Policial

Delegado preso na Omertá tinha arsenal e não soube explicar origem

O delegado Márcio Shiro Obara, preso desde a última quinta-feira (18), em Campo Grande, suspeito de integrar grupo que teria feito ao menos três execuções em Mato Grosso do Sul, foi flagrado com um acervo de armas, além de munições e um fuzil. O fato, segundo a polícia, foi descoberto quando os policiais cumpriam mandados de busca nas delegacias e também na casa dele e outro investigador.

“O Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado] estava cumprido mandados da Omertá e nos convidou para acompanhar o trabalho, já que teriam policiais civis envolvidos. Foi aí que houve a descoberta do acervo e a apreensão do fuzil. Questionado, ele [delegado] permaneceu em silêncio e agora estamos apurando a origem destas armas”, afirmou ao G1 Márcio Custódio, titular da corregedoria-geral da Polícia Civil.

Conforme Custódio, o inquérito está sob a presidência do delegado Elton Galindo e possui 10 dias para ser concluído. “Além de ficar em silêncio, ele também não apresentou a documentação das armas e por isso houve o flagrante, tendo a prisão sido convertida para preventiva por porte ilegal de armas. A questão da Omertá fica com o Gaeco”, explicou.

Segundo o delegado, a corregedoria verifica agora qual a extensão deste acervo e se havia o compartilhamento. “Estamos apurando possíveis infrações administrativas. O fuzil foi apreendido e é o carro chefe deste flagrante. Precisamos apontar se é um crime funcional, praticado no exercício ou em razão da função e, além disso, entender se era usadas na caça, herança e, se porventura, são ilegais, algo bem diferente se fosse um armamento da instituição, por exemplo”, comentou Custódio.

Se a origem for comprovada, ainda de acordo com o delegado-corregedor é possível que Obara tenha tanto a liberdade restabelecida como a devolução dos objetos. Caso contrário, o acervo deve ficar vinculado ao processo.

Defesa fala em herança

A defesa do delegado, recentemente, disse que o dinheiro atribuído como recebimento de propina é na verdade herança da mãe. Segundo o advogado Ronaldo Franco, já foi pedida a movimentação bancária relacionada aos R$ 100 mil e nesta semana ocorreria o pedido o Habeas Corpus para o policial.

O Gaeco aponta que o delegado teria recebido R$ 100 mil para ‘não andar com investigações’ relacionadas a morte de Ilson de Figueiredo, de 62 anos, ocorrida em 11 de junho de 2019, em Campo Grande.

Afastamento

Publicação do Diário Oficial, desta quarta-feira (23), afasta compulsoriamente de suas funções o delegado de polícia Márcio Shiro Obara, além de pedir o recolhimento das armas, carteira funcional, posse de senhas, suspensão de férias e avaliação para fins de promoção, além de demais pertences do patrimônio público em posse dele.

*Por G1 MS

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