou problemas financeiros nos primeiros 10 anos e que resultaram até mesmo no fechamento e na sua venda, mas superou e, em 2009, alcançou a primeira divisão de MT. De lá para cá, foi campeão estadual 9 vezes, assumindo o protagonismo de principal clube mato-grossense.

À nível nacional, foi bicampeão da Copa Verde e este ano chegou até as quartas de final da Copa do Brasil pela primeira vez. É maior participação de uma equipe mato-grossense em toda a história da competição.

No Brasileirão, foram dois anos na Série D até conseguir subir à Série C, onde lutou por sete anos até garantir o acesso à Série B, em 2018. Dois anos depois, a caminhada de sucesso é concluída com a merecida conquista da vaga na elite do futebol brasileiro.

Ficou muito maior a distância do nível futebolístico entre MT e MS. Nos últimos anos, o futebol sul-mato-grossense vem colecionando vexames históricos, como a memorável goelada sofrida pelo Naviraiense na Copa do Brasil de 2010, perdendo por incríveis 10 a 0 para o Santos.

No ranking nacional das federações da CBF, a Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) aparece na 23ª colocação, à frente apenas de Tocantins, Rondônia, Amapá e Roraima. Em 2020, foi superada pelo Espírito Santo e como consequência deixou de ter direito a duas vagas na primeira fase da Copa do Brasil, passando a ter apenas uma.

A nós torcedores, resta lembrar de quando o Operário venceu o Módulo Branco do Campeonato Brasileiro (equivalente a atual Série B) de 87 e de quando terminou na terceira colocação no Brasileirão de 77, ano marcado pela passagem do ídolo goleiro Manga pelo clube.

O último grande feito de um time sul-mato-grossense numa competição de nível nacional foi em 1994, quando o Comercial chegou até as quartas de final da Copa do Brasil, sendo eliminado pelo Linhares (ES) após uma derrota e um empate.

Desde então, o nosso futebol passou a atuar apenas como um figurante nas competições.

Com uma FFMS que não muda a sua gestão há 30 anos e ainda sem qualquer força de vontade por parte dos dirigentes esportivos para que haja uma renovação, Mato Grosso do Sul tende a continuar sendo um buraco branco no colorido mapa do futebol brasileiro.

 

*Aluízio Borges é advogado, ex-deputado estadual de Mato Grosso do Sul e torcedor do Operário.

Aluízio Borges é advogado, empresário e ex-deputado estadual de Mato Grosso do Sul

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