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Ronaldinho Gaúcho vai passar a noite em cadeia do Paraguai

Pouco depois de prestar depoimento no Palácio de Justiça, em Assunção, Ronaldinho Gaúcho foi detido na noite desta sexta-feira por autoridades paraguaias, junto com seu irmão, Roberto de Assis, pelo uso de carteiras de identidade e passaportes adulterados no país. Os dois vão passar a noite em uma cela da Agrupación Especializada da Polícia Nacional, uma instalação anteriormente usada como cadeia comum mas que atualmente recebe apenas alguns presos de maior relevância.

Em 2018, o traficante brasileiro Marcelo Pinheiro da Veiga, o Marcelo Piloto, que já foi o número 2 do Comando Vermelho, ficou detido lá. Também estiveram presos no local o deputado paraguaio Miguel Cuevas e o ex-presidente do Sportivo Luqueño, Ramón González Daher.

A Justiça paraguaia decidirá neste sábado se revoga o pedido de prisão preventiva ou se os dois brasileiros permanecerão detidos no país.

Ronaldinho Gaúcho prestou depoimento no Palácio de Justiça de Assunção nesta sexta-feira — Foto: Jorge Adorno/Reuters
Ronaldinho Gaúcho prestou depoimento no Palácio de Justiça de Assunção nesta sexta-feira — Foto: Jorge Adorno/Reuters

Ronaldinho Gaúcho e Assis prestaram depoimento nesta sexta-feira. A audiência com o juiz Mirko Valinotti, do Juizado Penal de Garantias de Assunção, durou cerca de seis horas. Depois de ouvi-los, o magistrado disse que não aceitou a tese do Ministério Público do Paraguai, que considerava os dois brasileiros livres de qualquer risco de processo por terem colaborado com a investigação. Valinotti decidiu dar dez dias de prazo para o MP investigar o caso e dar seu parecer definitivo.

Apesar da decisão de Valinotti, Ronaldinho e Assis não tinham, naquele momento, impedimento legal para deixar o Paraguai, e planejavam voltar para o Brasil na madrugada deste sábado. No entanto, após o pedido do juiz Valinotti, o MP paraguaio decidiu solicitar a detenção dos dois irmãos, para impedi-los de deixar o país.

Os dois irmãos tiveram os documentos retidos na quinta-feira, um dia depois da chegada ao Paraguai para participar de eventos promocionais. De acordo com o Ministério Público paraguaio, o uso de documentos públicos com conteúdo falso pode levar a uma pena de cinco anos ou multa. No entanto, o MP entendeu que Ronaldinho e Assis deram vários dados relevantes à investigação, quando ele e Assis admitiram o erro pelo uso dos documentos.

O MP considerou que ambos “foram enganados em sua boa fé”. A promotoria decidiu usar o “critério de oportunidade”, recurso no Código Penal paraguaio que deixaria livre de processo Ronaldinho e seu irmão. Ele é usado quando os suspeitos admitem o delito e não têm antecedentes criminais no país. A audiência desta sexta poderia ter resultado em uma pena de reparação social. A sugestão, no entanto, não foi aceita pelo juiz Mirko Valinotti.

A promotoria acusou três pessoas: o empresário Wilmondes Sousa Lira, apontado pela defesa de Ronaldinho como responsável pelos documentos falsos, e as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero.

O MP pediu a prisão preventiva de Wilmondes, que foi detido na quinta-feira, acusado por produção de documentos não autênticos, uso de documentos públicos de conteúdo falso e falsidade ideológica. Nesta sexta, Wilmondes deixou sua cela no Palácio de Justiça e foi chamado várias vezes para a sala de audiência onde o juiz Mirko Valinotti ouvia Ronaldinho e Assis. Após o depoimento, o empresário foi transferido para um presídio próximo ao Palácio de Justiça, na região central de Assunção.

Os passaportes e cédulas de identidade paraguaios do ex-jogador e de Assis foram expedidos ao nome de María e Esperanza e depois adulterados para possuírem os dados de Ronaldinho e o irmão. Ambas foram detidas e compareceram à sede da Promotoria contra o Crime Organizado na noite desta quinta, mas permaneceram em silêncio. Elas foram acusadas de uso de documentos públicos com conteúdo falso, e ficaram detidas no Palácio de Justiça. Nesta sexta, María e Esperanza foram colocadas em prisão domiciliar.

María Isabel Gayoso Esperanza e Apolonia Caballero chegam à Promotoria para depoimento no caso Ronaldinho — Foto: Divulgação/Ministério Público do Paraguai
María Isabel Gayoso Esperanza e Apolonia Caballero chegam à Promotoria para depoimento no caso Ronaldinho — Foto: Divulgação/Ministério Público do Paraguai

Outras pessoas e funcionários públicos também estão na mira da investigação da promotoria paraguaia. O caso provocou várias trocas de acusações entre autoridades do país e a renúncia do diretor de Migração do Paraguai, Alexis Penayo. Nesta sexta, o Ministério do Interior anunciou María de Los Ángeles Arriola Ramírez, funcionária do ministério, como nova diretora geral de Migração do país.

Entenda o caso

Ronaldinho e Assis chegaram na manhã de quarta-feira em Assunção para participarem de evento da ONG Fundação Fraternidade Angelical. Ambos também foram ao país a convite do empresário Nelson Belotti, dono de um cassino que tem o ex-jogador como embaixador. Os passaportes no desembarque chamaram a atenção das autoridades.

Os dois passaram a ser suspeitos por uso de documentos falsos, mas apenas horas depois, à noite, membros do Ministério do Interior e do MP locais fizeram uma operação de busca.

Segundo o MP, passaportes, carteiras de identidade e telefones de R10 e Assis foram apreendidos no Yacht y Golf Club. Segundo o ministro do Interior Euclides Acevedo, os dois ficariam sob custódia no hotel até a manhã desta quinta, quando foram prestar depoimento.

Ronaldinho Assis passaportes Paraguai — Foto: Divulgação/Ministério Público do Paraguai
Ronaldinho Assis passaportes Paraguai — Foto: Divulgação/Ministério Público do Paraguai

Ronaldinho Assis identidade Paraguai — Foto: Reprodução/Twitter
Ronaldinho Assis identidade Paraguai — Foto: Reprodução/Twitter

 

*Por Globoesporte

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