Interligadas pelo peito, gêmeas siamesas têm dois corações e quatro pulmões
Os médicos da Santa Casa de Campo Grande anunciaram, nesta quarta-feira (8), que identificaram, por meio de exames, dois corações e quatro pulmões nas gêmeas xifópagas (popularmente conhecido como “siamesas”) que nasceram na última sexta-feira (3).
Maria Júlia e Luna Vitória nasceram interligadas pelo tórax e parte superior do abdômen, pesando juntas 3,890 quilos. Em entrevista à TV Morena, o neonatologista Walter Peres explicou que as gêmeas continuam estáveis clinicamente, num quadro bastante raro.
O obstetra William Leite também conversou com a reportagem e explicou a dificuldade do caso. “Os órgãos delas estão compartilhados desde o 12° dia de vida embrionária, o que deixa tudo ainda mais desafiador. As conexões que são feitas normalmente dentro do organismo dos seres humanos não xifópagos não é feita de forma adequada naqueles bebês que compartilham órgãos”.
Por esse motivo, o obstetra explica que é necessário investigar ainda mais. “A anatomia é diferente da qual estamos habituados, então é necessário ser ainda mais minucioso nos exames para entender como cada órgão está sendo compartilhado no corpo delas”, comenta.
Segundo Leite, ele já tinha indicado para a família das gêmeas uma viagem até São Paulo, para o parto ser realizado no Hospital das Clínicas, referência em casos de gêmeos xifópagos no Brasil. Porém, elas nasceram prematuramente, com 35 semanas, e a ideia inicial não se cumpriu.
De acordo com os médicos, a preocupação no momento é estabilizá-las. “Precisamos mantê-las estáveis clinicamente. É muito importante que agora elas ganhem peso, continuem estáveis e tenham força pra conseguir superar esse momento, para, quem sabe depois desta fase, conseguirem passar pela cirurgia”, comentou o obstetra.
“A cirurgia, se for possível, terá que ser muito bem planejada. Mas já adiantamos que nem sempre é possível”, finaliza Peres. Casos de gêmeos siameses ocorrem em apenas 1 para cada 100 mil nascidos vivos. Em geral, no mundo, somente 18% dos gêmeos nessa condição sobrevivem.
*Por G1 MS