Combate a incêndio no Pantanal tem uma das maiores estruturas já montadas em MS
Com uma das maiores estruturas para combate aéreo e terrestre aos focos de calor já montada em Mato Grosso do Sul, a Operação Pantanal II passa a atuar nesta segunda-feira (27) com cinco aeronaves e 70 homens em linha de frente no Pantanal de Corumbá, município que detém mais de 60% do bioma. Os maiores focos estão próximos à cidade, mas o fogo se propaga também em outras regiões, dentre as quais o entorno do Forte Coimbra.
O Comando Integrado da Operação Pantanal II foi instalado no 6º Distrito Naval da Marinha, em Ladário, unificando as ações do Governo do Estado, por meio da Semagro (secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Regional, Produção e Agricultura Familiar) e Corpo de Bombeiros, e Ibama, Marinha, Exército e Aeronáutica. Integram a coordenação do planejamento das ações os tenentes-coronéis bombeiros Huesley Paulo da Silva e Luciano Alencar.
A força-tarefa é resultado do pedido de apoio operacional do governador Reinaldo Azambuja aos ministérios da Defesa e de Meio Ambiente, com resposta imediata do governo federal na cedência de aeronaves para reforçar e intensificar o combate aos incêndios florestais. No dia 24/7, o governador decretou situação de emergência ambiental no Pantanal, por 180 dias, e suspendeu os efeitos das autorizações ambientais de queima controlada, pelo mesmo período.
Apoio aéreo é fundamental
Sobrevoos realizados na tarde de domingo na área crítica de Corumbá definiram as ações de combate nesta segunda-feira, incorporando à operação o avião C130 (Hércules), da Força Aérea Brasileira, que está baseado em Campo Grande. Equipado com MAFFS (Modular Airbone Fire Fighting System), o Hércules lança 12 mil litros de água e decolará da Base Aérea de Campo Grande com as coordenadas já definidas por GPS para o combate direto aos focos.
A estratégia para eliminar os incêndios é uma ação integrada e simultânea entre os bombeiros e brigadistas do Prev-Fogo/Ibama, por terra, e os lançamentos de água pelas aeronaves – além do Hércules, esperando operando os helicópteros Gavião e Pegasus, da Marinha, e o H-60, da Aeronáutica. Também integra a estrutura logística o helicóptero HNI – Pantera -, do Exército, que auxiliará no transporte dos bombeiros e brigadistas às áreas de difícil acesso.
“Os focos de calor mais próximos a Corumbá estão praticamente extintos, vamos priorizar aqueles que se propagam no sentido Norte e fazer reconhecimento de focos mais ao Sul”, informou o tenente-coronel Huesley. Ele destacou a integração dos órgãos federais e estaduais na Operação Pantanal II, realçando que o apoio aéreo é imprescindível para reconhecimento e levantamento das áreas com fogo e o rápido deslocamento da tropa para o efetivo combate.
Mais de 8 mil focos em julho
A Operação Pantanal II priorizará, nesta segunda-feira, o enfrentamento aos incêndios que se expandem nas regiões do Castelo e Laranjeiras, está próxima à Escola Jatobazinho, onde o fogo controlado há uma semana ressurgiu no entorno. Está previsto, ainda, voo de reconhecimento com as aeronaves UH-12 e UH-15 na região Sul, nas proximidades de Forte Coimbra, e na Serra do Amolar (Norte), para posterior planejamento das ações de combate.
Com uma área territorial de 65 mil quilômetros quadrados – 11º maior município do Brasil -, Corumbá lidera o ranking dos focos de calor em Mato Grosso do Sul. Somente em julho, em um cenário atípico, o Estado concentrou 8.967 focos, dos quais 7.120 (79,4%) somente na Capital do Pantanal. No domingo (26), os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registraram 138 focos em seis municípios, dos quais 88,4% (122) em Corumbá, onde a fumaça do fogo sufoca a cidade há vários dias.
Além de sediar o Comando Integrado da operação, a Marinha abriga em seus alojamentos os bombeiros que vieram das unidades de Aquidauana, Jardim, Maracaju, Campo Grande e Ponta Porã. O comandante da centenária base naval, instalada em 1874, contra-almirante Sérgio Gago Guida, colocou o centro operacional da unidade à disposição, inclusive navios e tropa para abrir caminhos nas áreas inundadas para acesso dos bombeiros e brigadistas.