DestaquesPolicial

3º fase da Operação Omertá prende novos membros da Família Name

Em ação na manhã desta quinta-feira (18), policiais do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) e do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) deflagaram a terceira fase da Operação Omertà, que investiga uma série de crimes atribuídos à Família Name, uma das mais poderosas de Mato Grosso do Sul, envolvida na política e na administração do jogo do bicho e do Pantanal Cap.

Ao todo, a Justiça expediu 18 mandados de prisão preventiva e dois de temporária. Entre os alvos estão o delegado Márcio Shiro Obara; a secretária pessoal da família e sobrinha do empresário Jamil Name, Cinthya Name Bell; o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e ex-deputado estadual Jerson Domingos; o empresário Fahd Jamil e seu filho Flávio Jamil; o policial federal Everaldo Assis; o 3º sargento da PMMS e motorista do deputado estadual Jamílson Name, Rogério Luiz Phelippe; Benevides Cândido Pereira e Lucimar Calixto Ribeiro, conhecido como Mazinho, que são funcionários do Pantanal Cap; Frederico Maldonado de Arruda; Lucas Silva Costa; Marco Monteoliva; e Melaciades Aldana.

Márcio Obara

Muito dos alvos de hoje já eram investigados nas fases anteriores da operação. Entre esses destaque para o delegado Márcio Obara é considerado um membro da elite da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, inclusive, foi titular da Delegacia de Homicídios e até mesmo do Garras.

O delegado estava na equipe que prendeu os guardas municipais acusados de matar o delegado Paulo Magalhães no dia 25 de junho de 2013. O responsável pelo crime jamais foi descoberto.

Contra ele, há indícios de que tenha recebido R$ 100 mil em propina para interferir nas investigações do assassinato de Ilson Figueiredo, policial da reserva e chefe da segurança da Assembleia Legislativa, morto em junho de 2018.

A investigação do caso acredita que Figueiredo foi executado como vingança pela morte de Daniel Alvarez Georges, de 43 anos, que é filho de Fahd Jamil.

Cinthya Name

Outra detida nesta operação é a secretária pessoal da família Name, Cinthya Name Bell, sobrinha de Jamil Name, apontado como o grande chefe de todo o esquema familiar.

Conforme as informações, o nome dela constava em um papel apócrifo encontrado no Presídio Federal de Mossoró (RN), onde está preso Jamil Name, no qual indicava que ela, ao lado de Jerson Domingos, seria a encarregada de executar o plano para matar o delegado Fábio Peró, do Garras, o promotor Tiago Di Giulio Freire, do Gaeco, um defensor público e seus familiares.

Jerson Domingos

O terceiro grande detido hoje foi o ex-deputado e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Jerson Domingos.

Ele foi capturado por volta das 10h numa de suas fazendas, localizada na modesta cidade de Rio Negro, a 144 km de Campo Grande.

Ele também já tinha sido alvo das operações anteriores quando foi detido por portar duas armas de forma ilegal. A polícia esteve no seu apartamento no Edifício Renoir, mas não o encontrou.

O ex-político chegou a sede do Garras dirigindo a própria caminhonete.

Fahd Jamil e filho

Outro grande alvo desta terceira fase é o empresário Fahd Jamil, que reside em Ponta Porã. Ele é compadre de Jamil Name e padrinho de Jamil Name Filho, que também está preso por auxiliar o pai nas execuções da milicia armada. Ainda não há a confirmação de sua prisão.

Segundo a investigação, no ano passado o afilhado teria ficado vários dias na casa do padrinho já no intuito de despistar a policia, que investigava o grupo.

Fahd Jamil, de 79 anos, é um dos grandes nomes da faixa fronteiriça sul-mato-grossense. Chegou a ser condenado por tráfico de drogas pegando uma pena de mais de 20 anos interposta pelo então juiz federal Odilon de Oliveira, mas o empresário recorreu e acabou absolvido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

Um dos filhos de Fahd, Flavio Correia Jamil Georges, o “Flavinho”, também foi preso. Ele foi encontrado na mansão da família, localizada numa fazenda em frente ao Estádio Aral Moreira, em Ponta Porã. O imóvel tem notoriedade turística por ser uma réplica da mansão do cantor de rock Elvis Presley, a “Graceland”, construída em Memphis, no Tennessee (EUA).

Operação Omertá

Entre os mandados desta terceira fase também estão Jamil Name e Jamil Name Filho, mas ambos já estão presos. Os dois seriam os principais líderes de todo o esquema e da milicia armada responsável por uma série de assassinatos em Mato Grosso do Sul ao longo dos últimos anos.

Os motivos que lavaram a terceira fase da Operação Omertá ainda não foram confirmados pelo Gaeco. Na primeira fase, deflagrada em setembro de 2019, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e o Gaeco prenderam empresários, policiais e, na época, guardas municipais, investigados por execuções no estado.

A segunda fase ocorreu em março de 2020, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apreendeu arma no apartamento do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ex-deputado estadual, Jerson Domingos, em Campo Grande.

A ação de hoje aconteceu em meio a uma possível volta de Jamil Name ao sistema prisional sul-mato-grossense. Ele conseguiu um habeas corpus para a transferência, porém, o procurador-geral da República, Augusto Aras, impediu o ato e manteve o réu em Mossoró.

Deixe um comentário