Polêmico, filme do ‘Porta dos Fundos’ tem Jesus Cristo gay e gera revolta da OAB/MS
A Seccional de Mato Grosso do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MS) emitiu uma nota de repúdio contra o programa especial de Natal produzido pelo humorístico Porta dos Fundos, transmitido pela Netflix. Nesta semana, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) também fez o mesmo.
Por meio da Comissão de Assistência e Liberdade Religiosa, a Seccional cita que “é inaceitável o desserviço prestado pelo filme brasileiro Especial de Natal – Porta dos Fundos – ‘Primeira tentação de Cristo’, onde se vê profundo desrespeito às religiões cristãs, católica e protestante”. (Confira a nota na íntegra no final do texto).
Na quinta-feira (12), deputados estaduais debateram o assunto no plenário da Assembleia Legislativa. Na oportunidade, o deputado Herculano Borges redigiu a moção de repúdio à Netflix em relação ao especial de Natal do Porta dos Fundos, intitulado ‘A Primeira Tentação de Cristo’. “Apresentamos a moção de repúdio na Casa de Leis, pois é inadmissível que continuem fazendo comédia e vilipendiando a fé das pessoas”, ressaltou o parlamentar.
Nas redes sociais, a produção do humorístico dividiu opiniões. Humoristas defenderam o filme e a liberdade criativa da peça. Por outro lado, religiosos demonstraram indignação e até mesmo um abaixo-assinado foi criado na web e já conta com mais de 40 mil assinaturas pedindo o fim da exibição. Clique aqui para acessar a petição.
O filme
O filme, cujo roteiro foi escrito por Fábio Porchat, traz um Jesus Cristo gay, interpretado pelo ator Gregório Duvivier. O especial cita o Evangelho de Lucas 4,1-13, que narra o início do ministério de Jesus movido pelo Espírito Santo, quando ele se recolhe em jejum de 40 dias no deserto e é tentado por Satanás.
Jesus decide passar esse tempo fora para “se encontrar”, como um mochileiro que viaja para o exterior com com intuito de “ter experiências”. Lá, Jesus conhece e inicia um relacionamento com Orlando, interpretado por Fábio Porchat, um jovem com aparência semelhante à de Roberto Leal que se revela a representação do mal.
Aqui, Jesus aparece como um jovem nada sacro: é inseguro, se masturba escondido, deseja o primo João Batista e possui notórios anseios hippie.além de ter dúvidas sobre sua vocação para atender ao chamado de Deus.
Durante quase todo o tempo o especial se passa na casa de José, interpretado por Rafael Portugal, e Maria, interpretada por Evelyn Castro, mostrada como um lar de uma família normal durante o Natal. Eles recebem Jesus após o exílio e, ao lado de Deus (Antonio Tabet), decidem contar que, na verdade, ele não é filho de José, mas do Todo Poderoso.
Para a surpresa do filho, os três formam um curioso triângulo amoroso. Deus, aliás, é inteiramente despido de santidade: com humor estilo “tio do pavê”, ele é intempestivo, com rompantes de autoritarismo, e quer transar com Maria.
Fica no ar, inclusive, a dúvida de que eles fizeram amor carnal para conceber Jesus. Onipresente, onisciente e onipotente, o personagem ainda manipula Jesus mentindo sobre seu trágico destino. Em uma das piadas, chamado de Deus é comparado a um esquema de pirâmide.
Melchior (José Vicente de Castro), Balthazar (Robson Nunes) e Gaspar (Estevam Nabote) são Três Reis Magos trapalhões e festeiros, que retornam para o aniversário de 30 anos de Jesus, munidos apenas de simplórias flores como presente. Eles se perdem no meio do caminho e estão sempre discutindo, por motivos banalmente diversos. Melchior ainda contrata uma desavisada prostituta, Telma (Thati Lopes), apresentada à família de Jesus como “amiga”.
José, que trabalha construindo móveis planejados, surge como uma figura tímida e cômica, que poucos respeitam por saberem que é alvo de traição. Jesus não o respeita e Maria não está muito aí para ele. O carpinteiro deixa clara sua rivalidade e inimizade com Deus, que tenta diversas vezes sua mulher, mais atraída pelo “amante celestial”.
Maria, por sinal, está longe do arquétipo de virgem abnegada. Ela é empoderada e quer ter prazer com Deus —mas sem que ninguém os veja. Também enfrenta Orlando, o namorado do filho, quando ele a impede de entrar no quarto de Jesus, depois que ele toma um chá de glaucoma e tem alucinações com “escolhidos” de outras religiões, que o convencem—de alguma forma— a aceitar o chamado divino.
Nota da OAB/MS
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB/MS), por meio da Comissão de Assistência e Liberdade Religiosa, vem a público manifestar sentimento de repúdio ao programa exibido pela Netflix, Especial de Natal Porta dos Fundos.
Em tempos de conscientização sobre a importância do respeito às diferentes formas de expressão das religiões, é inaceitável o desserviço prestado pelo filme brasileiro Especial de Natal – Porta dos Fundos – ‘Primeira tentação de Cristo’, onde se vê profundo desrespeito às religiões cristãs, católica e protestante.
Nossa Constituição Federal em seu artigo 5, inciso VI, deixa claro a proteção e respeito ao Sagrado, de cada religião, protegendo seus locais de culto, bem como suas liturgias. Para os cristãos, católicos ou protestantes, Jesus, Maria, o Espírito Santo, Deus, e as histórias e ensinamentos contidos na Bíblia Sagrada, são suas representações máximas de fé e vida, portanto o que foi veiculado pelo referido filme, profana a religião cristã de forma vergonhosa.
Já existem abaixo-assinados online com mais de 1.150.000 assinaturas pelo impedimento da exibição do filme por ofender gravemente aos cristãos. Podemos ver também o protesto de internautas em várias redes sociais e mídias sobre o desrespeito contido no enredo e cenas do referido programa.
É uma das atribuições desta comissão, promover cultura de paz e tolerância religiosa na sociedade, difundindo esses conceitos. Sendo assim, expressamos nosso repúdio ao Filme Especial de Natal Netflix, Porta dos Fundos por ofender e desrespeitar a fé cristã.