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“O presidente não me quer no cargo”, diz Sérgio Moro ao anunciar demissão

Interferência política, pressão por mudanças sem justa causa dentro da alta cúpula da Polícia Federal e falta de comprometimento por parte do presidente da República Jair Bolsonaro (Sem Partido). Com essas justificativas o ex-juiz Sérgio Moro anunciou nesta sexta-feira (24) que está pedindo a demissão do cargo de ministro de Justiça e Segurança Pública.

Em coletiva de imprensa, Moro afirmou não ter tido o conhecimento da demissão do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, publicada em Diário Oficial nesta sexta-feira. “Eu não assinei esse decreto e em nenhum momento o diretor da PF apresentou um pedido oficial de exoneração”, declarou, dizendo ainda que a demissão ocorreu durante a madrugada e sem o seu consentimento.

O ex-ministro afirmou também que a exoneração se trata de uma interferência política dentro da principal instituição policial do país e que isso vai contra a sua biografia. “Falei para o presidente que seria uma interferência política. Ele disse que seria mesmo”, revelou. O presidente da República vem tentando realizar essa substituição na PF desde o segundo semestre de 2019 e só não a fez antes por intervenção do próprio Moro.

Moro classificou como muito grave a causa usada para a substituição do comando da PF. “O grande problema é por que trocar e permitir que seja feita interferência política no âmbito da PF. O presidente me disse que queria colocar uma pessoa dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência. Realmente, não é papel da PF prestar esse tipo de informação”.

Ele ainda disse que o presidente Jair Bolsonaro não cumpriu com o comprometimento feito entre eles ainda em 2018, após a vitória nas urnas e quando fez o convite para ser ministro de Justiça e Segurança Pública. “Foi me prometido na ocasião carta branca para nomear todos os assessores, inclusive nos órgãos judiciais, como a Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal”.

Sérgio Moro revelou ter sido muito criticado por abandonar uma carreira na magistratura de 22 anos e que estaria se colocando em risco ao aceitar o cargo, mas que fez ao presidente um único pedido para assumir o posto. “Eu disse que, como estava saindo da magistratura, contribuí durante 22 anos, pedi que, se algo me acontecesse, que minha família não ficasse desamparada”.

Por fim, ao anunciar sua demissão, Sérgio Moro afirmou que aproveitará os próximos dias para descansar, já que tem trabalhado direto desde o início da Operação Lava Jato, em 2014. Ele também disse que procurará um novo emprego, já que não enriqueceu na carreira pública.

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