CRÔNICA: A dona de casa, São Pedro e a chuva

“São Pedro poderia colocar sabão nas nuvens antes da chuva cair”, reclama a dona de casa, já se sentindo uma sapinha no meio de tanta água que não para de cair do céu.

“Pelo menos assim, a calçada ficaria limpa sempre que chovesse”, completou a mulher assistindo a enxurrada se formar na rua e vendo os pingos caíram da ponta do telhado da varanda.

“Vai ver, São Pedro não tem roupas para lavar e secar”, continua a senhora em seu lamento. “Quem sabe, São Pedro não precise sair para ir ao mercado, compra pão na padaria ou alface na horta da esquina”, persistia a reclamadora.

Da janela da sala a dona de casa viu quando as nuvens sumiram e o azul infinito do céu apareceu acompanhado do brilho radiante do Sol. O mormaço absurdo de uma pós-chuva incomodou e, claro, ela reclamou: “Bem que podia mudar o tempo para acabar logo com esse calor!”.

*André Farinha é jornalista, escritor e poeta