Policial da reserva morre após duas cirurgias na coluna e filha acusa hospital de erro médico
A filha de um policial militar da reserva, de 22 anos, fez um boletim de ocorrência no domingo (04) denunciando um possível caso de erro médico praticado em um hospital particular de Campo Grande e que resultou na morte dele.
Na sua versão dos fatos, o pai, de 60 anos, foi diagnosticado em 2024 com “bico de papagaio”, quando ocorre uma alteração em que há formação de uma estrutura óssea entre vértebras. Por conta disso, passou a fazer acompanhamento ortopédico.
No curso do tratamento, o médico ortopedista indicou para o aposentado uma cirurgia lombar, realizada em março deste ano. Mas, ainda segundo a filha, duas semanas depois, o paciente começou a sentir dores severas na coluna.
Após passar por exames clínicos, constatou-se que os pinos e placas da cirurgia haviam se deslocado. Por conta disso, houve uma nova intervenção, realizada no dia 28 de abril por meio de uma incisão abdominal frontal.
O médico responsável explicou para a família do paciente que não era possível operar no mesmo local da primeira cirurgia, mas citou que tal procedimento apresentava mais riscos. A segunda operação foi realizada.
Entretanto, o cirurgião vascular que estava acompanhando a cirurgia contou que houve o rompimento da artéria aorta, mas não especificou em que ponto ocorreu, nem o que teria causado a lesão e, por essa razão, a família acredita que houve o erro médico.
O paciente, no pós-operatório, apresentou um quadro clínico grave e não resistiu, falecendo no domingo. Ele tinha como comorbidades a hipertensão. O corpo foi encaminhado ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para exames.
A filha sustentou ainda que desde a segunda cirurgia e o agravamento do estado de saúde do seu pai, o médico responsável não entrou mais em contato para dar esclarecimentos e justificar o que aconteceu durante o tratamento.
Entenda o popular ‘bico de papagaio’

Bico de papagaio é o nome popular de um problema conhecido como osteofitose. Essa nomenclatura é dada por conta da aparência da lesão nos exames de raios-x, que nos lembra o bico da ave em questão por conta da curvatura.
Os bicos de papagaio são lesões que se apresentam na coluna vertebral, gerando os chamados “osteófitos”. Esses, por sua vez, são como um prolongamento dos ossos, que aparecem por conta da progressão do problema. Isso ocorre graças à deposição de cálcio, mineral que compõe os ossos, na região.
É mais comum que apenas um dos discos (divisões) da coluna apresentem o bico de papagaio, mas há pacientes que têm mais de uma estrutura com esse problema. Além disso, eles podem estar presentes em qualquer divisão da coluna, assim como em ossos que nem fazem parte dessa região do corpo.
A primeira razão para o seu desenvolvimento é o envelhecimento das estruturas ósseas da coluna, que normalmente começa a acontecer por volta dos 45 anos. No entanto, alguns fatores de risco extra são o sobrepeso, a obesidade e o sedentarismo.
Pessoas com doenças degenerativas ou crônicas também têm uma chance aumentada de desenvolver bico de papagaio. Dentre as principais, podemos citar a artrite reumatoide, a espondilite anquilosante, a esclerodermia e o lúpus. Alterações como artrose e hérnia de disco, além da má postura da coluna, também podem contribuir para esse quadro.
Casos mais graves de bico de papagaio podem exigir a realização de uma cirurgia para remover as “pontinhas” formadas nos ossos. No entanto, ela só é feita em último caso, quando o paciente tem uma grande perda da qualidade de vida e sente dor ou dificuldade de se movimentar.