Traficante que sequestrou avião foge após ser mandado para casa pela Justiça
Um dos traficantes mais perigosos do Brasil, Gerson Palermo, de 62 anos, está solto novamente. O criminoso, marcado por ter sido um dos protagonistas do lendário sequestro do Boeing 727/200, da extinta VASP, no ano de 2000, cumpria pena no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande desde 2017, mas no último dia 22 foi agraciado com a progressão para o regime domiciliar e, em casa, rompeu a tornozeleira eletrônica e escafedeu-se.
Apontado como um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), Palermo conseguiu deixar a cadeia graças a uma decisão tomada precocemente pelo desembargador Divoncir Scheirener Maran, durante o plantão do judiciário no feriado de Tiradentes. No dia seguinte, o desembargador Jonas Hass reverteu o benefício concedido pelo colega e determinou o retorno do traficante para o presídio.
Gerson Palermo colocou a tornozeleira eletrônica na quarta-feira (22), por volta das 12 horas, e foi para a casa de sua esposa, em Campo Grande. No mesmo dia, às 17 horas, veio a segunda decisão pedindo o seu retorno ao presídio. Ás 20h14min, o sistema de monitoramento virtual de presos apontou para o rompimento da tornozeleira. Quando a equipe policial foi ao endereço para prendê-lo, o traficante já não estava mais lá.
De acordo com a decisão tomada por Hass, que revogou o benefício concedido por Maran, Gerson Palermo é um detento considerado de ‘alta periculosidade’ e não poderia ter tido a pena convertida em prisão domiciliar. Outro detalhe que chamou a atenção é a falta de laudos médicos que comprovassem que o detento faz parte do grupo de risco para o novo coronavírus.
No dia 1º de abril, a defesa do traficante protocolou um pedido de progressão da pena na 1ª Vara de Execução Penal em Campo Grande sob alegação de que Palermo tem mais de 60 anos, sofre de diabetes e hipertensão, e por isso está no grupo de risco do covid-19. Hass alegou que, diante da pena altíssima e do fato de fazer parte de organização criminosa com tentáculos até fora do país, Gerson Palermo não poderia estar ser beneficiado.
Gerson Palermo acumula uma série de condenações que, somadas, totalizam em cerca de 100 anos de reclusão. Ele é piloto de avião, apontado como o chefe do tráfico de drogas na região da fronteira da Bolívia, Paraguai e Brasil e estava preso em março de 2017.
Sua maior façanha como bandido aconteceu nos anos 2000. Ao lado de outras cinco pessoas sequestraram um Boeing 727/200 da Vasp, em 16 de agosto de 2000, no itinerário que fazia Foz do Iguaçu a Curitiba, no Paraná. A ação aconteceu 20 minutos depois da decolagem da aeronave do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu.
Conforme a investigação, Palermo teria obrigado o comandante do voo a pousar na pista de Porecatu (PR) e roubado nove malotes do Banco do Brasil que eram transportados na aeronave. Ao todo, foram roubados R$ 5,5 milhões.