CDL/CG diz que ônibus do Consórcio Guaicurus são “verdadeiras carroças” e cobra melhorias
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL/CG) emitiu uma nota de repúdio contra o aumento do valor da tarifa do transporte público ocorrido no final desta semana pela Prefeitura Municipal e o Consórcio Guaicurus.
A entidade representativa destacou que o aumento impacta diretamente trabalhadores e empregadores da Capital, “forçados a destinar uma parte considerável de seus rendimentos para o transporte público, comprometendo ainda mais o sustento de suas famílias”.
Nas contas da CDL/CG, com o novo valor do passe, de R$ 4,95, o gasto mensal com transporte pode consumir até 12% da renda mensal do trabalhador, levando em consideração as viagens de ida e volta.
Ainda na nota, a Câmara fez uma dura crítica a qualidade do serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus, reforçando que tem ônibus frequentemente quebrados, superlotados, com goteiras e sujeira. “Parecendo verdadeiras carroças”, frisa.
“O reajuste na tarifa, sem que haja melhorias concretas no serviço, representa um golpe adicional à classe trabalhadora e à população em geral. É inaceitável que se aumente o valor da passagem sem a devida contrapartida em qualidade e eficiência”.
Reajuste determinado pela Justiça
Publicada em edição extra do Diário Oficial do Município (Diogrande) na noite de quinta-feira (23), o novo valor da tarifa do transporte público de Campo Grande começou a ser aplicado nas catracas dos ônibus neste sábado (25), após a atualização do sistema eletrônico e de outros fatores necessários.
A decisão pelo aumento aconteceu em reunião liderada pela Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) na Prefeitura Municipal. Com base em critérios contratuais, a tarifa técnica foi para R$ 6,17 (o Consórcio Guaicurus pedia R$ 7,79 alegando uma série de custos). Com o subsídio de R$ 1,22 por passagem, o valor final caiu para R$ 4,95, resultando em um aumento de 4,21% ante aos R$ 4,75.
O aumento deveria ter sido aplicado em outubro de 2024, conforme prevê o contrato entre o Consórcio Guaicurus e a Prefeitura. Como não houve o reajuste, o coletivo de empresas de viação que administra o serviço de transporte público ingressou com uma ação na Justiça exigindo a atualização. Com o aval, o Município foi intimado a conceder o novo valor até o início de fevereiro sob a multa diária de R$ 50 mil.
A Portaria publicada na edição extra do Diogrande de quinta-feira considera, na justificativa, as decisões proferidas nos autos da Ação Judicial n. 0861076- 76.2023.8.12.0001, em trâmite perante a 4ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos da Comarca de Campo Grande, que determinaram o reajuste da tarifa do Sistema Municipal de Transporte Coletivo.
Nas chamadas datas especiais (Dia do Trabalho, Dia das Mães, Dia dos Pais, Aniversário de Campo Grande, Finados, Natal e Ano Novo), o valor pago pelos usuários terá um desconto de 40%, ou seja, custará somente R$ 2,00, sendo a promoção exclusiva para pagamento com cartão eletrônico recarregável (Smart Card). O troco máximo para o pagamento em dinheiro é de R$ 20,00.
Veja a nota de repúdio da CDL/CG
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campo Grande vem a público manifestar seu repúdio ao aumento de 20 centavos na tarifa de ônibus, elevando o valor de R$ 4,75 para R$ 4,95. Este reajuste de 4,21% está muito acima da inflação acumulada do ano anterior, que foi de 5,06%.
Esta medida impacta diretamente trabalhadores e empregadores da nossa Capital, que são forçados a destinar uma parte considerável de seus rendimentos para o transporte público, comprometendo ainda mais o sustento de suas famílias.
Atualmente, a média salarial em Campo Grande é de R$ 2.000, o que significa que o gasto mensal com transporte pode consumir até 12% dessa renda, considerando duas viagens diárias.
Os usuários já enfrentam condições deploráveis no transporte público da cidade. Em uma pesquisa recente realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), 65% dos entrevistados classificaram o serviço como ruim ou péssimo.
Destacamos que o serviço de transporte coletivo está longe de oferecer a qualidade que a população merece, com ônibus frequentemente quebrados, superlotados, com goteiras e sujeira, parecendo verdadeiras carroças.
O reajuste na tarifa, sem que haja melhorias concretas no serviço, representa um golpe adicional à classe trabalhadora e à população em geral. É inaceitável que se aumente o valor da passagem sem a devida contrapartida em qualidade e eficiência.
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande clama ao Legislativo Municipal uma forte fiscalização sobre o contrato e pede para que a Prefeitura de Campo Grande busque alternativas imediatas e eficazes para melhorar a prestação desse serviço, pensando no bem-estar da comunidade.
A CDL Campo Grande reforça a necessidade urgente de melhorias no transporte público da cidade. É imprescindível investir em ônibus novos, na manutenção adequada dos veículos e em condições dignas para os passageiros. Atualmente, a idade média da frota de ônibus é de 8 anos, e 30% dos veículos têm mais de 10 anos de uso.
Somente com essas ações de melhorias será possível garantir um transporte público de qualidade e acessível a todos.
Campo Grande, 24 de janeiro de 2025.
Adelaido Vila, presidente da CDL Campo Grande.