Professores criam aplicativos pedagógicos para incrementar aprendizado dos alunos
Professores da Reme passarão a adotar aulas diferentes e mais dinâmicas para os estudantes das escolas municipais, a partir da criação de aplicativos para smartphones. A iniciativa acontece a partir do curso “App Inventor: Desenvolvimento do Aplicativo para Android do Zero”, uma iniciativa do projeto “Reflexões Pedagógicas: diálogos entre a teoria e a prática” formada pela parceria da SUPED/DITEC e a Faculdade de Computação (Facom) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que contou com a participação dos docentes da Rede Municipal de Ensino.
O objetivo do curso, que já está em sua segunda edição, é oferecer suporte que o professor aprenda a criar seus próprios aplicativos usando o App Inventor, uma ferramenta que utiliza armazenagem em nuvem, o que significa que o cursista poderá criar aplicativos diretamente no seu navegador web e testar no dispositivo Android.
Os professores utilizam celular com sistema operacional Android para desenvolver as atividades do curso e também o MIT App Inventor 2, uma ferramenta gratuita e online desenvolvida pelo Google em parceria com o Massachusetts Institute of Tecnology – MIT. E o conteúdo aprendido já está rendendo frutos em sala de aula, tanto que vários aplicativos já foram criados, abrangendo desde temas relacionados ao meio ambiente até a Língua Portuguesa.
Experiência em sala
O curso é uma oportunidade oferecida pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), em conjunto com a UFMS, para incentivar a inovação das aulas e a valorização da criatividade docente.
Umas das professoras participantes, Poliana Madalena dos Santos, que atua na Escola Municipal Maria Regina de Vasconcelos Galvão, localizada no Bairro Centro Oeste, criou um aplicativo com foco no processo de alfabetização, que se transformou em uma ferramenta importante no processo de aprendizado dos alunos. Ela comentou sobre a experiência com a turma de 30 alunos do segundo ano do Ensino Fundamental da qual é regente.
O aplicativo consiste em um jogo que aborda a separação silábica e, conforme o aluno acerta as palavras, pontua e vai subindo de fase. “Gostei muito do método de aprendizagem do curso. No final apresentei um aplicativo que eu criei e já usei em sala. Foi sobre alfabetização e me ajudou bastante em sala de aula. Apresentei a separação silábica e os alunos jogavam e cada um criava sua pontuação. Os alunos gostaram bastante. O uso de tecnologia em sala de aula auxilia e contribui, já que podemos usar a tecnologia para estar ensinando a eles”, disse.
Aluno da professora Poliana, Guilherme Gabbas Crepodi de Carvalho, 7 anos, aprovou a ideia de aprender com a ferramenta. “Foi legal aprender as palavras e separar as sílabas. Eu acho melhor estudar com o celular. É fácil mexer e eu queria que a professora fizesse mais aulas assim”, ressaltou.
Também aluna da professora Poliana, Iasmin Leticia Moreira Batista, de 7 anos, falou sobre o uso do aplicativo e o que seus pais acharam sobre a utilização da tecnologia em sala de aula. Para a aluna, o aplicativo poderia englobar outros itens de aprendizado em sala de aula.
“Gostei do joguinho de celular porque ele é de separar as sílabas e eu gosto de separar sílabas. Achei legal aprender pelo celular. Meus pais gostaram e eu usei em casa o aplicativo”, pontuo Iasmin.
A diretora da escola, Edna Maria de Britto, que acompanhou toda a formação da professora, acredita que a utilização de tecnologias em sala de aula pode complementar a aprendizagem dos alunos.
“Esse curso veio agregar na formação e ela transmitiu isso para os alunos. Esse joguinho tem etapas, vai aumentando o grau de dificuldade e exigindo mais sobre o domínio de separação de silabas para essa etapa do segundo ano. É perfeito”, afirmou.
Expectativas
Cristiane de Cássia Orfão, que trabalha como apoio pedagógico na Escola Municipal Etalívio Pereira Martins, falou sobre a expectativa de levar aplicativos de ensino para seus alunos. “O curso é muito bom e vem para inovar a prática dentro de sala de aula, criando mecanismos no aplicativo, dentro do celular. Temos que inovar a prática do professor. O uso dos aplicativos contribui para a aprendizagem do aluno porque partimos do meio que o aluno vive. O aplicativo vai trazer uma nova aprendizagem, uma metodologia ativa”, disse.
Sobre o curso, a professora Cristiane explicou que o material é de fácil acesso e já tem ideia do que irá criar para sua escola. “Os professores estão usando uma linguagem fácil. O curso é bem didático, a metodologia é muito boa, então eu acredito que vou conseguir atingir com êxito e aprender como utilizar a ferramenta. Quero fazer um recreio diferente, quero usar o celular nesse momento, criando o ‘Recreio do Conhecimento”, frisou.
O professor de Matemática e técnico da Divisão de Tecnologia Educacional (Ditec), da Superintendência de Políticas Educacionais (Suped), da Semed, Heitor Batistela Zunta falou como está sendo a participação dos professores da Reme.
“Está sendo muito gratificante. Umas das importâncias da Base Nacional Curricular nas Escolas é a parte tecnológica, que estamos vivendo já nessa formação. Os professores estão tendo autonomia para fazer os aplicativos e estão levando conhecimento para replicarem em sala”, disse.
Graziela Santos Araújo, professora da faculdade de computação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, falou da parceria entre as duas instituições.
“A universidade proporciona diversos recursos que podem ser utilizados pelos professores de maneira geral para enriquecer as aulas, chamar a atenção dos alunos. A gente vê uma possibilidade de também integrar os nossos alunos com o mundo externo da universidade”, mencionou.
Habilidades
A formação dos professores está em consonância com as competências presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Entre as habilidades é possível destacar a possibilidade do professor mediar atividades que visam o maior desempenho do aluno para autonomia, raciocínio lógico, resolução de problemas, criatividade e trabalho em equipe.
Para participar do curso não foi exigido conhecimento prévio do professor ou que o mesmo seja um programador, sendo exigido apenas o conhecimento básico em informática e disposição para aprender.